Estudantes estrangeiros

Estudantes estrangeiros

O número de alunos estrangeiros em escolas estaduais aumentou 66% em São Paulo. Na região de Ribeirão Preto, são 46 alunos de outros países matriculados na rede pública de ensino

Para o professor Rafael Cardoso, a aproximação dos alunos com colegas de outras culturas é positivaO número de alunos estrangeiros matriculados nas escolas estaduais de São Paulo cresceu 66% nos últimos sete anos, de acordo com o levantamento da Secretaria da Educação do Estado.  No Estado inteiro,  cerca de 9,5 mil estudantes de outros países estão matriculados.Nas escolas estaduais da região de Ribeirão Preto estudam 46 estrangeiros. Entre todas as nacionalidades, as mais comuns são a japonesa, paraguaia e portuguesa. Na Escola Estadual Otoniel Mota, estudam três alunos vindos de outros países: um estudante de São Tomé e Príncipe, uma boliviana e um chileno. 

Wanderlit Baguide veio da capital são-tomense, São Tomé, com sua família no final de 2013. O estudante tem 16 anos e cursa o terceiro ano do ensino médio no Otoniel Mota. Wanderlit chegou à cidade com a mãe e irmãos, a passeio para visitar o tio, mas resolveram permanecer em Ribeirão Preto. Para ele, as escolas de São Tomé não têm muitas diferenças em relação à ribeirãopretana, mas confessa que demorou um pouco para se acostumar com os novos colegas. "No começo foi difícil, mas depois fui me enturmando no grupo. Já tenho muitos amigos", conta o estudante. Wanderlit explica que a adaptação foi mais fácil, pois a língua de seu país de origem também é o português. “Fui bem aceito por parte dos alunos e os professores também incentivaram muito”.

A boliviana Lilibete Alvares Liam veio com toda a família para Ribeirão Preto em busca de melhores condições de vida em 2015. "Não tínhamos nada na Bolívia", lembra. Lilibete comenta que teve muito mais dificuldade que Wanderlit para se adaptar ao novo colégio por causa da sua língua materna, o espanhol. "No começo foi difícil, porque eu não sabia falar nada", comenta. Ela foi associando as palavras conforme escutava seus colegas ou ouvia na TV e no rádio. Lilibete faz uma comparação das escolas que passou pela Bolívia e diz que o ensino brasileiro é mais livre no sentido de que os professores são menos rígidos. "Na Bolívia é mais restrito, são pedidas mais tarefas. Aqui você decide se faz ou não", comenta a estudante. Embora confesse que sente saudades da Bolívia, ela acredita que sua vida será melhor no Brasil.

Contato com outra cultura

Para o professor de física, Leandro Cristino de Oliveira os visitantes se adaptaram rápidoO professor de física, Leandro Cristino de Oliveira conta que os alunos eram muito retraídos quando chegaram à escola, mas isso não influenciou na aprendizagem. "Os imigrantes se adaptaram rapidamente ao projeto de ensino", afirma o professor. Os colegas brasileiros aceitaram bem os estrangeiros e possuem curiosidade para conhecer outra cultura.Para Rafael Cardoso, coordenador do curso de Pedagogia do Centro Universitário Barão de Mauá, essa  aproximação dos alunos com uma cultura estrangeira é positiva para a formação dos jovens que crescerão em um mundo cada vez mais globalizado. Rafael vê com bons olhos a troca de experiência e o contato desses alunos. O coordenador acredita que o Estado deve, sim, ter planos e projetos de integração desses alunos, mas sem esquecer os problemas que a educação brasileira já enfrenta em detrimento desses imigrantes. "A demanda do ensino é nossa. Precisamos preocupar primeiro com o nível da educação e depois pensar em planos de integração para alunos específicos", observa Rafael.

A diretora do Otoniel Mota, Adelcia Edelweiss César Serapião de Souza, afirma que a instituição não tem um plano específico para a inclusão de estrangeiros e que isso fica a cargo dos professores. A adaptação do aluno ao novo ambiente escolar é feita na própria sala de aula, com o auxílio dos estudantes e docentes do A diretora Adelcia Serapião comenta que o projeto de inclusão abrange todos os alunoscolégio. "O projeto de inclusão abrange a todos que frequentam o colégio e não se restringe apenas aos alunos de outros países", explica a diretora.

A assessoria de imprensa da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo informa que todas as unidades da rede ensino Estado trabalham com políticas inclusivas e de acolhimento dos alunos estrangeiros, inclusive das famílias. Para os imigrantes que são inseridos na rede, a Secretaria oferece, por exemplo, avaliação de competência para alocar melhor o aluno no ano ou série equivalente ao que ele cursava no país de origem. Além disso, a pasta também conta com o Núcleo de Inclusão Educacional, responsável por definir diretrizes para a recepção e adaptação desses alunos. 

Texto: Gustavo Ribeiro
Foto: Amanda Bueno

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