Reforço em alta
Complemento às aulas on-line pode melhorar o desempenho e o estímulo das crianças

Reforço em alta

Déficit de aprendizagem causado pela pandemia impulsionou a procura por aulas particulares

Texto: Gabriela Maulim

 

Apesar de não haver dados concretos sobre a procura por reforço escolar na pandemia, o déficit de aprendizagem causado pelas aulas mediadas por telas de celulares, computadores e tablets, tem impulsionado a busca por professores particulares. Os novos modos de ensinar e aprender, que precisaram ser reformulados e compreendidos por todo corpo docente e alunos, trouxeram dificuldades a estudantes, principalmente, para aqueles que estão no início das suas jornadas escolares.

Aline Marioti de Oliveira Souza, 32 anos, mãe do Rodolfo Marioti Capuzzo de Souza, 9, notou que o filho precisaria de ajuda extracurricular quando foram para o segundo ano de estudos em casa. “A demanda de trabalhos diários, como a rotina de afazeres em casa, mais o trabalho em home office e a volta para a empresa, não me permitiam o acompanhamento de perto no ensino diário do Rodolfo”, explica a mãe.

A busca pelo reforço escolar partiu dela, pois, apesar de a escola do filho oferecer ótimos professores, em casa ela não tinha a mesma paciência e conhecimento para sanar as dúvidas que começaram a surgir durante as atividades escolares. A falta das aulas presenciais e o fácil acesso às distrações no dia a dia incitaram ainda mais a ideia.

O complemento nas aulas escolares, de acordo com Aline, tem sido totalmente necessário para o Rodolfo, que foi trazido de volta para a realidade após o início das aulas particulares. “Criança precisa ir à escola e ter contato com os professores, com os colegas e as regras de horários. Com o professor particular, eu consegui trazer ele para essa realidade novamente. A experiência é nova para os dois, tanto para mim quanto para o Rodolfo. Para ele, a novidade de ter uma professora exclusiva dando suporte e atenção se tornou o máximo. Para mãe aqui, contar com o apoio da Cássia [professora particular do Rodolfo], que é uma profissional gabaritada e que cativou meu filho desde primeiro contato, foi um alívio. Ela me ajuda em todas as tarefas e auxilia nas questões que ele tem mais dificuldade”, comenta a mãe.

Para Aline, a experiência com a professora particular tem sido positiva. O filho voltou a ter motivação em relação às tarefas da escola e apresentou melhora no aprendizado. “Ele estava super desmotivado em relação às entregas de tarefas. Hoje, ele já acorda dizendo que tem aula presencial com a Cássia, on-line de matemática, artes ou educação física. Isso já é uma melhora, o complemento ajudou a não perder o ritmo, não se atrasar nas questões referentes ao ano letivo e não perder o foco do estudo”, finaliza Aline.

 

AGENDA CHEIA

A procura de pais que já conheciam o trabalho da professora Cássia Daniella Pavanin de Souza Pinho deu o impulso inicial para que ela começasse a oferecer as aulas particulares como reforço para crianças que apresentam dificuldades pedagógicas. Alguns meses após o início da pandemia, a pedagoga começou a reparar no aumento pela busca do reforço escolar. “Atualmente, ofereço aulas de reforço para, em média, 18 alunos particulares. O aumento da procura surgiu alguns meses após o início da pandemia. Com o distanciamento social e as aulas on-line, as dificuldades surgiram. Os responsáveis alegam que não sabem como ensinar, não têm tempo por conta de trabalho e nem paciência. Sabemos que esse processo de ensino não é fácil e, realmente, muitos pais não têm esse preparo”, argumenta.

Segundo Cássia, o principal desafio dessa jornada é mostrar para os responsáveis que o trabalho e a motivação são fundamentais e necessários neste momento atual. “Tanto responsáveis quanto alunos andam bem ansiosos, afinal, a professora particular é a referência física com a qual eles têm contato no momento”, ressalta a professora.

Para avaliar o nível do aluno e identificar as dificuldades, Cássia promove uma avaliação de aprendizagem e, em seguida, planeja as atividades que serão trabalhadas durante o reforço. “Ainda existem pais de pré-adolescentes que me procuram para auxiliar nas tarefas das aulas on-line. Temos tido um resultado muito bom, pois, junto com as atividades, eu explico a matéria e tiro as possíveis dúvidas”, finaliza.

 

DIFICULDADE NO PROCESSO

Tatiana Hadich, 37 anos, mãe de João Felippe Hadich, 7, percebeu que o filho estava com dificuldades após ser chamada na escola anterior, onde foi solicitada uma avaliação pela psicopedagoga, pois João não acompanhava a evolução dos colegas de classe. “A princípio, busquei uma psicopedagoga, porém não tive êxito em relação a valores e disponibilidade. Conversando com meu esposo, pensamos na ideia do reforço e perguntamos no condomínio onde moramos se havia algum profissional. Nos indicaram a Cássia e, para nossa surpresa, ela é também psicopedagoga”, explica a mãe.

De acordo com a Tatiana, as aulas on-line e todo o processo envolvido dificultaram a aprendizagem do filho. “Para ser sincera, aulas on-line coletivas são muito defasadas, muitas interrupções, queda de internet e todo o conjunto acaba dificultando esse processo. Para o meu filho, mais ainda, em razão dessa dificuldade que ele já tinha. Sem dúvidas, se faz necessário um complemento”, conta a Tatiana.

O reforço escolar, para a mãe, tem sido satisfatório, já que a professora, também, trouxe tranquilidade em relação ao processo de aprendizagem de João Felippe. “Pela vasta experiência dela e sua formação, ela estimula nosso filho em vários aspectos e nos deu muita calma no seu diagnóstico. Hoje, não há uma visão individualizada. Para tudo se prescreve remédios e ela realmente nos tranquilizou, garantindo que nosso filho aprenderia no tempo dele”, comenta. Tatiana afirma que, depois das aulas particulares, o filho começou a evoluir e apresentar resultados positivos. “É nítida a evolução”, finaliza a mãe.

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