Salvando Vidas

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Em um dia de vacinação em Ribeirão Preto, movimentação comprova adesão da população a imunizantes e reitera a esperança por segurança contra a Covid-19 para retomada da rotina

TEXTO: PAULA ZULIANI


Na segunda-feira, dia 28 de junho, pela manhã, o fluxo de pessoas em frente  à UBDS “Dr. Ítalo Baruffi”, no Jardim  Castelo Branco, era intenso. Apesar da movimentação, o atendimento acontecia de forma  muito rápida. Todos que chegavam tinham de  apresentar, ainda na porta, os documentos e o protocolo de agendamento. Depois da checagem inicial, recebiam uma senha, passavam  por uma triagem e logo eram encaminhados à  sala de vacinação. Em questão de minutos, saíam com o tão desejado comprovante de que foram imunizados contra a Covid-19. A cena se repetiu por várias vezes, enquanto a equipe de  reportagem permaneceu no local.

Dados contabilizados pela Secretaria Municipal da Saúde mostram que o aproveitamento das vagas ofertadas no sistema de agendamento para a vacinação contra a Covid-19  
em Ribeirão Preto é de 89,5%. Já a eficiência  do agendamento é de 93,6%. No entanto, somente o agendamento não possibilita avaliar  a adesão da população à vacinação, pois muitos dos pacientes que não comparecem nas  datas determinadas para a vacinação de seu  grupo, por motivos diversos, podem comparecer posteriormente, em demanda espontânea.  “Quando o cidadão, por algum motivo, perde  o agendamento, deve comparecer à unidade  de saúde mais próxima de sua residência, pois,  a depender da disponibilidade da vacina para  o grupo ao qual pertence, poderá ser vacinado  ou ter seus dados anotados para convocação  posterior”, orienta o secretário municipal de  Saúde, Sandro Scarpelini. 

Foi o que fez Susana Nogueira Martins Bittencourt. Aos 59 anos, ela não se imunizou junto com seu grupo etário porque tinha tomado a  vacina contra a Influenza. Assim que completou  o tempo recomendado entre as doses, foi até a  Unidade de Saúde do Castelo Branco para buscar informações sobre como proceder. “Tentei  ligar nos números indicados na divulgação da  campanha, sem sucesso. Então, decidi vir pessoalmente. Logo que cheguei, fui prontamente atendida e encaminhada para a sala de vacinação. Nesse cenário de tensão e medo que  vivemos, foi uma boa surpresa”, comenta Susana, que, agora, já voltou o foco para a segunda  dose. “Quero estar completamente imunizada  para viajar para os Estados Unidos e conhecer  o meu netinho, Tiago, que vai fazer um ano em  setembro. Esse é o meu desejo, mas não quero  forçar nada. Tem de ser algo natural. Sou cristã e  acredito que tudo acontece no momento certo,  de acordo com os planos de Deus”, finaliza.

Os agendamentos são abertos assim que as  vacinas chegam à cidade. “Se a oferta de vacinas  fosse maior, certamente estaríamos mais adianta dos na vacinação, já que Ribeirão Preto tem a estrutura necessária e ‘expertise’ para isso”, enfatiza  o secretário. Para se cadastrar, é preciso acessar o  site: www.ribeiraopreto.sp.gov.br ou ligar para: (16)  3977.9441 e 3977.9442. Nesta semana, o cronograma contemplou pessoas com 43 a 49 anos com  a primeira dose. Para essa faixa etária, a Secretaria disponibilizou 12 mil vagas. Foram liberadas, também, 1 mil vagas para gestantes e puérperas com  18 anos ou mais, mas o agendamento foi suspenso após tentativas de fraudes no sistema. Lembrando que, no dia e no horário definidos, basta  se dirigir ao local, com os documentos solicitados  e o protocolo de agendamento em mãos, respeitando, sempre, as regras sanitárias em vigor. 

