A versatilidade das plantas
Projetos de paisagismo mostram a importância das plantas na arquitetura

A versatilidade das plantas

Além de serem componentes ornamentais, tanto de ambientes internos como externos, as plantas contribuem para a saúde e o bem-estar de quem as cultivam

Texto: SUSANNA NAZAR

Devido à sua ampla variedade de espécies, de cores, de aromas e de texturas, as plantas se tornaram peças-chave para compor um projeto de decoração. No entanto, é importante lembrar que elas vão muito além da beleza. Há milênios, as plantas são reconhecidas por suas propriedades medicinais. Delas, são extraídas substâncias utilizadas em chás, óleos essenciais e remédios, entre outros. Essa aplicação, conhecida como fitoterapia, está relacionada ao tratamento de diversas doenças. A versatilidade não para por aí. O próprio cultivo das plantas pode ser considerado um agente terapêutico já que a purificação do ar, os aromas calmantes presentes em algumas delas e a ocupação da mente no momento da jardinagem contribuem para o alívio do estresse e da ansiedade. Desde 2020, com o início da pandemia da Covid-19 e a necessidade do isolamento social, uma parcela significativa da população tem investido no cultivo de plantas em casa. Ter um “cantinho” verde é uma maneira de manter a proximidade com a natureza, mesmo dentro de casa. 

A beleza do paisagismo
Marcelo dá algumas dicas para quem está começando o cultivo em casa

Para Marcelo Faria, paisagista e diretor da Tropicalia Paisagismo de Ribeirão Preto, é inegável o quanto as plantas valorizam a arquitetura, seja de uma residência, de um apartamento ou de um ambiente comercial. O especialista cita, ainda, outros benefícios. “O cultivo de plantas ornamentais ou de uma horta, por exemplo, traz inúmeros benefícios, a começar pelo toque na terra. É descarga de energia, relaxamento, um respiro. Conheço pessoas que estavam em um quadro depressivo e passaram a plantar. Focadas no cultivo, elas conseguiam se desligar dos problemas naquele momento”, comenta.

O amor por esse universo começou cedo para Marcelo. Ele conta que, com apenas oito anos, já gostava e entendia sobre o mundo das plantas. Influência do avô, que era paisagista também. Na adolescência, colecionava diversos tipos de espécies e comprava livros para estudar as vegetações. “Com o passar dos anos, na década de 90, quis montar a minha própria empresa de paisagismo, com produtos e serviços diferenciados. Daí surgiu a Tropicalia”, recorda Marcelo. O especialista também respondeu às dúvidas mais frequentes sobre o cultivo de plantas em casa. “Para quem está começando, o segredo é não ter nem o excesso, nem a falta. Existem plantas internas e externas, como existem plantas de sol, sombra e meia-sombra. As mais indicadas para parte interna são plantas resistentes como, cactos, lanças cilíndricas, bromélias e dracenas”, indica. Além disso, dois detalhes são fundamentais: claridade e água, de duas a três vezes por semana. “O toque é fundamental para sentir a necessidade da planta e conhecer a espécie que você está colocando dentro de casa. Sentindo a umidade, fica mais fácil perceber se é necessário aumentar ou reduzir a rega”, completa.

Fitoterapia e fitoenergética
 “Nesses tempos de pandemia, ter o privilégio de partilhar a minha vida com as plantas é gratificante”, declara Rayssa

Oriundas de estudos milenares, a fitoterapia e a fitoenergética são vertentes do uso das plantas como forma de cura. Rayssa Campos, terapeuta integrativa, explica que a fitoterapia – coligada à Medicina – utiliza das propriedades terapêuticas das plantas, trabalhando questões do corpo físico. Já a fitoenergética é uma prática que, segundo a especialista, vai trabalhar com as propriedades energéticas, o campo mental e emocional. Como exemplo de tratamentos, a terapeuta cita o chá de boldo para problemas gastrointestinais e o chá de camomila como calmante, ambos presentes na fitoterapia. Para a fitoenergética, Rayssa destaca o chá de alecrim, para trazer mais alegria, e o de artemísia, erva conhecida por tratar problemas femininos, permitindo a reconexão com o corpo. “Quando estou muito cansada ou sinto que preciso de energia, faço um banho de ervas. Uso, também, as ervas para tomar um chazinho quando estou com cólica menstrual”, contou Rayssa.

