Sinais de recuperação
Uma das cidades economicamente mais importantes do Estado de São Paulo e desenvolvidas do país, Ribeirão Preto tem no comércio um de seus principais alicerces
Responsável por quase 62 mil empregos formais na cidade, o comércio de Ribeirão Preto responde por 27,33% no ranking do Estado de São Paulo, de acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego, com dados de 2015, apresentados por Gabriel Couto, coordenador do Núcleo de Economia da Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (ACIRP). O segmento é um dos expoentes da cidade, não só em volume, como em diversidade, com variados pontos de concentração de lojas, já que, com a expansão puxada pela construção civil, surgiram bairros e condomínios com demanda de uma estrutura comercial. O setor do comércio segue o panorama geral do município, que evidencia o espírito empreendedor da população e a diversificação econômica da região. Essa fortaleza, porém, não se manteve intacta diante da crise econômica e diversos estabelecimentos fecharam as portas, culminando, consequentemente na redução de postos de trabalho e afetando a economia do município.
De acordo com Luciano Nakabashi, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-RP) e pesquisador do Centro de Pesquisa em Economia Regional da Fundação para Pesquisa e Desenvolvimento da Administração, Contabilidade e Economia (CEPER/FUNDACE), a importância do comércio em Ribeirão Preto é decorrente da sua relevância, também, como centro regional, onde os cidadãos de vários municípios acabam visitando a cidade em busca dos serviços e do comércio oferecidos. “Se compararmos com municípios do mesmo porte, como Sorocaba e São José dos Campos, o comércio é mais forte em Ribeirão Preto porque não está próximo de grande centros, como São Paulo e Campinas, além de Ribeirão Preto contar com vários municípios de médio perto em um raio de 100 km, como Sertãozinho, São Carlos, Araraquara, Franca, Jaboticabal, Bebedouro e Batatais”, afirma Luciano.
Em Ribeirão Preto, a importância dos setores de serviços e comércio na criação de emprego é de extrema relevância, inclusive, foram os que mais criaram postos de trabalho na cidade, entre janeiro de 2011 e o fim de 2014, quando a crise econômica começou a afetar mais fortemente a empregabilidade na cidade, acompanhando o que ocorreu no país e no estado de São Paulo. O comércio sentiu bastante os efeitos da instabilidade econômica, sendo o segmento que mais demitiu em 2015. “Nos últimos meses, o comércio tem até apresentado um desempenho melhor, mas, no acumulado de 12 meses, ainda tem destruído vagas”, reforça Luciano.
Segundo Paulo César Garcia Lopes, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Ribeirão Preto (SINCOVARP), após 24 meses consecutivos de quedas nas vendas, o comércio de Ribeirão Preto apresentou o primeiro resultado positivo em dezembro de 2016, sinalizando uma recuperação. Os primeiros meses de 2017 tiveram resultados médios negativos. Alguns setores, como vestuário e calçados, apresentaram índices positivos. “O que se observa é que as vendas começam a reagir”, pontua Paulo.
De acordo com dados do Ministério do Trabalho e Emprego, no acumulado dos três primeiros meses de 2017, os números para o comércio são realmente negativos, pois são meses que tipicamente a demissões acontecem, após as contratações para as vendas de fim de ano. De qualquer forma, os dados de 
emprego ainda não indicam sinal de recuperação sólida para a economia de Ribeirão Preto em seus diferentes segmentos, inclusive no comércio, já que a grande instabilidade política pode afetar o processo de retomada que começava a tomar forma.
Como instituição que representa o setor, o SINCOVARP desenvolve diversas ações para manter o comércio varejista forte, algumas em parceria com outras instituições. Entre elas, com o Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa (Sebrae), regional Ribeirão Preto, que lançou o projeto “Comércio Mais Forte!”, objetivando qualificar e fomentar o varejo de Ribeirão e região, com foco em aumento das vendas e desenvolvimento contínuo dos negócios. Uma das ações do projeto é o lançamento de quatro grupos temáticos — Comunicação e Marketing, Empreendedorismo e Inovação, Gestão, e Vendas —, com a realização de mentorias, workshops, oficinas, dinâmicas em grupo, treinamentos, estudos de caso, entre outras atividades.
