Ceia Salgada
“Com o avanço da vacinação, a tendência é termos um final de ano mais próximo da normalidade", afirmou, afirmou o economista

Ceia Salgada

Especialistas apontam crescimento modesto da economia no último trimestre de 2021; para 2022, ano eleitoral, perspectivas são de economia estagnada

O último trimestre do ano costuma ajudar os lojistas e empresários a fecharem as contas no azul. Dia das Crianças, Black Friday e Natal são datas aguardadas pelos comerciantes. Isso sem contar o décimo terceiro salário, que eleva o consumo. Porém, a crise sanitária, econômica e institucional que o Brasil atravessa pode reduzir a margem para esse crescimento. Edgard Monforte, professor da Faculdade de Economia e Administração de Ribeirão Preto (FEA-RP/USP), avalia que problemas estruturais no país devem afetar o avanço da economia nesse último trimestre. Contudo, a situação para Ribeirão Preto pode ser um pouco melhor. “Temos uma grande concentração nos setores de serviços e de comércio, que têm um aquecimento um pouco maior. Pessoas de outras cidades se deslocam para fazer compras aqui. Com o avanço da vacinação, a tendência é termos um final de ano mais próximo da normalidade”, afirmou.

Essa perspectiva é compartilhada pela Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp). Para Carlos Ferreira, gestor de marketing e relações institucionais da Acirp, o avanço da vacinação tem permitindo a abertura de lojas, escritórios e escolas, o que impacta, positivamente, o comércio. Entretanto, resultados preliminares do Índice de Confiança do Mercado 

ICM) indicam que os comerciantes possuem expectativas mais baixas para o mês de outubro do que tinham para o mês de setembro. “Avaliamos que a euforia inicial com a abertura total das empresas elevou as expectativas do ICM e, agora, com a alta da inflação e a estabilização dos resultados do varejo, essa expectativa acabou sendo impactada”, explicou Ferreira. 

A inflação é um dos temores recorrentes entre os economistas. Como 2022 será ano eleitoral, especialistas descartam a possibilidade de que a agenda de reformas econômicas avance em Brasília. “A tendência é uma recuperação lenta da economia. Porém, a inflação, o aumento dos juros, a questão cambial, fiscal e a instabilidade política são um problema. São fatores que podem atrapalhar essa recuperação”, analisou Luciano Nakabashi. O economista da FEA-RP/USP ainda ressalta que o crescimento aguardado para o final de 2021 deve levar a economia a patamares que estava antes da pandemia, em 2019.  

EMPREGOS TEMPORÁRIOS

Segundo pesquisa feita pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), 2021 deve ter a maior oferta de empregos temporários dos últimos oito anos. A Confederação estima um aumento de 3,8% em relação ao último ano. Em 2020, em Ribeirão Preto, novembro e dezembro apresentaram um saldo positivo de 3.337 postos de trabalho. O cenário em 2020, com saldo positivo de contratações no final do ano, anima os empresários para 2021. “Haverá aumento nesse tipo de contratações – mesmo porque projeções feitas pela CNC já preveem isso, mas, no caso de Ribeirão Preto, ainda não temos esse tipo de número”, comentou Ferreira. “O último trimestre desse ano pode ser positivo para a economia brasileira, principalmente em termos do comércio, todavia, não serve como base para a retomada econômica ou não para o próximo ano”, acrescentou.

FATORES ESTRUTURAIS

Economistas alertam que o crescimento temporário no último trimestre de 2021 não deve iludir a população. Problemas estruturais na economia brasileira ainda devem ser combatidos para que o país possa crescer em 2022. Monforte aponta que a inflação é um problema a ser combatido em 2022. Segundo o economista, a alta de preços tem atingido um ponto muito sensível da economia, que são os produtos que compõe boa parte do preço da cadeia produtiva, como os combustíveis e energia. “E não temos nenhuma sinalização concreta do governo para o reajuste da política de preços do combustível. Já a energia depende de questões climáticas. Além disso, os alimentos também devem sofrer uma pressão nos próximos meses”, declarou Monforte.

Economistas alertam que o crescimento temporário no último trimestre de 2021 não deve iludir a população. Problemas estruturais na economia brasileira ainda devem ser combatidos para que o país possa crescer em 2022. Monforte aponta que a inflação é um problema. 


Economista Luciano Nakabashi aponta uma evolução lenta da economia para os próximos meses

Para Carlos Ferreira, gestor de marketing, contratações temporárias devem crescer em 2021

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