Dentre as plantas utilizadas para trabalhar na terapia, a profissional aponta suas favoritas. “Gosto muito de usar lavanda, pelo efeito calmante e tranquilizante. Ela auxilia a nos reconectarmos com a energia do perdão e da nossa criança interior”, descreve. O alecrim também merece destaque. “Uso alecrim na culinária e, também, para fazer sprays que trabalham a limpeza energética, a proteção, o foco e a concentração. Nesses tempos de pandemia, ter o privilégio de partilhar a minha vida com as plantas é gratificante”, declara Rayssa.

No dia a dia

Ao adotarem o hábito de cultivar plantas, várias pessoas relataram melhorias no dia a dia. Isso se dá devido à movimentação do corpo, ao frescor do ambiente em decorrência da transpiração que a planta sofre com o restante de água da fotossíntese, ao aroma que muitas delas exalam e ao simples fato de ocupar a mente com a jardinagem em geral, plantando, regando, adubando e podando. Ver que essa dedicação traz resultados contribui para o bem-estar, principalmente para quem tem uma rotina estressante. Confira, a seguir, alguns depoimentos sobre essa experiência.

Paixão

“Comecei a me interessar e cuidar de plantas entre 2015 e 2016, quando me mudei para um apartamento. Passei a sentir uma necessidade de ter a natureza mais próxima. Essa iniciativa fez toda a diferença na minha vida. Sem perceber, comecei a me envolver, cada dia mais, com esse universo. As plantas acalmam. Poderia até me arriscar em dizer que elas são a cura para muitos problemas. Atualmente, tenho 12 plantas em casa e todas me atraem, pois cada uma tem sua própria particularidade, mas a orquídea é a minha paixão.”

Rosimeire Lino, empresária.

Mesmo dentro do apartamento, é possível ter um “cantinho” verde

Estratégia

“Sempre gostei muito de plantas, mas, para falar a verdade, faz pouco tempo que coloquei a mão na massa. Mesmo morando em um apartamento, vi que conseguia cuidar e, desde então, incentivo outras pessoas a fazerem o mesmo. A beleza da natureza me encanta, e posso, de alguma forma, contemplar isso dentro da minha própria casa. Como psicóloga, acredito no trabalho terapêutico das plantas e inclusive indico como uma estratégia para minimizar o estresse, a ansiedade e até a depressão. Com o isolamento social em tempos de Covid, o impacto relacionado a esses transtornos foi e continua sendo devastador, mas ao direcionarmos a atenção para as plantas, com tratamento psicológico adequado, é possível reverter esse quadro.”
Patrícia Neves, psicóloga clínica.

Alegria
“Comecei a cuidar de plantas com 40 anos. Atualmente, tenho uma média de 15 plantinhas, sem favoritismo. Trato todas igualmente. Sem dúvida, as plantas melhoraram a minha vida. Sinto muita alegria quando cuido delas.”
Andreia Lopes Steffen, diarista.

Sintonia

“Já faz uns dez anos que eu cultivo plantas. Tenho apenas cinco hoje em dia, porque moro em um apartamento, mas amo todas! Elas me trazem muita paz, alegria e sintonia com a natureza. Cactos, alecrim, melissa, orquídeas e rosas são minhas preferidas por causa dos benefícios para a saúde mental, física e espiritual. Com certeza, recomendo ter plantas em casa.” Isabel Alves Nascimento, empresária.

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