Uma nova geração se levanta

Uma nova geração se levanta

Maicon Benzoni, Pedro Paulo Rosa e Alan Cassimiro integram uma parcela de jovens que escolheram seguir, por uma via ou por outra, os ensinamentos bíblicos e a manifestação do amor através do evangelho

“Por ter Jesus como meu diferencial, começo a expressar não apenas meu pensamento, mas o Dele”, argumenta PedroEm uma sociedade cada dia mais numerosa e globalizada, é natural que a diversidade seja, também, cada vez maior. No esforço de desenvolver a própria identidade, as novas gerações costumam protagonizar o surgimento de comportamentos e de hábitos, inéditos ou resgatados de outros tempos. Entre as infinitas possibilidades que se apresentam, há uma parcela crescente de jovens que tem buscado na religião as respostas para seus anseios e os exemplos de conduta para uma vida rumo à felicidade. 

Em solo brasileiro, o cristianismo é predominante. De acordo com uma pesquisa da Pew Research Center, o país é o segundo maior território cristão, com aproximadamente 175 milhões de fiéis, entre católicos, evangélicos e outros representantes do cristianismo. O Brasil está atrás apenas dos Estados Unidos, que possui 246 milhões de cristãos, e à frente do México, terceiro colocado, que soma 107 milhões. A pesquisa mostra, ainda, uma predominância entre as duas maiores tradições do planeta: catolicismo e protestantismo. 

De acordo com o mesmo levantamento, as principais tradições cristãs brasileiras são a católica, que abrange 51,4% dos fiéis; a evangélica, que representa 36% dos cristãos (sendo que a maioria segue a linha pentecostal); e a “Se não fosse pela Central 3, não teria encontrado o amor que eu buscava e não sabia que estava somente em Deus”, frisa Gabriellaortodoxa, que soma 12,6%. 

Com bases nesses números, é possível concluir que o momento parece propício para a busca da fé, independentemente da religião a seguir. Entre os jovens, essa procura está muito mais relacionada ao desenvolvimento da própria individualidade do que com a tradição familiar ou cultural. Na investigação de qual deve ser seu papel no mundo, querem encontrar uma verdade que faça sentido para eles e que esteja alinhada com suas crenças e valores. À frente de grupos religiosos direcionados a público jovem, Maicon Benzoni, Pedro Paulo Rosa e Alan Cassimiro são exemplos dessa realidade.

Um olhar para o futuro

Há um ano e meio, Maicon Benzoni e Fabiana Benzoni se tornaram os pastores responsáveis pelo grupo Jovens Livres Para Adorar (Jolipa), um grupo de jovens cristãos evangélicos do Ministério Internacional Monte Carmelo, compromissados e obedientes à palavra de Deus. "Queremos levar o amor e a palavra do Senhor a todo ser humano. Buscamos o caráter de Cristo e queremos ser influenciadores para salvar almas para Deus", afirma Maicon.

De acordo com os pastores, a fé da juventude se forja na prática, por isso, é preciso experimentar a religião. Maicon e Fabiola pastoreiam os jovens do Jolipa relacionando o mundo atual com os ensinamentos bíblicosDessa forma, esse público tem a oportunidade de gostar e de vivenciar as mudanças promovidas pela religiosidade. “Muitas vezes, recebemos jovens que não frequentam nenhuma igreja, por isso, priorizamos encontros alegres e com muita conversa. Nós debatemos os ensinamentos bíblicos para que as pessoas saiam de lá com a certeza de terem entendido o que Deus quis dizer a cada um e dispostos a colocar esse aprendizado em prática”, explica Fabiana.

Foi justamente por experimentar a fé no dia a dia que Priscilla Facina, de 20 anos, começou a participar do Jolipa. Até então, a cristã se considerava uma ateia convicta. Frequentadora do grupo desde o início, Priscilla chegou à igreja como muitas outras pessoas: buscando solução para suas dificuldades. “As mudanças na minha conduta geraram curiosidade nas pessoas que conviviam comigo. Todos queriam saber o que havia acontecido com aquela menina rebelde que, agora, passou a amar aquilo que ela não acreditava. Senti que o tratamento dessas pessoas em relação a mim mudou completamente”, conta Priscilla.

