Pronto para decolar

Pronto para decolar

Privatização do Aeroporto Leite Lopes prevê investimentos de R$ 130 milhões em três décadas; especialistas estimam efeito positivo para a economia local

No dia 15 de julho, o vice-governador Rodrigo Garcia (DEM) bateu o martelo sobre a privatização do Aeroporto Leite Lopes, em Ribeirão Preto. E não foi somente em sentido figurado. Na data, um grupo de aeroportos do Estado de São Paulo foi arrematado em leilão na B3, antiga Bovespa, por R$ 14,7 milhões pelo Consórcio Voa NW-Voa SE, da empresa Voa-SP. No aeroporto de Ribeirão Preto, serão investidos aproximadamente R$ 130 milhões nos próximos 30 anos — cerca de R$ 4,3 milhões por ano — com o objetivo de melhorar a operação e adequar o terminal de passageiros. A concessão faz parte de um projeto de desestatização dos aeroportos paulistas.

Divididos em dois blocos, Noroeste e Sudeste, os investimentos somam R$ 447 milhões. O bloco Sudeste, do qual Ribeirão Preto faz parte junto a outros dez aeroportos, receberá investimentos de R$ 266,6 milhões durante o contrato de concessão. Os valores serão distribuídos para ampliação de capacidade, melhoria da operação e adequação à regulação. Estão previstos, para os primeiros quatro anos de operação, investimentos de R$ 75,5 milhões. 

A proposta de concessão prevê recursos da iniciativa privada durante três décadas, com prestação dos serviços públicos de operação, manutenção, exploração e ampliação da infraestrutura aeroportuária estadual. Atualmente esses aeroportos são operados e administrados pelo Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo (Daesp). O processo licitatório foi conduzido pela Secretaria de Governo, por meio da Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp). Além da utilização da pista para pousos e decolagem, a empresa concessionária também poderá destinar outros usos ao espaço do Leite Lopes, desde que respeite o Plano Diretor do município.

“A expectativa é enorme, já que o Leite Lopes é um dos maiores aeroportos regionais. Do ponto de vista de sua capacidade de transporte de passageiros, cargas, operação futura de aviação executiva, voos comerciais e toda infraestrutura aeroportuária, com esses investimentos, ganhará uma infraestrutura que merece”, assegurou a o prefeito Duarte Nogueira (PSDB). Marcel Gomes Moure, presidente da Rede VOA-SP, garante que a companhia irá ampliar o terminal passageiros, além de recapear, iluminar e fazer a repintura da pista principal — área de taxiamento e pátio, adequação de segurança, PAPI (sistema de aproximação visual) e sinalizações horizontais e verticais. “O Aeroporto Leite Lopes, em razão de sua importância estratégica para o Estado é, sem sombra de dúvidas, o principal aeroporto dentre todos os regionais de São Paulo. Merece, portanto, atenção e dedicação intensa da Rede Voa-SP”, declarou.

Especialistas fazem um balanço positivo da concessão. (Matheus Araújo / Edgard MonfortE)

Avaliação positiva

Para Matheus Araújo e Silva, professor e Coordenador do Curso de Engenharia Civil da Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp), a concessão do Aeroporto Leite Lopes permitirá uma maior celeridade no aumento da capacidade aeroportuária, como a ampliação do terminal de passageiros, ampliação do pátio de aeronaves e adequações na pista. Além da implantação de novas tecnologias para processamento dos passageiros, carga e movimentação das aeronaves no pátio.

Sobre o modelo de privatização adotado, o professor se mostra otimista. Segundo ele, outros aeroportos no país, como os de Guarulhos, Brasília, Natal e Porto Seguro, possuem concessão privada. “Todas essas experiências têm um saldo final positivo. Internacionalmente, a gestão privada de aeroportos é uma política de governo em dezenas de países”, comentou.  Por ser uma concessão, o Estado repassa todas as responsabilidades de gestão e segurança das operações e do aeroporto para a iniciativa privada, cabendo ao Estado a fiscalização da qualidade e da execução de investimentos sob responsabilidade da concessionária.

Edgard Monforte Merlo, professor de Economia de Empresas da Faculdade de Economia e Administração de Ribeirão Preto (FEA-RP/USP), avalia que parcerias público-privadas como essa são uma boa saída para que estados e municípios consigam oferecer melhoria nos serviços públicos, sem comprometer ainda mais o caixa. “Você arranja recursos com os investidores privados, faz uma gestão conjunta com eles, que assumem certas metas a serem atingidas. Realizando esses investimentos, as empresas lucram, mas o Estado que não teria recursos para investir, passa a ofertar uma melhoria em um serviço”, destacou.

O economista ainda argumenta que a privatização do aeroporto pode impactar positivamente outros setores da economia local. Por ser um polo regional de negócios, a ampliação da oferta de voos facilita o deslocamento, aumenta a facilidade para a realização de eventos e o turismo de negócios. “Além disso, é possível fazer um desenvolvimento do turismo médico e odontológico. Temos uma oferta desses serviços muito grande e, com a facilidade do aeroporto, você amplia a possibilidade de as pessoas fazerem tratamentos médicos aqui. O setor, que já é muito importante para a cidade, passa a ter uma atuação cada vez mais nacional e até internacional”, concluiu Edgard. 

Compartilhar: