Trabalho ininterrupto

Trabalho ininterrupto

Leandro Luciano dos Santos discorre sobre o desafio de assumir a diretoria do Departamento Regional de Saúde em plena pandemia

O Estado de São Paulo é dividido em 17 Departamentos Regionais de Saúde (DRS). Cada unidade é responsável por coordenar as atividades da Secretaria de Estado da Saúde no âmbito regional e promover a articulação intersetorial com os municípios e com os organismos da sociedade civil. Ribeirão Preto sedia o DRS XIII, que engloba mais 25 cidades, com Altinópolis, Batatais, Cravinhos, Jaboticabal, Monte Alto, Pontal e Sertãozinho, entre outras. Coordenar essa complexa rede de serviços voltados à população, em meio à pandemia de Covid-19, é o desafio de Leandro Luciano dos Santos. Conhecido como Leandro Pilha, o cirurgião-dentista e ex-prefeito de Santa Rita do Passa Quatro é o atual diretor do DRS XIII. Na entrevista a seguir, ele destaca pontos importantes relacionados à campanha de imunização, discorre sobre o retorno gradativo das atividades que haviam sido suspensas e enaltece o comprometimento dos profissionais que trabalham ininterruptamente para vencer a batalha contra o novo coronavírus vírus.

Entre 2014 e 2020, o senhor atuou como prefeito de Santa Rita do Passa Quatro. Como foi a experiência de administrar a cidade?

Nesse período, enfrentei uma série de desafios, atravessando uma severa crise política e financeira que atingiu todo o país, principalmente nos anos de 2015 e 2016. Diante das adversidades, buscamos oportunidades para nos reinventarmos. Promovemos profundos ajustes fiscais e enxugamento da máquina administrativa no município, aliados à valorização dos técnicos de carreira da Prefeitura, o que nos permitiu atravessar aquele período e garantir uma rápida retomada econômica e de avanços nos índices de apoio social.

Quais foram as principais medidas do seu mandato?

Santa Rita do Passa Quatro foi, proporcionalmente, uma das cidades do Estado de São Paulo que mais recebeu recursos de emendas estaduais e federais, o que possibilitou a realização de investimentos em infraestrutura e custeio em toda a cidade e que, hoje, garantem uma rede avançada de atendimento e suporte à população nas mais variadas áreas. Outra importante medida que adotamos foi conceder os serviços públicos desaneamento básico, o que vem garantindo investimentos privados no setor nos próximos 30 anos, em valores que giram em torno dos R$ 30 milhões, permitindo, assim, que Santa Rita do Passa Quatro alcançasse 100% de seu esgoto tratado, além da distribuição de água potável de qualidade para toda a população, ininterruptamente, durante todo o ano, gerando bem-estar e reforçando o compromisso que assumimos com o meio ambiente e com a saúde pública. Além disso, durante os anos de 2019 e 2020, exerci a Presidência da Associação das Prefeituras Estâncias do Estado de São Paulo (Aprecesp). No meu mandato, a cidade, como Estância Turística que é, recebeu grandes investimentos na área, o que a destacou como polo regional de turismo, contribuindo com a geração de emprego e de renda em todos os municípios do entorno.

Como foi migrar para a diretoria do Departamento Regional de Saúde (DRS- XIII)? Quando e de que forma essa mudança aconteceu?

O convite do governador do Estado João Doria e do vice-governador Rodrigo Garcia para que eu assumisse a Departamento Regional de Saúde da região de Ribeirão Preto foi encarado como mais um grande desafio pessoal e profissional de minha vida, notadamente, em razão de estarmos diante da maior crise de saúde pública das últimas décadas, ocasionada pela Covid-19. De todo modo, entendi que poderia contribuir no desenvolvimento de políticas públicas de combate à pandemia e no enfrentamento de outros tantos problemas que envolvem a saúde pública como um todo, priorizando a permanente interlocução entre o Estado de São Paulo e os municípios da nossa região.

Coordenar o sistema de saúde de tantas cidades já é um desafio por si só. No período de pandemia, a tarefa ficou ainda mais árdua? Como tem sido a rotina de trabalho?