A ACIRP, que também representa o setor, oferece um leque de serviços aos empresários, seja do comércio, da prestação de serviços, ou da indústria. A Associação disponibiliza, ainda, uma vasta variedade de serviços a seus associados, como orientação jurídica e econômica, certificação digital, banco de talentos, consultas de crédito, cursos, palestras e cafés empresariais, seguros e planos de saúde, locação de salas e relacionamento com empresas e governos de outros países. Hoje, além da sede, a entidade se organiza em seis distritais, cada uma representando as principais regiões empresariais da cidade.
Centros de compras
O presidente do SINCOVARP destaca que o setor de vestuário é o mais forte no comércio de Ribeirão Preto. O segmento é representado por lojas de roupas, calçados, bolsas e acessórios. Os negócios dessas áreas estão presentes em diversos bairros da cidade, porém com uma concentração evidente no Centro da cidade e nos quatro shopping centers. O pioneiro, inaugurado em 1981, é o RibeirãoShopping, primeiro da cidade, segundo da rede Multiplan e um dos primeiros no Brasil. Após 36 anos de implantação e uma trajetória que contabiliza oito expansões, o RibeirãoShopping gera mais de cinco mil empregos, incluindo funcionários de lojas, administração e operação do empreendimento. O complexo multiuso, com mais de 300 mil m², reúne centro de lazer e compras com 380 lojas, 4.100 vagas de estacionamento, hotel, torres empresariais e centro de eventos. O RibeirãoShopping reúne, ainda, opções gastronômicas e de entretenimento, e promove diversas atrações culturais.
Depois de 18 anos, em 1999, Ribeirão Preto ganhou dois novos centros de compras: o Shopping Santa Úrsula, que abriu as portas em setembro, e o Novo Shopping, inaugurado em novembro. Único shopping vertical da região, o Santa Úrsula foi adquirido pela Multiplan em 2008 e vem passando por reformulação no mix de lojas e melhorias na arquitetura e no paisagismo. É um empreendimento que investe em ações sociais, promove cultura, saúde e qualidade de vida. No empreendimento, há opções de compras de vários setores, 
como moda, calçados e bolsas, livraria, eletrônicos, utilidades, decoração e gastronomia. O Shopping Santa Úrsula reúne um importante e variado mix de lojas âncoras e marcas exclusivas. São 193 lojas e um total de 1.900 vagas de emprego.
Em mais de 157 mil m² de área construída, o Novo Shopping conta com mais de 290 lojas de todos os segmentos, um mix completo de serviços, além de agências bancárias, heliporto, agências de câmbio e hotel. O mall tem em seus corredores diversas opções do mesmo segmento, como três grandes marcas de representações esportivas, outras três opções de lojas de móveis e eletro-eletrônicos, entre outras. Para a casa, o Interlar congrega em um único espaço 13 estabelecimentos para venda exclusiva de itens para o lar. Há, ainda, diversidade em gastronomia, lazer e entretenimento. O empreendimento recebe cerca de 1,8 milhão de visitantes por mês.
O mais novo da categoria é o Shopping Iguatemi Ribeirão Preto, que chegou à cidade em 2013. O empreendimento conta com 200 lojas nacionais e internacionais, incluindo as âncoras Riachuelo, C&A e Marisa. O shopping também foi responsável por trazer para a cidade marcas inéditas na região como, por exemplo, Coqueluche, Livraria Cultura, Etna, Bodytech, Cecília Dale, Studio W, Cobasi, Hugo Boss, Coach, Souq, Tommy Hilfiger, Le Creuset, entre outras. No mix, também conta com um polo de tecnologia, opções de entretenimento, lazer e cultura, além das opções gastronômicas. Cerca de 3.500 mil empregos diretos e indiretos são gerados pelo Iguatemi Ribeirão Preto.
Números de empresas do comércio
2002 - 6.326
2003 - 6.529
2004 - 6.780
2005 - 7.033
2006 - 7.305
2007 - 7.553
2008 - 7.983
2009 - 8.360
2010 - 8.796
2011 - 9.054
2012 9.156
2013 9.383
2014 9.360
2015 9.146
Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego
