Gestão técnica

Gestão técnica

Candidato do Partido Verde, o professor Edmur Manfrin ressalta que, se eleito, formará uma equipe de governo exclusivamente com pessoas de comprovada competência técnica e eficiência profissional

Professor dos ensinos Médio e Superior há mais de 40 anos, Edmur Manfrin tem 67 anos e é, pela primeira vez, candidato a ocupar a Prefeitura de Ribeirão Preto, ao lado do empresário Edson Bravo. Em 2012, Edmur foi candidato a vereador e obteve 2.768 votos, ficando na primeira suplência do partido. Como candidato a prefeito, defende a sustentabilidade e a valorização humana. “Estamos lançando a primeira semente que pode levar ao embrião de maior valorização humana. Nossa campanha não visa apenas à proteção da fauna e da flora. A sustentabilidade vai muito além disso”, destaca Manfrin. Para o candidato, a administração pública precisa ser encarada como uma empresa, administrada por técnicos. “Uma administração pública não é para ceder pastas (secretarias municipais) em troca de favores”, argumenta.

Qual a sua avaliação e o seu posicionamento em relação aos oito anos de governo da prefeita Dárcy Vera? 
Insatisfatório, pois, em geral, não atendeu às expectativas da população. Isso é visível nos muitos problemas que afetam a saúde, a educação e a infraestrutura, como os buracos nas ruas, entre tantos outros. A causa da maior parte dos problemas foi a atual administração ter construído seu governo com a contratação de pessoal, sem priorizar a capacidade técnica e profissional. É uma lição importante para o futuro: nosso governo será construído exclusivamente com pessoal com comprovada competência técnica e eficiência profissional, e não por mero jogo de interesses e favores político-partidários.

Segundo o Observatório Social de Ribeirão Preto, o déficit primário projetado para o ano que vem é de R$ 1 bilhão. Caso seja eleito, como pretende administrar a cidade com essa dívida? 
A situação financeira de Ribeirão Preto é uma bomba que já explodiu. Para 2016, a receita da cidade é de quase R$ 2,17 bilhões, e as despesas fixas giram em torno de R$ 2,035 bilhões, gerando um saldo superavitário de pouco mais de R$ 134 milhões, o que é muito pouco para resolver a dívida da cidade. Com esses valores constantes, levaria dez anos para pagar a dívida. Então, o primeiro passo do nosso governo será fazer uma auditoria e detectar onde é possível reduzir a despesa fixa. Com isso, aumentamos a receita para administrar a cidade e conseguir pagar a dívida. 

Cerca de 90% da receita está comprometida com o pagamento de pessoal e de despesas de custeio. Em contrapartida, a cidade necessita de investimentos em várias áreas. Como equacionar essa questão?
A raiz desse problema é muito óbvia: o rombo nas contas públicas, o que corrigiremos com uma gestão honesta e competente. O primeiro passo é, com a auditoria, identificar e reduzir gastos desnecessários, mas mantendo o que é essencial para o bem-estar da população. Em segundo lugar, aumentar a receita sem aumentar impostos, e gerenciar com criatividade e inteligência os recursos que a cidade possui. O orçamento é suficiente e a cidade não estaria nessa situação lastimável com uma boa administração do dinheiro público. O objetivo do Governo do PV é simples e realista: administrar a cidade cumprindo a Lei de Responsabilidade Fiscal. 

A lei de 2012 que estabeleceu novos valores para o IPTU definiu que a atualização da Planta Genérica de Valores deve ser atualizada em todas as gestões. O senhor fará essa atualização?
Lei é lei: aplica-se a correção oficial, para não contrariar a Lei de Responsabilidade Fiscal e para não comprometer a arrecadação da Prefeitura e a administração da cidade. O candidato que disser que não vai atualizar o IPTU, conforme a Lei, estará fazendo campanha demagógica. O prefeito que não atualizar o IPTU conforme a Lei estará cometendo crime contra a administração pública. Nós fazemos parte da população que se sustenta trabalhando honestamente e, por isso, sentimos na pele o que todo brasileiro sente: vivemos uma situação injusta, porque pagamos muitos impostos e, em troca, o governo não fornece os serviços essenciais pelos quais pagamos, nem em quantidade e nem em qualidade satisfatórias. A primeira e única solução definitiva para esse problema é expulsarmos a corrupção e a incompetência da administração pública, para fazermos o governo ser eficiente e cumprir com as obrigações constitucionais. Se é possível em países como a Noruega, Suécia e Finlândia, então, temos que fazer ser possível aqui também.