Assumi a Departamento Regional de Saúde no dia 8 de junho de 2021, em plena pandemia, o que tem exigido não só de mim, mas também, e principalmente, de toda a equipe da Regional, uma doação integral à causa da saúde pública. Neste cenário, a nossa rotina de trabalho se divide, fundamentalmente, entre atividades e compromissos administrativos diários mantidos com técnicos da Secretaria de Saúde do Estado e com gestores municipais, aliados ao constante monitoramento de metas e resultados propostos pelo governo do Estado.

O trabalho em equipe faz a diferença? Os profissionais da saúde estão empenhados nessa luta, tanto em relação à prevenção, quanto ao tratamento?

O engajamento dos profissionais da saúde do Brasil tem sido maciço e, por esta razão, inspirador. Tenho o privilégio de contar com uma equipe empenhada na Regional de Saúde, que tem profundo conhecimento de saúde pública e que conhece cada uma das dificuldades que diuturnamente enfrentamos. O trabalho de toda a nossa equipe acontece ininterruptamente, 24 horas por dia, durante os sete dias da semana, e se soma ao trabalho dos prefeitos e secretários municipais de Saúde de cada um dos 26 municípios que estão integralmente comprometidos com as políticas sanitárias preconizadas pelas autoridades estaduais. Isso tem permitido que alcancemos avanços importantes nos índices de vacinação, ao mesmo tempo em que vemos os contágios e os agravamentos ocasionados pela Covid-19 serem reduzidos significativamente.

Poderia comentar o andamento da campanha de vacinação na regional?

O controle da pandemia depende muito dessa evolução da imunização, certo? A campanha de vacinação, na maioria das cidades da região, está adiantada em relação ao calendário inicial proposto pelo Estado, o que tem desafogado a demanda por leitos de enfermaria e de UTI destinados à Covid-19. Até algumas semanas atrás, essa era uma grande preocupação dos gestores. Conforme sustentado pelas autoridades sanitárias do Estado desde o início, a vacinação em massa é o instrumento mais eficaz para o controle da pandemia.

A população também tem que fazer a sua parte?

A população tem sido a peça fundamental no processo de superação da pandemia. Ela deve continuar atendendo as medidas de higiene, o uso de máscara e o distanciamento social, mesmo depois de vacinadas, respeitando os prazos para a segunda dose, pois, sem ela, não atingiremos a completa imunização. Ainda sobre a vacina: o primeiro recado fundamental aos que relutam em ser imunizados é que a vacinação em massa é a única saída para o controle da pandemia. E o segundo recado importante é que não se deve escolher entre as vacinas, muito menos utilizar de supostos efeitos adversos como critério de escolha. Isto porque todas as vacinas têm registro definitivo concedido pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Santária) e foram testadas no Brasil, mostrando-se efetivas em reduzir hospitalizações, óbitos e internações. Só assim retomaremos a esperada normalidade e veremos a retomada do crescimento econômico e social do país.

E a saúde além da pandemia? Quais são as outras questões que o Departamento Regional tem trabalhado?

Para enfrentarmos o período pós-pandêmico, estamos investindo muito no planejamento e em ações coordenadas, sendo certo que já está em andamento um processo de retorno gradual das atividades que foram suspensas no início da pandemia, liderado pelo Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, pelo Hospital Estadual de Ribeirão Preto, pelo Hospital Estadual de Serrana e pela Mater, que estão retomando cirurgias e atendimentos ambulatoriais de forma gradual e progressiva. Especial atenção está sendo dada, também, a pacientes em recuperação da Covid-19 que apresentam sequelas, principalmente cardíacas, pulmonares e motoras, que requerem tratamento especializado. De todo modo, se você me perguntar se estávamos preparados para esta pandemia, a resposta é não. Agora, se no futuro nos depararmos com uma outra pandemia dessa magnitude, posso afirmar que o fortalecimento de nosso sistema de saúde pública e a transformação de discurso em ação nos prepararam para o seu enfrentamento.

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