Governo independente

Governo independente

Tendo como vice na chapa, o empresário da educação, Oscar Luiz de Moura Lacerda, o radialista Rodrigo Camargo promete realizar, caso seja eleito, um governo independente da ingerência dos partidos

Qual a sua avaliação e o seu posicionamento em relação aos oito anos do governo da Prefeita Dárcy Vera?
Este governo teve seus méritos ao romper com uma política desastrosa, arcaica, que teima em acontecer em Ribeirão Preto. Uma política que mantém o governo nas mãos de apenas algumas famílias. Cumpriu seu papel quando resolveu um problema centenário, que foi o fim das enchentes. Quando lutou pela permanência da Agrishow, a maior feira de tecnologia agrícola da América Latina, um evento fundamental para Ribeirão Preto, que vive do turismo de negócios. Por outro lado, deixou, muitas vezes, de atender aquilo que a população esperava. Isso aconteceu porque, na proposta de reeleição, em 2012, essa gestão se associou a 16 partidos, perdendo a governabilidade. Quando se perde a governabilidade, há um afastamento das necessidades da população. Quando você faz uma aliança muito grande, com sete, oito, 12, 16 partidos, há uma demanda extraordinária para atender acordos políticos que precisam ser honrados, em detrimento dos interesses e das necessidades da população. 

2. Segundo o Observatório Social de Ribeirão Preto, o déficit primário projetado para o ano que vem é de R$ 1 bilhão. Caso seja eleito, como pretende administrar a cidade com essa dívida?
Nenhum governo passou por Ribeirão Preto sem deixar dívidas. Se fizermos uma retrospectiva, em todo final de mandato, a dívida é divulgada na imprensa como um prenúncio do caos. Temos que tomar muito cuidado com isso, senão dá a impressão de que não haverá investimento nenhum na cidade. Precisamos lembrar que a gestão pública está voltada às necessidades da população. Os investimentos precisam acontecer. Não fiz alianças com muitos partidos justamente por isso. Vou desinchar a máquina pública, gastando menos com cargos de comissão que servem para acomodar os apadrinhados políticos, o que precisa ser feito com urgência. Uma das primeiras medidas que tomaremos será uma reforma administrativa, que permita esse enxugamento da máquina e melhorias no atendimento à população. Temos, como exemplo, a Cohab, um assentamento de cargos ocupados por apadrinhados do PMDB, que se inviabilizou. Em síntese, a dívida é grande porque não houve cuidado com o gerenciamento da cidade. O que há é um cumprimento desses acordos partidários. Para desinchar a máquina pública, precisamos, ainda, de um controle rígido de arrecadação e de gastos com contratações e com licitações. Pensando nisso, criaremos a Secretaria da Receita Municipal, separando a arrecadação da gestão do dinheiro público, como acontece no Governo Federal, em que temos a Receita Federal, responsável pela arrecadação, e o Ministério da Fazenda, que ordena as despesas. Com esse controle, não precisaremos sacrificar o contribuinte com a criação de impostos ou aumentos de alíquotas.

3. Cerca de 90% da receita está comprometida com o pagamento de pessoal e as despesas de custeio. Em contrapartida, a cidade necessita de investimentos em várias áreas. Como equacionar essa questão? 
Novamente, não fazendo acordos. Enquanto tivermos candidatos coligados com sete, oito, dez partidos, essa questão não será equacionada. Antes da campanha, conversei com muitos partidos, buscando fazer com que entendessem que Ribeirão Preto precisa ter um olhar voltado para as pessoas, para as necessidades delas, não mais um olhar voltado para os acordos de balcão. Precisamos que os serviços públicos funcionem e isso começa pelo não comprometimento com um balaio partidário. A função do administrador público, além de equacionar esta questão, é buscar recursos em outras esferas de governo e mesmo na iniciativa privada, para garantir os investimentos de que o município necessita. É preciso ter criatividade.

4. A lei de 2012, que estabeleceu novos valores para o IPTU, definiu que a Planta Genérica de Valores deve ser atualizada em todas as gestões. O senhor fará essa atualização?
Farei uma revisão de tudo o que foi decidido nos últimos anos, principalmente a partir de 2012, ano em que a atual gestão se rendeu aos acordos para viabilizar a reeleição, o que prejudicou, nitidamente, o andamento das políticas públicas. Essa lei será revista, como tantas outras. Vou dialogar com a Câmara Municipal e com outras forças representativas da sociedade, que terão voz ativa nas discussões do que é melhor para Ribeirão Preto. Aumentar impostos não é o melhor para a cidade. 

