Totalmente conectada

Totalmente conectada

A Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto interagiu simultaneamente com 27 países durante toda a programação

TEXTO: MARISSA MENDONÇA

Apresentada em um formato revolucionário, a 20ª Feira Internacional do Livro (FIL) de Ribeirão Preto conectou amantes da leitura de 27 partes do mundo. A edição aconteceu de forma 100% on-line e gratuita, de 20 a 29 de agosto, e garantiu encontros entre autores e leitores separados pelas telas de smartphones e computadores, através de uma plateia virtual interativa, mas unidos pelo principal destaque: a literatura. O tema do evento foi "Velhas e Novas Utopias". A proposta foi levantar uma temática capaz de suprir o que ficou marcado em 2020, quando trouxe o tema "20 anos depois, e agora?", que não pôde ser realizado por conta da pandemia do novo Coronavírus.
"Como a Fundação não conseguiu fazer a celebração no ano passado, o tema ‘Velhas e Novas Utopias’ veio dessa lógica: do não celebrado, da vontade de celebrar e das questões que a gente precisava dar conta de responder", explica Adriana Silva, curadora e vice-presidente da Fundação do Livro e Leitura. Para ela, o evento foi um marco. "Foi uma edição histórica nesse momento da humanidade marcado por uma crise sanitária mundial e consequente distanciamento social, com dificuldades para os eventos presenciais e para os encontros tão esperados."

Feira do Livro foi transmitida ao vivo e on-line para 27 países pelo palco do Theatro Pedro II
Com o formato tecnológico, foi possível a presença e a interatividade do público durante as 110 horas transmitidas ao vivo e on-line, em mais de 60 atividades, pelo palco do Theatro Pedro II. Nesta edição, Mia Couto e Conceição Evaristo foram os escritores homenageados. O autor local foi Carlos Roberto Ferriani; a professora escolhida foi Elaine Assolini e o patrono, Paulo Roberto Oliveira. Semíramis Paterno foi a autora infantojuvenil, Milton Santos, o autor educação, além do sociólogo francês Edgar Morin. Também desfilaram pelas telas do evento o cantor e compositor Fernando Anitelli; o filósofo e escritor alemão Martin Puchner, o sociólogo italiano Domenico de Masi; o físico brasileiro Marcelo Gleiser; entre outros autores nacionais de projeção internacional, como Raphael Montes, Milton Hatoum, Jarid Arraes, Mel Duarte, Cidinha da Silva, Daniel Munduruku, Ailton Krenak, Owerá Kunumi MC e Heloisa Seixas. A feira ainda promoveu um debate em homenagem ao geógrafo Milton Santos, um brasileiro com carreira acadêmica internacional na França, Canadá e Venezuela. Os autores e entidades representativas locais também ganharam projeção no evento.
 
Consagrada em números
A Feira do Livro já é consagrada como um dos maiores eventos culturais do país. Com 21 anos de história e agora 20 edições realizadas, ao todo já reuniu mais de três mil escritores e artistas e tem seis milhões de visitantes. Neste ano, o evento foi preparado para unir todos os tipos de vozes e discursos literários, bem como atender a necessidades especiais dos leitores e suas singularidades. Em consequência disso, teve cerca de 30 mil acessos até o último dia do evento – soma do público através da plataforma da Fundação do Livro e Leitura e no YouTube. Toda a programação foi acompanhada com interpretação em Libras, além de legendas nas atividades internacionais cujos participantes não falam a Língua Portuguesa e autodescrição para facilitar a compreensão de pessoas com deficiência visual.
Durante o encerramento, a organização da FIL anunciou o tema da 21ª edição, que será "Monte Caburaí ao Chuí – a força da literatura brasileira". A futura edição acontecerá em agosto de 2022, possivelmente já com formato híbrido –com atividades presenciais e on-line –, dependendo do controle da pandemia da Covid-19 no Brasil.
O principal ponto será passear pelo Brasil impresso dialogando com as produções literárias de escritores de todos os cantos do país. "Enaltecer cada estado brasileiro e revelar suas produções permitirá passeios inimagináveis e encontros inusitados. Para essa edição, oportuno fazer homenagens que dialogam com essa brasilidade", afirma Adriana Silva.

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