Um dos problemas que a população mais reclama atualmente é dos buracos e da manutenção das vias públicas. Como pretende resolver essa questão em curto prazo?
Resolveremos dois problemas com um só projeto. Primeiro, utilizar a usina de reciclagem de resíduos da construção civil, transformando esse material que viraria lixo em concreto, que é muito mais resistente. Segundo, reutiliza-se esse concreto para tapar os buracos das ruas. Com isso, economiza-se o valor gasto com a compra da manta asfáltica e com o serviço que hoje é terceirizado, caro e ruim. 

Ribeirão Preto gasta anualmente cerca de R$ 500 milhões com a saúde, mas, apesar desse grande investimento, a população reclama muito da qualidade do atendimento. Como melhorar o atendimento se os recursos estão cada vez mais escassos?
O serviço de saúde oferecido hoje é inadequado e ruim porque busca tratar a doença, e não faz sua prevenção. É impossível melhorar o atendimento de saúde se não mudar a forma como ele tem funcionado. Nossa proposta é de adotar a medicina preventiva, que funcionaria com agentes comunitários de saúde e assistentes sociais que teriam a função de detectar problemas, fazendo uma triagem ativa, isto é, visitando as casas das pessoas. Após essa triagem ativa, agenda-se a visita do médico de família. Esse tipo de atendimento preventivo melhoraria a vida das pessoas, pois evitaria a doença. Como consequência, isso aliviaria as UPAs, diminuindo a lotação e melhorando a qualidade do atendimento. Também é necessário assegurar o saneamento básico, porque diminui a incidência de doenças. Além de implementar a medicina preventiva, o governo do PV vai concluir as UPAs que estão em obras e equilibrar o quadro clínico. 

O senhor considera prioritário equilibrar as finanças do município ou realizar novas obras? 
É obvio que temos que equilibrar as contas primeiro. Corrigir a administração é pré-requisito para realizar investimentos e administrar a Prefeitura de maneira honesta e sustentável. 

Existem áreas da administração municipal que podem ser terceirizadas, como Daerp, área azul e serviços de saúde, ou não há necessidade de implementar essa medida? 
O Partido Verde é contra a terceirização. Por essência, a Prefeitura é um órgão prestador de serviços e, dessa forma, temos que valorizar e capacitar as áreas da administração e seus os funcionários, em vez de sangrar o cofre público com terceirização de serviços básicos. Água não se vende, água se defende: não há a menor possibilidade de terceirizar ou privatizar os serviços de água, porque é um recurso garantido como um direito humano. Da mesma forma, a saúde é direito constitucional garantido ao cidadão e deve ser oferecido pela Prefeitura e pelo Estado. Não podemos jogar o bebê fora junto com a água da bacia: para resolver os problemas, precisamos investir em competência e em profissionalismo.

Quais são as suas propostas para a educação?
Nossa proposta para a Educação contempla tanto professores quanto alunos. Para os professores, iremos valorizá-los com o estabelecimento de um plano de carreira melhor, que os ajude a se aprimorar e a dar aulas que estimulem nos alunos a curiosidade e a vontade de aprender. Para os alunos, tornaremos o Ensino Fundamental e o Médio mais atrativo, mais interessante: o governo do PV vai revisar e reformar os planos curriculares e melhorar a qualidade da Educação com a implementação do ensino em dois períodos, um ensino essencial e indispensável, e o outro com ensino opcional sob demanda, que oferecerá conteúdos conforme o interesse para o futuro profissional de cada um. Não iremos cometer um erro que é recorrente; tratar o aluno como objeto tentando forçá-lo a aprender. Ninguém aprende por obrigação. Daremos ouvido aos alunos para oferecer um ensino adequado. Sou professor há 40 anos e acredito que o ensino de qualidade é aquele que, em primeiro lugar, estimula a vontade de aprender. Além disso, quanto à Educação Infantil, corrigiremos um problema que afeta, sobretudo, as pessoas mais pobres: a falta de vagas em creches. De imediato, no curto prazo, ampliaremos quando for possível as vagas nas creches já existentes na cidade. O governo do PV não faz proposta hipócrita e nem campanha demagógica: a solução realista e definitiva para esse problema é de médio e de longo prazo, que é mapear a demanda por bairro e construir novas unidades de creches. 