5. Um dos problemas que a população mais reclama, atualmente, é dos buracos e da manutenção das vias públicas. Como pretende resolver essa questão em curto prazo?
Não fazendo da Infraestrutura um lugar para acomodar acordos políticos partidários. A atual gestão, como tantas outras, fez também da Secretaria Municipal de Infraestrutura um assentamento de cargos para fazer o acerto de combinações políticas. Em oito anos, cinco secretários passaram por ela. Os quatro primeiros eram de um partido coligado em 2012. Houve, também, falta de investimentos. Temos dois problemas que exemplificam isso. O primeiro é o asfalto, de péssima qualidade. Já tivemos até mesmo uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) desse assunto na Câmara, que infelizmente terminou arquivada pelo Ministério Público. Além disso, temos as finanças do município mal geridas. O resultado é que, em grande parte da cidade, o asfalto está estourando, velho, e temos que fazer a substituição. Se andarmos pelo centro da cidade, por exemplo, veremos também uma fina camada que foi jogada criminosamente sobre os paralelepípedos das ruas no final dos anos 1990 e início dos anos 2000, durante a gestão do ex-prefeito Luiz Roberto Jábali (PSDB). Isso revela uma péssima política de infraestrutura que sempre aconteceu em Ribeirão Preto. Chegou a hora de resolvermos essa situação. De forma imediata, atacaremos o problema nos primeiros dias de governo.

6. Ribeirão Preto gasta, anualmente, cerca de R$ 500 milhões com a saúde, mas, apesar desse grande investimento, a população reclama muito da qualidade do atendimento. Como melhorar o serviço se os recursos estão cada vez mais escassos?
É preciso ter inteligência e criatividade, o que ainda pode ser ajudado com o uso da tecnologia. No início desse processo eleitoral, visitei a Fundação Instituto Polo Avançado da Saúde (Fipase), uma instituição mantida pelo poder público municipal vocacionada a todo tipo de inovação tecnológica para a área da Saúde. Pasmem! A Fipase tem, em sua incubadora, uma empresa criada em Ribeirão Preto, a Kidopi, que foi premiada internacionalmente como o melhor software da área de saúde do mundo. Este aplicativo está em testes no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Agora eu pergunto: por que o primeiro a se beneficiar não foi o cidadão de Ribeirão Preto? As tecnologias desenvolvidas no município precisam facilitar o atendimento e acelerar a solução dos problemas das pessoas que moram aqui. O município é quem patrocina o investimento da Fipase, mas o Albert Einstein está usufruindo de uma tecnologia desenvolvida em Ribeirão Preto e através de incentivo do município. Por isso,  promoveremos a informatização total da Saúde, agilizando o agendamento e a realização de consultas e de exames. A pessoa não precisará passar pelo constrangimento de ir até uma unidade de Saúde e enfrentar filas só para agendar uma consulta para daqui dois ou três meses. É uma demora que não dá para aceitar. Também não dá para aceitar que ainda se utilizem papeletas para marcar consulta. Com todos os procedimentos informatizados, os pacientes poderão ser avisados do agendamento por telefone ou mensagens de texto pelo celular. Isso é um exemplo de que o serviço público estará cada vez mais perto da população. Iremos também nos preocupar, por meio de políticas de valorização profissional e do aprimoramento do conhecimento, em ter médicos mais preparados e estimulados para o trabalho, o que também falta ao sistema público, cuja gestão foi abandonada há muito tempo.

7. O senhor considera prioritário equilibrar as finanças do município ou realizar novas obras? 
As duas coisas andam juntas. Não adianta equilibrar as finanças e as pessoas não encontrarem serviços públicos de qualidade. Não adianta tentar suprir as necessidades se não há dinheiro para fazer. Equilibrar finanças significa priorizar investimentos.

8. Existem áreas da administração municipal que podem ser terceirizadas, como Daerp, área azul e serviços de saúde, ou não há necessidade de implementar essa medida? 
Não há necessidade. O Daerp não será privatizado na minha gestão. O Daerp é do povo de Ribeirão Preto. É empresa pública. Temos na cidade uma tradição, principalmente do PSDB, de privatizar. Até hoje, guardamos luto da finada Ceterp, a nossa antiga central telefônica, que foi vendida por valores irrisórios na administração do PSDB. Ribeirão Preto ainda chora essa perda. Se já aprendemos que isso está errado, não é possível que alguém ainda vá fazer o mesmo com o Daerp. O PSDB pretende vender. Já outro candidato, do PDT, tem na sua coligação o PR, partido que, no começo do governo Dárcy Vera, tomou conta do Daerp, gerindo aquela empresa como se fosse de um dono só. Repito que o Daerp é da população de Ribeirão Preto e assim deve permanecer. Em relação à Área Azul e aos serviços de saúde, a Prefeitura de Ribeirão Preto também tem condições de fazer o gerenciamento. Temos uma empresa de tecnologia, a Coderp, que está aí para isso. Hoje, já existem condições de comprar, pelo celular, créditos para estacionamento. A fiscalização pode ser feita com o uso de tablets. Basta tirar uma foto da placa do veículo e conferir se ele ainda tem créditos. Portanto, não há necessidade de terceirizar.
É preciso, sim, uma gestão eficaz.

