De volta à sala de aula

De volta à sala de aula

Com o retorno das aulas já agendado, ensinos público e particular têm desafios pela frente

A volta às aulas presenciais após o período de distanciamento social causado pela pandemia do novo coronavírus tem data prevista para ocorrer no Estado de São Paulo. O governador João Doria (PSDB), que anunciou a retomada na educação em junho, propôs que as escolas e as universidades voltem a funcionar em espaço físico a partir de 8 de setembro. Contudo, para isso acontecer, diversas medidas e regras precisarão ser adotadas.

Inicialmente, segundo definição do governo do Estado de São Paulo, a abertura das escolas e universidades depende da etapa em que a região da Direção Regional de Saúde (DRS) estiver no período — o que está ligado às fases de flexibilização do Plano São Paulo. Portanto, para uma DRS estar apta às aulas presencias, precisará se encontrar na etapa amarela — a terceira menos restritiva, segundo critérios de capacidade hospitalar e progressão da pandemia — por 28 dias consecutivos.

O governador João Doria anunciou o retorno das aulas para 8 de setembroAtualmente, a região de Ribeirão Preto, que faz parte da Direção Regional de Saúde (DRS) XIII junto a outros 25 municípios, está na fase vermelha, a mais restritiva do plano. De acordo com a Secretaria Municipal da Educação, a retomada das atividades presenciais só ocorrerá quando houver um ambiente seguro e saudável para a comunidade escolar. “A retomada de aulas ou atividades presenciais somente poderá ocorrer quando puder ser oferecido ambiente seguro e saudável aos alunos, professores e funcionários das unidades escolares, em especial aos que pertencem ao grupo de risco. Nesse sentido, ainda não há previsão para a retomada”, informa a pasta.

Acompanhando a evolução do cenário da pandemia, a Secretaria afirma que a expectativa é de que a volta seja de forma escalonada, com número reduzido de alunos. Será oferecido, também, maior apoio aos que apresentarem dificuldades de acesso e aproveitamento do ensino remoto, mediante avaliação individualizada, e planos de recuperação. “Devem ser oferecidas diversas atividades pedagógicas ou complementares de reforço, em parceria com outras secretarias da Prefeitura, bem como com entidades e organizações parceiras. A organização da estrutura da retomada depende das definições do Conselho Municipal da Educação e das sugestões do Comitê Intersetorial”, conclui a pasta.

PROTOCOLOS PADRÕES 

Segundo o plano estadual, as instituições deverão obedecer a normas de segurança, como o distanciamento de 1,5 metro entre as pessoas, inclusive na sala de aula — com exceção da educação infantil —, recreios e intervalos serão em etapas, com o revezamento das turmas em horários distintos, a entrada e a saída dos alunos precisarão ocorrer de forma escalonada para evitar aglomerações, e não poderá haver a promoção de feiras, palestras, seminários e competições esportivas. Além disso, elas precisarão distribuir Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para professores e funcionários, adotar o uso de máscaras, fornecer água potável em recipientes individuais e estimular a limpeza frequente das mãos com água e sabão ou álcool em gel. 

O governador João Doria anunciou o retorno das aulas para 8 de setembroTRÊS ETAPAS

O cronograma para esse novo recomeço é dividido em três etapas: a primeira contará com a combinação de aulas virtuais e presenciais, que deverão respeitar ocupação máxima de 35% do espaço físico. Para essa redução ocorrer, haverá um revezamento de estudantes, que, de acordo com a Secretaria Estadual da Educação, permitirá a ida de cada um deles às aulas, pelo menos, uma vez durante a semana. Sendo assim, em uma instituição com mil estudantes, por dia, apenas 350 poderão ter aulas presenciais. O restante cumprirá atividades remotas, on-line. 

Após a primeira etapa, a meta da Secretaria Estadual da Educação é de que até 70% dos alunos voltem à sala de aula. Porém, para que a segunda fase aconteça, ao menos dez dos 17 Departamentos Regionais de Saúde deverão estar por 14 dias consecutivos na fase verde, com restrições mais brandas do Plano São Paulo. Já para chegar à terceira e última etapa — que vai englobar 100% dos alunos — 13 desses departamentos precisarão estar por mais 14 dias na fase verde. “Se uma região regredir para as fases mais restritivas — vermelha e laranja, consideradas de alerta máximo e controle —, a reabertura das escolas será suspensa em todas as cidades daquela área”, afirma a Secretaria estadual.

Escola TV 

No dia 3 de agosto, a Secretaria Municipal de Educação iniciou a transmissão do programa Escola na TV, na TV Câmara, com o objetivo de fornecer conteúdo complementar ao ensino remoto via teleaulas aos mais de 47 mil alunos matriculados na rede, desde o Ensino Infantil à Educação de Jovens e Adultos (EJA). O programa será transmitido de segunda a sexta-feira, das 8h às 14h, com grade de horário separada por etapa de ensino e trabalhará com os temas: linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas e temas transversais. 

ESCOLAS PARTICULARES

Apesar de os planos do Estado e do município ainda não terem sido divulgados, as escolas particulares de Ribeirão Preto já começaram as preparações para a retomada das aulas. Segundo Márvio Lima, diretor geral das Escolas SEB, as unidades de Ribeirão Preto, assim como as das demais regiões de São Paulo, seguirão todos os prazos, protocolos e orientações oferecidos pelas autoridades municipais e estaduais competentes. “Os cuidados com a saúde e a integridade dos nossos alunos e funcionários estarão sempre em primeiro lugar”, pontua.

O diretor geral das Escolas SEB diz que as unidades seguirão todos os prazos, protocolos e orientações das autoridades municipais e estaduais competentesEntretanto, os colégios já preveem ações que farão parte dessa retomada de ensino, como a utilização de tapetes de sanitização, uso ininterrupto da máscara, aferição de temperatura na entrada, novos hábitos na chegada dos alunos, como a limpeza das mochilas, mãos e uniformes, horários de entrada escalonados para evitar aglomerações, espaçamento adequado dentro das salas de aula, distanciamento social durante as atividades escolares, desinfecção das salas de aulas no recreio e no término da aula, higienização dos ambientes de convívio, como pátio, banheiro, mesas externas e brinquedos a cada uso extremo, treinamento dos professores e funcionários para o novo ambiente, revezamento de turmas, entre outros. 

Já para diretora e mantenedora do Colégio Queiroz Brunelli (CQB) e das unidades Primeiros Passos, professora Nilcéia Queiroz Brunelli, que também vem trabalhando em um plano para a possível retomada das aulas, a melhor opção de planejamento é a personalização de acordo com a estrutura de cada instituição. “Entendemos que as escolas são diferentes umas das outras e a macroestrutura para a unificação é muito peculiar, mas pensamos que poderia haver uma personalização conforme a estrutura ou necessidade de cada instituição. Claro que com muito critério e cuidado, para que não ocorram distorções nas organizações, sejam elas públicas ou privadas”, comenta.

O diretor geral das Escolas SEB diz que as unidades seguirão todos os prazos, protocolos e orientações das autoridades municipais e estaduais competentesSegundo Nilcéia, há mais de dois meses a instituição elabora um plano de reabertura que traga segurança à comunidade escolar. O funcionamento da instituição após o período de distanciamento social estará apoiado em duas premissas: garantir a biossegurança de acordo com protocolos e orientações dos órgãos competentes e promover acolhimento e aprendizado aos alunos. “Entre as ações já definidas para o retorno, temos o uso de máscaras a partir de idade definida pela sociedade de pediatria, uso de EPIs por parte dos professores e demais colaboradores, medição de temperatura na entrada da escola, redistribuição da ocupação de espaços para garantir distanciamento seguro, incremento da higienização de salas, materiais e mobiliário, replanejamento das atividades de corpo e movimento, definição de protocolos e cuidados na alimentação, entre tantas outras. Ainda há pontos a definir que estão em discussão”, pontua a diretora.

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