UM GRANDE DESAFIO 
É com essas palavras que a supervisora da  Unidade Castelo Branco, a enfermeira Elisângela Aparecida de Almeida Puga, descreve a rotina de trabalho atual. “Já passamos por diversas  situações críticas, como a epidemia de dengue  na cidade, por exemplo, mas nada comparado  à Covid-19. Parecia algo tão distante. Ninguém  estava preparado para enfrentar esse vírus. Administrar essa situação não tem sido fácil. Muito  mais do que cumprir a nossa função, sabemos  do nosso papel social, como profissionais da  saúde, no convencimento da população a respeito da vacina. São vários servidores dobrando  turnos, ficando até mais tarde e se prontificando a trabalhar, pois estão cientes da responsabilidade que carregamos, do quanto podemos  contribuir para mudar esse cenário de guerra.  Não falta comprometimento. Damos o nosso  melhor, mas, às vezes, encontramos alguns obstáculos pelo caminho. Com uma circulação  viral alta, não podemos escolher a vacina que  vamos tomar. Isso só atrasa o combate à pandemia. Estamos falando de vidas. Felizmente,  as intercorrências são minoria. Essa é uma ação  que, para funcionar, depende do coletivo”, alerta. A supervisora faz questão de enfatizar que  todas as opções que estão disponíveis no sistema foram devidamente testadas e aprovadas.

A “XEPA” DA VACINA 
Muitas pessoas têm dúvidas sobre o que é feito com as doses disponíveis nos frascos abertos  no final dos atendimentos. Para evitar o desperdício e otimizar a campanha, o município adotou o sistema de horário de vacinação estendido  para a UBDS Castelo Branco e a UBDS Campos  Elíseos. Recolhidos diariamente ao final do expediente de todas unidades de saúde, que têm  horários distintos de funcionamento, os frascos  são direcionados para esses dois pontos, para  aplicação nos pacientes agendados nos últimos  horários.

Depois disso, quando ainda há alguma  dose remanescente em frasco aberto da vacina CoronaVac, são convocadas pessoas dos grupos  prioritários, como trabalhadores da saúde, profissionais da saúde recém-admitidos nas unidades  de pronto-atendimento ou idosos faltosos. “É  formado um grupo dessas pessoas que perderam por algum motivo o agendamento, que são  contatados; é marcado um encontro e são vacinados, portanto, nada é perdido”, explica o titular  da Saúde. Os frascos da vacina CoronaVac têm  validade de oito horas após a abertura, enquanto o frasco da vacina Fiocruz/AstraZeneca possui validade de 48h depois de aberto.

ESTATÍSTICAS
De acordo com o Vacinômetro —  que apresenta dados do Programa de  Imunização do Governo de São Paulo,  em tempo real, no portal—  Ribeirão Preto tinha imunizado, até  o dia 28 de junho, 357.076 pessoas,  sendo que 263.354 receberam a  primeira dose e, dessas, 93.722 já  tomaram a segunda.

No ranking de eficiência da campanha, levando em consideração  apenas a primeira dose, Botucatu  aparece no topo: 120.409 pessoas foram  imunizadas, em um universo de 148.130 habitantes, o que representa 81,29%.  Serrana, que fez parte do “Projeto S”,  de imunização em massa, está em 2º  lugar, com 75,46% da população, que é  de 45.664 pessoas, vacinada. Ribeirão  Preto ocupa a posição número 414  entre as 645 cidades do Estado: de um  total de 711.825 habitantes, 37% foram  vacinados.

São 36 salas de vacinação nas UBSs -  Unidades Básicas de Saúde distribuídas  pela cidade. No agendamento, a  pessoa tem acesso à lista de locais  disponíveis.

No Departamento Regional de  Saúde (DRS) XIII, que engloba Ribeirão  Preto, o total de doses aplicadas é de  791.914 (1ª dose: 575.227 e 2ª dose:  216.687). Os imunizantes utilizados  foram AstraZeneca-Oxford, CoronaVac Butantan e Biontech-Pfizer. 


A SITUAÇÃO NO BRASIL 
No site do governo federal, é possível  acompanhar informações sobre o  avanço da vacinação no país. Na tabela,  atualizada no dia 29 de junho, o Brasil  aparece em quarto lugar, com 71,29  milhões de pessoas que receberam  pelo menos a primeira dose. China,  Índia e Estados Unidos estão à frente  — com 622 milhões, 265,55 milhões e  179,62 milhões, respectivamente. “Em  alguns países, a implementação dos  esforços de vacinação foi considerada  de extrema prioridade, para que se  alcançasse um maior número de  
vacinados em menor tempo possível. É  importante que a cobertura ampla seja  rápida, para que possamos reduzir o  número de infectados e também para  reduzir a possibilidade de surgimento  de variantes. Aqui no Brasil, apenas 12%  da população já recebeu as duas doses  da vacina”, esclarece a infectologista Karen Mirna Loro Morejón.
 

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