Velozes e perigosos

Velozes e perigosos

A cada cinco minutos, um motorista é multado em Ribeirão Preto; só em 2018, foram aplicadas 153 mil multas nas vias da cidade — uma delas porque o veículo ultrapassou os 170 km/h

Ao longo de seus quase sete quilômetros de extensão, a Avenida Marechal Costa e Silva, na zona norte de Ribeirão Preto, detém o título de campeã no registro de multas na cidade. Só em 2018, foram 20 mil autuações — uma média de duas por hora, que equivale a 13% de todas as infrações anotadas no município. Os dados foram obtidos pela reportagem por meio da Lei de Acesso à Informação. As outras duas vias na liderança são a Avenida Maurilio Biagi, com 9,6 mil multas, e a Avenida Presidente Vargas, com 7,3 mil.
Fiscais de trânsito da Transerp acompanham movimentação de motoristas
Outro dado alarmante é a velocidade mais alta registrada na cidade. Os radares da Transerp na Avenida Luiz Galvão Cezar flagraram um automóvel a 171 km/h. Neste caso, o motorista se desloca a 47 metros por segundo. Em segundo lugar, aparece a Avenida Maurilio Biagi, com um carro a 142 km/h.

O especialista em trânsito Luiz Gustavo Correa argumenta que, apesar da emblemática quantidade de multas, ainda há pouca fiscalização em locais como a Avenida Costa e Silva. “É necessário investir na recuperação da via pública e intensificar a fiscalização. Embora dê a impressão de que o número de autuações é alto, não é bem assim. Ao sair à rua, é possível perceber que a quantidade de infrações dos condutores é muito maior”, afirma.
Superintendente da Transerp, Antônio Carlos de Oliveira destaca importância de medidas de educação no trânsito
Para Antônio Carlos de Oliveira Júnior, responsável pela Transerp, essas avenidas têm características específicas que favorecem o comportamento acelerado dos motoristas. "São avenidas que vêm de rodovias e, em alguns pontos, possuem poucos cruzamentos e longos trechos sem semáforos. Reitero a necessidade de medidas de educação no trânsito, que têm surtido efeito com os mais jovens", destaca.

A Transerp estuda a instalação de mais câmeras para fiscalizar o trânsito, principalmente as que detectem motoristas que ultrapassaram o sinal vermelho. A medida é necessária, de acordo com a empresa, pois muitas avenidas de Ribeirão Preto não possuem características que justifiquem a implantação de radares.

Banco da praça

"O problema é que, quando tem algum acidente por conta de buraco ou alguma árvore, temos de tirar dinheiro do próprio bolso para pagar o reparo. Dá muito trabalho ir atrás da prefeitura”. Isaías Cândido, taxista.

“Algumas ruas têm estacionamento dos dois lados e isso atrapalha. Depois, instalam corredores de ônibus. Às vezes, uma ambulância quer passar ou alguém precisa sair e não gera fluxo. E outra: estacionamento do lado esquerdo em uma avenida [Nove de Julho] é algo que só existe em Ribeirão Preto, não é?”. Almir Ferreira, coordenador do ponto de táxi.

Texto: Paulo Apolinário  Fotos: Julio Sian, Ibraim Leão e Luan Porto

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