Ainda sem solução

Ainda sem solução

Mesmo sem saber se haverá ou não a construção da Estação Catedral, os tapumes de proteção das obras seguem vedando parte calçada da rua Visconde de Inhaúma e irritando os comerciantes do local

Não é de hoje que está colocada uma ampla discussão sobre a construção de novas estações de ônibus no entorno da Catedral Metropolitana de São Sebastião. A questão se arrasta desde meados de 2014 e tem, de um lado, um projeto da Prefeitura de Ribeirão Preto que prevê a instalação de cinco estações de embarque e desembarque na região e, do outro, uma parcela da sociedade liderada pelo pároco Francisco Moussa, o padre Chico. A Igreja entende que as construções comprometeriam a preservação da própria Catedral, um importante patrimônio histórico e cultural ribeirãopretano.

A solução da questão, que está prestes a completar dois anos, esteve próxima recentemente, quando o início das obras recebeu a liberação dos órgãos competentes, incluindo o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat), mas se distanciou novamente quando foi mais uma vez suspensa. 
O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) publicou no Diário Oficial, no dia 6 de maio, o recebimento de uma queixa-crime apresentada pelo padre Chico contra a prefeita Dárcy Vera (PSD). A representação do religioso pede a apuração de um eventual descumprimento da determinação do Condephaat “no sentido de se abster de realizar as obras de intervenção urbana nas proximidades da Catedral”. O documento foi protocolado em abril, mas só foi distribuída para tramitação no dia 4 deste mês. 

Na sessão da Câmara Municipal do dia 5 de maio, o vereador Rodrigo Simões (PDT), que presidiu a Comissão Especial de Estudos (CEE) sobre o assunto, protocolou um comunicado para que o Consórcio PróUrbano seja informado sobre a decisão do Conselho. O vereador chamou a atenção para o fato de que, mesmo com a nova suspensão, os tapumes seguem instalados na Praça das Bandeiras, “atrapalhando a circulação de pedestres e o comércio ao redor”.

Comércio prejudicado

Segundo os comerciantes da região, a demora na decisão sobre o futuro da Estação Catedral está mesmo incomodando. Proprietário de uma lanchonete próxima ao local, Alex Locateli afirmou que o movimento de clientes caiu cerca de 50% desde o início do impasse nas obras. “Por conta do embargo e da interdição aqui na frente, o faturamento caiu pela metade nos últimos dias. Os responsáveis por essa decisão parecem não se importar e não prestam esclarecimento. Gostaríamos de uma solução: ou tiram as paredes de metal ou finalizam as obras. Creio que o fechamento colaborou até para um assalto que sofri 15 dias atrás, já que a visão fica prejudicada”, avalia Alex.

De acordo com Ronaldo Locateli, que trabalha em uma das lojas em frente à Catedral, a demora na decisão sobre a Estação provoca irritação para quem convive com essa incerteza diariamente. “A paralisação das obras tem prejudicado o movimento aqui em frente, apesar de pagarmos um aluguel bastante alto e ainda termos que sustentar nossa família”, acrescenta o vendedor. 

O projeto

A Estação Catedral prevê a construção de cinco plataformas, sendo duas na rua Florêncio de Abreu, duas na rua Américo Brasiliense e uma na rua Visconde de Inhaúma. Cada plataforma tem capacidade para atender ao embarque e desembarque de dois ônibus simultaneamente e poderá abrigar até 120 passageiros. No projeto, os pontos localizados nas ruas Américo Brasiliense e Visconde de Inhaúma possuem catracas. As plataformas são delimitadas com paredes de vidro e têm portas automáticas para o acesso aos ônibus. Nessas condições, podem embarcar quatro passageiros simultaneamente em cada ônibus, reduzindo o tempo de parada. Os pontos em frente à Catedral são abertos, semelhantes aos que existem hoje, só que com uma cobertura maior para conforto dos passageiros. O ponto ao lado da Igreja, na rua Visconde de Inhaúma, será desativado.

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