Maicon e Fabiana acreditam que há em curso uma mudança na visão dos jovens sobre a religião, não apenas em Ribeirão Preto, mas também em outras cidades. “Aqui, podemos garantir que houve uma mudança palpável. Temos visto nas ruas vários trabalhos evangelísticos direcionados aos jovens. Antigamente, havia certa vergonha, mas, Em 2016, Nazer cumpriu seu chamado missionário e viajou à África para levar a palavra de Deushoje, há uma alegria ao se assumir um cristão e mostrar como Jesus muda nossas vidas. Percebo que os jovens têm prazer por levar adiante o amor de Cristo e ajudar o próximo”, comenta Maicon. 

As mudanças na vida de Guilherme Cortez, de 20 anos, ao se tornar evangélico causaram impressões diferentes nos amigos: enquanto alguns acharam que ele estava ficando louco, outros perceberam que também queriam passar pelas transformações vividas pelo colega. "Algumas pessoas têm preconceito porque possuem uma imagem equivocada e pré-concebida dos cristãos. Muita gente imagina que nós não nos divertimos, que não rimos e que não aproveitamos nossa juventude. A verdade é que somos preenchidos por uma alegria jovial de seguir os ensinamentos de Deus", diz entusiasmado.

Jovens evangelizadores

Todos os sábados, mais de 400 jovens se reúnem para louvar a Deus em uma reunião promovida pela Central 3, grupo evangélico composto por jovens da Igreja Missionária. O pastor, Pedro Paulo Rosa, de 31 anos, conta que a “Uma vez que você começa a servir a Deus, cada dia é uma vitória diferente”, acrescenta PriscillaCentral 3 busca demonstrar o mesmo amor que recebem de Deus. "Somos uma organização de jovens que pretende, através dos princípios da Bíblia, contribuir para uma mudança pessoal e coletiva, transformando a cultura em que vivemos por meio de um estilo de vida cristão", explica Pedro.

A crença dos integrantes da Central 3 está baseada no fato de que todas as pessoas, independentemente da idade e da religião, reconhecem, cedo ou tarde, a necessidade de buscar algo além de si mesmo. "Encorajada pela rapidez das conexões da atualidade, essa ‘geração Z’ tem uma facilidade imensa de responder a cada pequeno impulso, mas acredito que isso não vem trazendo uma vida plena aos jovens", declara o pastor.

Gabriella Côrrea, de 19 anos, vem de uma família evangélica, mas não compreendia a importância da religião. O primeiro contato de Gabriella com a Igreja foi através de um aniversário. A partir daí,  a jovem passou a frequentar as reuniões do grupo aos sábados e, aos poucos, foi se identificando com o ministério. "Meu pastor e sua esposa, Monice, insistiram comigo com muita paciência e carinho. Se não fossem eles, não teria encontrado o amor que eu sempre havia buscado em outras atividades, mas não achava", comenta Gabriella.

 A juventude atual, apesar de compor numerosos grupos de amigos, parece seguir com o coração vazio. Mesmo quando passam a ocupar uma posição financeira e profissional confortáveis, não parecem saber qual deve ser o próximo passo. “Crer em Deus vai além de participar de uma reunião semanal ou estar em um local aos domingos. Jesus espera que haja em nós uma vontade gigante de responder ao Guilherme comenta que os jovens cristãos são preenchidos por grande alegria por servir a Deusamor que recebemos. Na Central 3, nós simplesmente demonstramos o que cremos através do nosso estilo de vida”, pontua.

Há três anos, Nazer Haikal Filho, de 27 anos, participa da Central 3 com grande envolvimento. Faz parte do grupo responsável por integrar novas pessoas e ainda lidera uma turma de conexão em sua casa. "Aprendi que a palavra de Deus não é uma religião, mas a cura, a libertação e a restauração são conquistadas através do seu conhecimento. No caso dos jovens, a falsa identidade distorce a realidade que, quando revelada, manda embora todas as dificuldades”, completa Nazer. 

