O aguardado check-in

O aguardado check-in

Segmento hoteleiro começa a mostrar sinais de recuperação com redução das medidas restritivas e melhora nos índices da Covid-19, mas a retomada consolidada em Ribeirão Preto deve acontecer com a volta

Texto: RAISSA SCHEFFER

Um dos setores mais prejudicados por conta do isolamento social começa a dar sinais de melhora no país com o avanço da vacinação, arrefecimento nos índices da Covid-19 e gradual retomada das atividades presenciais. No mês de maio, o índice de atividades turísticas do Brasil apontou expansão de 18% frente ao mês anterior, segunda taxa positiva consecutiva, período em que acumulou um ganho de 23%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados nesta semana. No Estado de São Paulo, o índice foi ainda mais positivo, com alta de 30%.

O bom desempenho é impulsionado, principalmente, pelo segmento de alojamento e alimentação, que inclui restaurantes e hotéis, e registrou alta de 18% na movimentação de clientes em maio. “O setor de turismo foi um dos mais impactados pela pandemia de Covid-19. Por isso, desde o início, atuamos para proteger o setor e prepará-lo para a retomada das atividades, com oferta de crédito, investimentos em infraestrutura turística e orientações sobre boas práticas de segurança, por exemplo. A cada dia o nosso governo avança na vacinação da população e, aliada à adoção de protocolos de biossegurança, acredito que muito antes do que se imagina vamos ter a tão sonhada retomada plena das atividades turísticas”, declarou, por meio de nota, o ministro do Turismo, Gilson Machado Neto.

A retomada também é esperada em Ribeirão Preto, e deve se concretizar em 2022, com a imunização da população completa e retorno dos grandes eventos. “Nós acreditamos que essa recuperação consolidada começará a partir do próximo ano, que deve marcar uma nova fase para o setor de hotelaria em Ribeirão Preto, com a retomada de eventos maiores”, explica Carlos Frederico Marques, presidente do Sindicato dos Hotéis, Bares, Restaurantes e Similares de Ribeirão Preto.

Marcas da pandemia
Segundo o presidente, a crise sanitária deixou marcas irreversíveis na economia de Ribeirão Preto. “O setor de hospedagem foi duramente atingido em 2020, com início da pandemia em março, pois acabou com a nossa ‘alta temporada’, que vai de março a setembro. O que se refletiu em 2021, porque mesmo com a melhora de índices e de vacinação, não há horizonte para grandes eventos que ajudem nessa recuperação. Todas essas mudanças trouxeram mudanças operacionais e novas estratégias”, pontua Carlos.

Na rede de hotéis Le Privèlege, o principal impacto da pandemia nos negócios de prestação de serviços de hospedagens, eventos, alimentos e bebidas foi a diminuição drástica e imediata de mais de 90% no faturamento. “Nosso estoque tem prazo de validade de um dia, ou seja, a diária não comercializada hoje não pode ser recuperada no dia seguinte”, conta o gerente geral do Hotel Mont Blanc, Aurélio Andriolo Neto.

O presidente do Sindicato dos Hotéis ressalta que, para muitos negócios, o encerramento das atividades foi a única saída. No final de 2019, eram 81 hotéis em Ribeirão Preto, com 15 mil leitos ao todo. Neste ano, o setor opera com 46 hotéis e 8 mil leitos. A média de ocupação agora está em 15%. “Tivemos 35 hotéis que fecharam as portas e encerraram as atividades definitivamente. Com a colaboração do sindicato laboral da categoria de Ribeirão Preto, levantamos que 65% dos 3.740 funcionários do setor deixaram seus postos de serviços”, destaca.

Próximos passos

O gerente da pesquisa do IBGE sobre o setor de Serviços, que mostrou o início da retomada do turismo, explica que o avanço é importante, mas que ainda há um longo caminho pela frente. "Esse desempenho positivo recente recupera boa parte da queda de 26,5% observada no segmento em março, que foi um mês com maior número de limitações ao funcionamento de determinados estabelecimentos, como os hotéis. Contudo, o segmento de turismo ainda necessita crescer 53,1% para retornar ao patamar de fevereiro do ano passado", explica Rodrigo Lobo, do IBGE.

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