Quais são as suas propostas para melhorar a gestão do transporte coletivo?
Ribeirão Preto tem um problema de gestão generalizado que afeta o transporte e a qualidade da saúde, da educação e de outros serviços essenciais. A qualidade do asfalto é ruim e temos mais buracos do que rua para passar com o carro, mas isso é o sintoma, e não a causa da doença. A causa do problema é a gestão incompetente que, por longo prazo, utiliza asfalto de qualidade baixa, que não aguenta o trânsito dos carros e que tem recorrido a reparos emergenciais "tapa-buracos" para tentar administrar o sintoma sem curar a doença. O problema de gestão é generalizado e vamos resolver desde a raiz: administrar a cidade do jeito que deve ser, de maneira honesta, técnica, competente e profissional. Desse modo, isso quer dizer que a gestão do transporte exige uma ação que dá resultado em médio e em longo prazo: a troca do asfalto que temos hoje por outro de alta qualidade, durável, que não fique esburacado na primeira chuva. Além dos problemas de gestão e de como eles afetam o transporte, temos propostas para o planejamento da mobilidade urbana. A mobilidade começa na calçada porque todos nós somos pedestres. A cidade precisa facilitar a locomoção de quem anda a pé, e de quem vai e volta com cadeira de rodas ou mesmo com carrinho de bebê.  Da forma como está, é difícil, principalmente, para quem tem deficiência física, de visão e para os idosos.  Por isso, faremos um programa de padronização das calçadas, que seja barato e viável para o cidadão. O governo do PV pretende trabalhar para viabilizar a criação de estações intermodais, que são áreas que integram o transporte de carro, de ônibus, de leva e traz, de táxi e, com isso, dispersa e melhora o trânsito no Centro da cidade. Também nos preocupamos em buscar soluções para as vias expressas, com a transformação de rotatórias em viadutos com recursos do PAC, viabilizar o transporte de bicicletas criando ciclo faixas permanentes e implementar um Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) que circularia no anel viário já existente, integrando todas as áreas da cidade.

O que pretende fazer para melhorar a segurança da cidade?
Normalmente se pensa a segurança como responsabilidade e dever exclusivo do Estado. Porém, a Prefeitura deve agir e dialogar com a Polícia Militar, buscando uma estratégia conjunta para a segurança pública. No Governo do PV, a Prefeitura buscará identificar as áreas socialmente vulneráveis para mobilizar a atenção assistencial, aumentando a presença do poder público por meio da educação, do transporte e da saúde. Além disso, a Prefeitura deve ampliar a cobertura da central de monitoramento para a vigilância das áreas estratégicas e vulneráveis da cidade.

Quais os projetos que pretende implementar para melhorar a qualidade de vida em Ribeirão Preto?
Qualidade de vida é essencial e envolve muitos fatores, e todos eles estão contemplados em nossa proposta de futuro para Ribeirão Preto. Promover o bem-estar da população é garantir a saúde e incentivar a cultura e a educação, para provocar nas pessoas o sentimento de que todos fazem parte da cidade. A Prefeitura deve fazer sua parte: manter a limpeza em dia, desenvolver a coleta seletiva do lixo, melhorar a sinalização e a iluminação, construir mais creches, cuidar das praças e áreas verdes, melhorar o transporte coletivo, garantir atendimento médico de qualidade, aprimorar e fiscalizar o tratamento e a distribuir a água. No entanto, todos devemos contribuir para que isso aconteça. 

Compartilhar: