Saúde  integral

Saúde integral

Tendo a humanização do atendimento e a parceria com o médico entre as principais diretrizes, Dr. Pedro Antônio Palocci antecipa como pretende conduzir a presidência do Grupo São Lucas

Referência no atendimento médico em Ribeirão Preto e região, o Grupo São Lucas inicia uma nova fase de gestão dos seus empreendimentos, em especial, os Hospitais São Lucas (HSL) e Ribeirânia (HR). As duas unidades trabalham com ocupação superior a 85% e buscam a excelência na qualidade dos serviços médicos oferecidos, itens determinantes para atrair a atenção da Hospital Care, holding formada pela Bozano Investimentos, pela família Horn e pela Cia. Bozano.  

Com a previsão de realizar investimentos de R$ 300 milhões, a nova parceria coloca o Grupo na direção do futuro e na vanguarda da Medicina. Os recursos impulsionarão projetos já previstos no Plano Diretor dos hospitais, como a ampliação dos leitos gerais e dos Centros de Tratamento Intensivo (CTIs), além de promover um choque de gestão. “A proposta de investimento não representa apenas um aporte de capital, mas também um meio para viabilizar novos e mais ousados objetivos”, revela Dr. Pedro Antônio Palocci, presidente do Grupo, que há 21 anos compõe a administração das empresas. 

A estruturação de uma rede de atendimento especializado e de média complexidade em Ribeirão Preto e região também faz parte dos planos da nova diretoria, que permanecerá com Pedro Palocci na presidência. “Queremos consolidar nosso compromisso com a excelência no atendimento, mas, agora, com a possibilidade de avançar ainda mais no conceito de saúde multissetorial, totalmente centrada no paciente, no ambiente hospitalar e na melhoria contínua da saúde da população”, continua o presidente, ressaltando, ainda, que outro ponto essencial nesta nova fase do Grupo São Lucas está no reforço da aliança com os médicos, considerados por ele os principais parceiros nesse processo.

Ampliações, reformas e reestruturação administrativa estão entre as primeiras ações para 2018

O Grupo São Lucas recebeu outras propostas de parceria. O que mais pesou na escolha da Hospital Care como sócia?
Pedro: Desde a reforma constitucional, em janeiro de 2015, que permitiu a entrada de capital estrangeiro na saúde, éramos procurados por um ou dois fundos por semana. Realizamos reuniões com mais de 15 deles. O diferencial da proposta da Hospital Care foi o fato de não se limitar a um aporte financeiro, mas incluir a construção de um modelo de assistência à saúde integral, usando os hospitais como centro de uma estrutura também composta por outras unidades de média complexidade, ambulatórios gerais e de especialidades, construindo outros complexos de atenção básica e sempre considerando os médicos participantes diretos do modelo. Assim criaremos uma rede mais adequada aos usuários e às operadoras de planos de saúde, racionalizando e reduzindo os custos, sem deixar de lado a segurança e a qualidade do ambiente hospitalar. Isso será realizado em Ribeirão Preto e na macrorregião da cidade. 
 
Como começaram as negociações com a Hospital Care? Já existe uma previsão de valores e um cronograma para a realização dos investimentos? 
As tratativas começaram há 18 meses e foram concluídas no dia 16 de novembro, com previsão de um aporte financeiro para o início de 2018, que será de R$ 30 a R$ 60 milhões. Esses recursos serão destinados à ampliação dos Hospitais São Lucas e Ribeirânia. Até a conclusão do projeto, o Fundo terá disponibilizado em torno de R$ 300 milhões.
 
De que forma foi estabelecida a sociedade com a Hospital Care?  
As negociações com a holding foram feitas apenas em cima da minha participação no quadro de ações do Grupo São Lucas, que possui mais de 2000 acionistas minoritários. 
 
A participação da holding inclui todas as unidades do Grupo?
Sim, compreende dois hospitais, uma lavanderia, uma central de esterilização e uma clínica de diagnóstico.
 
Quais os resultados práticos dessa parceria?
Planejamos ampliar os hospitais, realizar uma reforma completa das instalações físicas e também adquirir novos equipamentos. Já foram realizados vários estudos que comprovam que o projeto estabelecido é totalmente sustentável e viável. 
 
O Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) aponta que o ritmo de redução de beneficiários de planos de saúde continua em queda — em outubro, a retração foi de 1%. O senhor acredita no fortalecimento do setor de saúde suplementar em 2018?
A retração deve seguir até o próximo ano, só que em menor intensidade. Certamente, as empresas voltarão a contratar planos de saúde à medida que a economia brasileira for melhorando e o número de usuários aumentará rapidamente. Se há emprego, há renda e, com dinheiro, as pessoas irão adquirir seus antigos planos familiares.

Aquisição de novos equipamentos e tecnologias, bem como aprimoramento profissional, também estão nos planos da diretoria 
O que muda no Grupo São Lucas com a chegada da Hospital Care?

Nossos hospitais sempre foram referência de atendimento seguro e de qualidade. O São Lucas é uma das poucas unidades do Brasil com acreditação internacional. A partir da chegada da Hospital Care, teremos um inovador sistema de gestão, com a criação de uma rede de suporte para as áreas de apoio e mais sinergia entre os vários hospitais, que estarão ligados a uma estrutura capaz de centralizar os serviços administrativos não assistenciais.
 
Haverá mudanças no quatro de gestores?
Praticamente não. Continuarei na presidência do Grupo, só que agora com apoio da holding Hospital Care e com suporte de toda a sua estrutura. A organização administrativa não muda, permanecerá a mesma, assim como o conselho consultivo. A novidade fica por conta da criação do conselho administrativo, que incorporou entre outros acionistas do HSL, a presença de representantes dos nossos novos sócios, na pessoa de Rogério Melzi, presidente da Holding e mais dois representantes da Bozano. São os conselhos que definem em consenso, as diretrizes das ações dos gestores. 
 
Quais são as vantagens da parceria?
São diversas, a começar pela ampla estrutura administrativa que passaremos a contar, capaz de garantir mais segurança para planejar aquilo que não está diretamente relacionado ao dia a dia dos hospitais, como a estrutura de tecnologia da informação, por exemplo. É preciso saber que, por mais que seja possível investir em estrutura própria, se não entendo nada do assunto, não consigo atender à demanda adequadamente. A parte administrativa de um hospital tem estruturas financeiras, de faturamento, de contabilidade, entre outras, o que consome muito tempo dos gestores. Por meio da Hospital Care, existe uma organização pronta que permite fazer tudo isso e, assim, o foco do trabalho pode ser, realmente, no “core” do negócio, que é a qualidade da assistência médica oferecida e a segurança do paciente. 

Os investimentos iniciais irão para quais áreas médicas? Qual é o cronograma de implantação?
Teremos o início imediato da construção de mais um prédio com 30 leitos no HSL, sendo dez deles parte do Centro de Tratamento Intensivo (CTI) adulto e 20 dedicados a internações normais. Também serão criados outros dez novos leitos de CTI adulto no HR. Os dois hospitais terão sua estrutura física atual 100% reformadas e modernizadas. Além disso, serão adquiridos novos equipamentos para as duas unidades.
 
A Hospital Care e o Grupo São Lucas pretendem adotar o conceito de saúde multissetorial. Como isso funcionará?
Seguindo essa concepção, o paciente não é atendido e tratado exclusivamente por médicos. Diversas especialidades dedicadas à saúde integram um amplo protocolo de prevenção, tratamento e recuperação da saúde. Entre eles estão fisioterapeutas, psicólogos, fonoaudiólogos, enfermeiros, entre outros. A ideia é disponibilizar tais serviços em unidades externas ao hospital de maior complexidade, criando ambulatórios, hospitais de baixa complexidade, clínicas, entre outros espaços, sempre vinculados ao HSL e ao HR. Toda a demanda em Ribeirão Preto e região está sendo mapeada, mas é certo que novos serviços serão oferecidos aos pacientes. 

Haverá mudanças também relacionadas ao corpo clínico?
Nesta nova fase, queremos que os médicos sejam nossos maiores parceiros e também grandes beneficiados, assim como os pacientes. Queremos deixar muito claro para o nosso corpo clínico que o novo projeto não será realizado somente pela diretoria, mas sim, pelos mais de 850 médicos que trabalham conosco hoje.
 
Qual será o próximo passo?
Queremos crescer e trazer outros investimentos. Estamos fazendo estudos e avaliações de mercado com o intuito de identificar as principais demandas. O mesmo acontecerá com os planos de saúde, mercado onde já estamos tentando entender as necessidades primordiais e, assim, criar serviços extremamente personalizados. 
 
Como será a abrangência regional?
Atualmente, 45% dos pacientes atendidos nos nossos hospitais vêm de cidades da região de Ribeirão Preto. A intenção é oferecer, tanto aqui quanto em cidades da região que estejam dentro de um raio de 100 km de distância, os mesmos serviços.
 
O que a parceria com a Hospital Care representa para Ribeirão Preto?
Significa a possibilidade de prestar melhores serviços à população atendida pelos planos de saúde.

 Há demanda para mais um hospital de alta complexidade na cidade?
Sem dúvida. Isso já está comprovado por diversos estudos. Detectamos um déficit de aproximadamente 100 leitos privados em Ribeirão Preto.
 
Os planos se limitam à ampliação da estrutura hospitalar?
Nossa meta não é só mexer nos hospitais. A ideia é criar uma rede de assistência em volta dessas unidades de saúde, que leve a mesma qualidade assistencial encontrada no HSL e no HR em qualquer ponto da cadeia de atendimento, seja no ambulatório, na clínica especializada ou em um hospital-dia, todos alinhados pelo mesmo processo de trabalho, baseado em qualidade e em segurança. Essa mudança de paradigma permitirá uma importante redução de custos. O São Lucas, por exemplo, é uma unidade de alta complexidade. O ideal, portanto, seria que pudéssemos realocar uma série de atendimentos que acontecem aqui dentro em uma nova estrutura, tão boa e segura quanto as dependências do próprio hospital, mas em um novo endereço. Assim, cada unidade pode focar no aprimoramento da prestação de serviço de acordo com a competência estabelecida. 

 Todas as iniciativas já estão previstas no Plano Diretor do Hopital?
Sim. O documento começou a ser montado em 2010, com previsão para atender às necessidades dos pacientes pelos próximos 20 anos. Desde então, fazemos uma revisão anual, sempre com o intuito de manter os projetos alinhados por um objetivo único. Cada nova construção está alinhada ao Plano Diretor — claro que ele pode ser modificado, mas sempre em torno daquilo que norteia os objetivos ali estabelecidos. 
 
Os investimentos em certificações continuam?
Depois da acreditação com excelência nível III pela Organização Nacional de Acreditação (ONA III), chegamos ao nível máximo existente hoje, em novembro de 2016, com acreditação internacional - QMentum (momento de qualidade), concedida pela Accreditation Canada International. Agora, o desafio é manter essas certificações, pois uma reavaliação acontece a cada três anos. Além disso, recebemos uma visita técnica anual. Também pretendemos levar essas certificações para as demais unidades.
 
Esse projeto inclui o Hospital Ribeirânia?
Sim, inclusive já começamos o processo de acreditação da unidade este ano. Temos a intenção de obter a primeira certificação ONA já em 2018. 

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