Investimento a longo prazo

Investimento a longo prazo

Economista da Faculdade de Administração e Economia de Ribeirão Preto avalia o impacto dos programas sociais de transferência de renda no atual contexto de pandemia

Texto: Enrico Molina 

Na segunda-feira, 19 de julho, a Prefeitura de Ribeirão Preto reabriu as inscrições para segunda fase do programa Acolhe Ribeirão, projeto social de distribuição de renda para famílias em situação de vulnerabilidade, em função da pandemia da Covid-19.

O auxílio no valor de R$ 600,00, pago em três parcelas mensais de R$ 200,00, é destinado a famílias com renda mensal per capta de R$ 477,00 e inscritas nos programas sociais do CadÚnico (Cadastro Único), do Governo Federal, ou na Central de Atendimento e Cadastro Emergencial da Secretaria Municipal de Assistência Social (Cacem).

Segundo avaliação do economista Luciano Nakabashi, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP/USP), o programa é positivo não apenas pelo aspecto social, mas, também, pelo seu impacto econômico. “Esse tipo de programa é muito positivo. No Brasil, temos um problema muito grande, de forma geral, que é a pobreza. A pobreza é muito ruim em termos sociais, mas também em termos econômicos, então são programas importantes ainda mais neste momento, em que o desemprego está extremamente elevado e muitas pessoas perderam renda”, explica o economista.

As parcelas começaram a ser pagas no início de julho, no dia 6, por meio do aplicativo Caixa Tem. Durante a primeira etapa do programa, 11.219 famílias foram atendidas e a previsão é de que, com a reabertura dos cadastros, mais 2.116 famílias sejam beneficiadas. As inscrições podem ser feitas no site da Prefeitura, até o domingo, 25 de julho, enquanto a aprovação e o início dos pagamentos vão até o dia 12 de agosto. “Estudos demonstram que, a partir de uma certa renda, o adicional não faz uma diferença muito grande em termos de bem-estar, mas quando a renda é muito baixa, faz muita diferença. Esse tipo de programa é muito bem-vindo desde que, de fato, atinja o público que realmente precisa, mas deve ser feito de forma sistemática, não apenas neste momento da economia. É um investimento que vale muito a pena no longo prazo”, completa Nakabashi.

O investimento total no programa será de R$ 12 milhões, oriundos da Prefeitura e da Câmara Municipal de Ribeirão Preto. “Durante todo o processo da pandemia, nós procuramos atacar em várias frentes para minimizar o sofrimento, a dor e os problemas de saúde, como também as consequências que a doença traz nos aspectos da qualidade de vida e socioeconômico. Fizemos de tudo que era possível, inclusive com a criação desta Lei, pois nem todos os municípios tiveram a oportunidade, recursos e temperança entre os dois poderes para fazer”, comenta o prefeito Duarte Nogueira (PSDB).

Educação
Ainda nesta semana, na terça-feira, 20, foram abertas as inscrições, até o dia 31 de julho, para o programa Bolsa do Povo Educação, anunciado pelo governador João Doria (PSDB).

O programa irá contratar 20 mil pais e responsáveis de alunos da rede estadual de ensino para prestarem apoio às escolas, acompanhando os protocolos sanitários e garantindo o retorno presencial seguro para estudantes e funcionários. Os selecionados receberão um benefício de R$ 500 mensais entre agosto e dezembro deste ano, por quatro horas diárias de trabalho. “Quem está em situação de vulnerabilidade não tem satisfeitas as necessidades básicas. Isso tem um impacto muito grande, especialmente sobre as crianças. Recursos materiais são necessários para que essas famílias invistam nesses jovens, com alimentação e moradia adequados além de acesso à educação. Então, a falta de recursos afeta todo o ambiente familiar, tendo efeito sobre o aprendizado das crianças, e esse auxílio tem relação com o bem-estar imediato dessas famílias”, ressalta Nakabashi.

Necessidade básica
Nesta quarta-feira, 21 de julho, o Governo de São Paulo deu início ao pagamento das parcelas do benefício Vale Gás, lançado no mês passado. A iniciativa deve beneficiar até 100 mil famílias em situação de vulnerabilidade social de 82 municípios participantes.

Ribeirão Preto é a única cidade da região que faz parte do projeto da Secretaria de Desenvolvimento Social de São Paulo, cujo objetivo é disponibilizar três pagamentos mensais de R$ 100,00 para auxiliar na compra do botijão de gás de cozinha (GLP) de 13kg, entre os meses de julho e dezembro de 2021.

A iniciativa integra o programa Bolsa do Povo, lançado pelo governo paulista em maio deste ano, que concentra projetos de transferência de renda para pessoas em situação de vulnerabilidade e abrange os programas Ação Jovem, Aluguel Social, Bolsa Talento Esportivo, Renda Cidadã, Via Rápida, Vale Gás, SP Acolher e o Bolsa do Povo Educação. “A unificação desses programas simplifica o processo, ao invés de termos vários programas voltados para redução da pobreza. E a compra do gás auxilia muito, é um dos bens essenciais e está relacionado com a alimentação das famílias. Esse tipo de investimento, ao longo de várias décadas, tem efeitos positivos não somente sociais, mas também econômicos, reduzindo a vulnerabilidade das pessoas”, projeta o economista.

Segundo informações da Secretaria de Desenvolvimento Social do Estado de São Paulo, em Ribeirão Preto foram beneficiadas 238 famílias pelo programa Vale Gás, com investimento estadual de R$ 71.400,000.

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