A vida dele mudou tão radicalmente a partir de sua nova escolha que o levou à África para uma missão, em 2016. Na oportunidade, passou por quatro países e seis cidades. "Nessa viagem, pude levar a palavra de Deus a prisões, escolas e igrejas, uma experiência muito impactante. Conhecer a realidade de pessoas que não têm acesso à energia elétrica e saneamento básico, mas esboçam sorrisos como crianças, foi transformador. Aqueles são sorrisos que, verdadeiramente, ensinam a amar", recorda-se o missionário.

A alegria da radicalidade

“Uma das maravilhas que Deus colocou em meu coração foi o desejo de salvar almas para Ele”, expõe AlanPela acolhida calorosa recebida, Alan Cassimiro de Oliveira, de 24 anos, apaixonou-se pela missão Jovens Sarados. O compromisso religioso se fortaleceu depois que o jovem participou de um retiro chamado Maranatha (Vem Senhor Jesus), onde teve seu primeiro encontro com Deus. Desde então, iniciou a trajetória como missionário. "No retiro, o velho Alan ficou para trás, pois Deus me transformou em um novo servo", lembra. Hoje, Alan é um dos coordenadores da missão em Ribeirão Preto.

Com mais de 120 missões espalhadas pelo Brasil, o Jovens Sarados surgiu pela inspiração do Padre Edimilson, sacerdote missionário da Comunidade Canção Nova, para mostrar aos jovens que é possível aproveitar o frescor da idade sem deixar a fé em Deus de lado. “O sarado é aquele que acolheu o convite para a santidade. Isso está dentro da proposta maior da Canção Nova: ‘Ou santos ou nada’, missão dada pelo nosso pai-fundador, Monsenhor Jonas Abib, que segue, como eu, carisma salesiano, voltado à juventude. Portanto, o jovem sarado é aquele que está sendo convocado a ser santo em um estilo moderno, que conversa com os dias de hoje”, apresenta o sacerdote.

Segundo Alan, o grande desafio da juventude da atualidade é “competir” com a ideia libertária que domina a mídia e as rodas de conversa. “Por causa dessa impressão de que tudo é permitido, muitos “Através do meu servir, aprendo e amadureço na fé e no amor ao próximo”, comenta Lucasjovens têm enveredado por caminhos e estilos de vida que aparentam liberdade e prazer, mas que, ao fim, levam à frustração. Dessa forma, a juventude se perde, frustra-se e se confunde, pois perde as referências”, expressa.

Neste contexto, os Jovens Sarados têm um grande desafio: influenciar, ser luz e referência na missão de levantar uma nova geração de jovens que creem e seguem Jesus. Segundo Alan, os integrantes do grupo vivem o evangelho com radicalidade, procurando vivenciar tudo o que está escrito na Bíblia: obediência, pobreza e castidade. “É importante entender que a radicalidade significa que a proposta é ir até a raiz da questão, no caso, à profundidade de Deus. Eu, jovem, já entendi tudo isso como uma grande bobagem, mas Deus me mostrou a igreja através da missão Jovens Sarados e foi dessa forma que descobri a verdadeira felicidade dentro do Catolicismo”, relata o missionário. Foi justamente essa radicalidade que atraiu Lucas Thomazini, de 19 anos, a viver a missão Jovens Sarados e dar o seu sim à vida de missionário consagrado. Dessa forma, concretizou o que todo ser humano busca: encontrou seu lugar no mundo, um sentido para viver. “Junto aos Jovens Sarados encontrei pessoas determinadas a buscarem a santidade com o coração, seguindo o testemunho de Deus. Isso me “Os jovens sarados querem mostrar, para o mundo, uma alternativa de santidade”, salienta padre Edimilsonimpulsionou e me aproximou da obra divina cada vez mais”, declara.

De acordo com Alan, é preciso deixar claro que há jovens que vivem a radicalidade, mas que essa escolha não os isola do mundo que os rodeia. “Somos chamados a evangelizar onde estivermos. Dessa forma, buscamos mostrar que é possível ser jovem sem deixar de ser de Deus. Evangelizar almas jovens, sendo instrumentos para que elas recebam o batismo no Espírito Santo, e formá-los como cristãos para assumirem um novo modo de viver, é a nossa missão”, conclui. 


Texto: Pâmela Silva
Fotos: Ibraim Leão, Paulo Victor Brito e Maria Luisa Brito

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