Fluxo Melhor
Obras entre as avenidas Nove de Julho, Portugal e Antônio Diederichsen já estão 70% concluídas

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Com empréstimos vindos do governo federal, pacote de obras de mobilidade urbana altera a paisagem urbana de Ribeirão Preto e promete mais fluidez para o trânsito

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Texto: Paulo Apolinário
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Ribeirão Preto possui cerca de 540 mil veículos para os 703 mil habitantes. Segundo dados do Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran.SP), nos últimos dez anos, a quantidade de automóveis nas ruas teve uma elevação 20% acima do crescimento populacional. Ou seja: é mais comum ver alguém sair com um carro novo de uma concessionária do que com um bebê de uma maternidade. Tal crescimento, contudo, não foi acompanhado pela malha viária da cidade. 

Por anos, ruas estreitas, rotatórias e cruzamentos desnecessários travavam o trânsito de Ribeirão Preto. Com isso, em 2013, foi assinado, em Brasília, o repasse de R$ 350 milhões do Ministério das Cidades por meio do Programa de Aceleração do Crescimento — o PAC da Mobilidade Urbana. Para que o dinheiro fosse entregue à cidade, era necessário negociar uma contrapartida. Como a Prefeitura não conseguiu um acordo, nem com a Câmara dos Vereadores, nem com o governo federal, e três anos depois estouraria a Operação Sevandija, durante o governo Dárcy Vera, a cidade ficou com esse investimento “congelado”.

Em de 2017, no governo Duarte Nogueira (PSDB), houve um grande acordo com o Banco do Brasil para que o investimento retornasse a Ribeirão Preto. Com a promessa de adotar medidas de austeridade e honrar os pagamentos, Nogueira conseguiu o recurso. Dessa vez, o montante caiu de R$ 350 milhões para R$ 310 milhões. A contrapartida da Prefeitura seria de R$ 31 milhões, pagos em cinco anos. Com isso, foi criado o programa “Ribeirão Mobilidade”. Além do PAC, foram solicitados recursos junto ao programa de Financiamento à Infraestrutura e ao Saneamento (Finisa) da Caixa Econômica Federal e, também, a outras agências de crédito. Ao todo, o investimento se aproxima dos R$ 500 milhões.

Readequação
Uma das primeiras obras do programa Ribeirão Mobilidade foi a adequação viária na rotatória entre as avenidas Nove de Julho, Portugal e Antônio Diederichsen, que está 70% concluída. O plano é extinguir o antigo “Balão da Portugal”, fazendo com que os motoristas que seguem pela Nove de Julho, por exemplo, não precisem cruzar toda a rotatória para entrar na Avenida Costábile Romano. Segundo a Transerp, somente no horário de pico, cerca de 5,5 mil veículos passam pelo local. 
Segundo a Transerp, no horário de pico, cerca de 5,5 mil veículos passam pela região
As três avenidas serão duplicadas, com a instalação de canteiros centrais. O grande canteiro da rotatória será trocado por um de formato triangular, com acesso para pedestres. Nesse local, o edital da obra prevê a instalação de bancos de concreto, lixeiras, bicicletário, arborização e equipamentos de academia ao ar livre. Todavia, para que o trânsito flua com normalidade por toda a região, outras obras de mobilidade devem ser feitas para evitar que o congestionamento seja, apenas, deslocado de um lugar para o outro.

No mesmo pacote, também está assegurada a readequação do cruzamento das avenidas Antônio Diderichsen com a Presidente Vargas.  As duas vias serão alargadas, para que o trânsito possa fluir — desde o início da Diederichsen até a Avenida Itatiaia. Paralelamente, por meio de outro edital, está sendo construída uma ponte que ligará a Avenida Maria de Jesus Condeixa à Diederichsen. Desse modo, o motorista poderá se deslocar da Zona Leste da cidade até a Zona Sul de maneira muito mais rápida. Antes de enviar a equipe de obras ao local, a Prefeitura enfrentou um demorado processo de negociações com proprietários de um bar que existia no cruzamento. O estabelecimento foi desapropriado e demolido para que a obra pudesse ter início. Com a adequação no local e a realização de outras obras periféricas, a população do Centro, Vila Seixas, Santa Cruz e Jardim América será beneficiada com maior fluidez no trânsito. Ao todo, o edital que prevê a adequação da rotatória da Portugal e a adequação do cruzamento na Presidente Vargas, custou R$ 6,7 milhões. 
Especialista em trânsito acredita que obras físicas ajudarão o trânsito, mas é necessário mais atenção ao transporte coletivo
Segundo o especialista em planejamento e gestão de trânsito, Luiz Gustavo Corrêa, o investimento na estrutura física é muito importante para melhorar o fluxo e a segurança no trânsito. No entanto, apesar de corredores de ônibus já estarem previstos em outras licitações, o especialista argumenta que deve haver um incentivo maior para que o motorista opte pelo transporte coletivo em vez do veículo particular. "É necessário dar alternativas de transporte ao cidadão. Investir em ciclovias integradas, transporte público de qualidade — com veículos com ar-condicionado, plataforma de embarque com as mínimas condições de conforto”, comenta. 

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