9. Quais são as propostas para a Educação?
Precisamos, inicialmente, atender à demanda por creches, zerando a fila de espera. Por mais que a atual gestão tenha construído 20 escolas e estabelecido convênios para o atendimento das crianças em creches, é fundamental ter mais unidades educacionais, contratando também os professores. Outra questão que priorizaremos será o atendimento das exigências do Plano Municipal da Educação, que ainda vai ser votado na Câmara de Vereadores. Estabeleceremos, também, uma gestão democrática na Educação. A população poderá eleger os diretores e, mais que isso, o conselho gestor de cada escola. Ou seja, o diretor eleito não será a única autoridade de gerenciamento. Ele contará com um conselho gestor, que será composto por representantes do corpo de funcionários, dos alunos, dos pais e dos professores. Tudo para fazer com que a escola seja exatamente a cara da comunidade atendida.

10. Quais são as suas propostas para melhorar a gestão do transporte coletivo?
As melhorias no transporte público passam pela mobilidade urbana. Para isso, precisamos da aprovação do Plano de Mobilidade. Este é um assunto que deve ser levado a sério em Ribeirão Preto. Caso contrário, ficaremos cortando em pedaços a solução dos problemas do serviço público de transporte. Por exemplo: a Prefeitura resolve a questão da estação de embarque da Praça das Bandeiras, mas, amanhã, isso cria uma nova necessidade. Justamente porque falta a Ribeirão Preto tratar com seriedade esse Plano de Mobilidade. Tenho certeza de que os concessionários do transporte coletivo serão os primeiros a nos ajudar nesse sentido. Eles aguardam do poder público uma gestão mais inteligente, que traga agilidade e economia para o serviço, com possibilidade de baratear o preço das passagens para o usuário. A implantação de corredores exclusivos de ônibus, em todas as regiões da cidade, também vai garantir agilidade e conforto ao cidadão. Os projetos de implantação dos corredores já foram licitados e os recursos do Governo Federal para as obras estão assegurados. Também concluiremos todas as estações de embarque previstas na licitação do transporte coletivo.

11. O que pretende fazer para melhorar a segurança da cidade?
Criaremos a Secretaria Municipal de Segurança Pública, que vai concentrar a Defesa Civil, a defesa do patrimônio público e a segurança do trânsito. Isso possibilitará, por exemplo, ampliar o serviço Olhos de Águia, em parceria com a ACIRP (Associação Comercial e Industrial) e a Polícia Militar. Estabeleceremos também políticas de incentivo e apoio aos conselhos de segurança dos bairros porque não podemos mais depender de um governo como o do Estado de São Paulo, que trata a segurança pública com muita irresponsabilidade. O povo de Ribeirão Preto, como todas as outras cidades do Estado, precisa encontrar soluções caseiras. A nossa será a Secretaria de Segurança, com todas as ferramentas para uma segurança pública mais eficiente. Ela será, por exemplo, um dos canais de proteção à mulher ribeirãopretana. Participei, recentemente, do fórum em comemoração aos dez anos da Lei Maria da Penha, que deixou claro que ainda é preciso fazer muito em políticas públicas voltadas exclusivamente às mulheres da cidade. A Prefeitura também vai pôr em prática um amplo projeto de substituição da iluminação pública nos bairros e de incentivo à realização de atividades para ocupação dos espaços públicos, como a implementação de ações esportivas, culturais e educacionais, o que também contribui para melhorar a convivência entre as pessoas e, consequentemente, a segurança pública. 

12. Quais são os projetos que pretende implementar para melhorar a qualidade de vida em Ribeirão Preto? 
O primeiro passo é garantir a participação efetiva da população no governo. O cidadão deve se sentir responsável por sua cidade. Não temos mais como esperar para ter uma  cidade melhor para se viver. Não temos mais como esperar para ter a melhor saúde, a melhor educação, o melhor sistema cultural. Temos que colocar a mão na massa. A nossa campanha é, na verdade, um chamamento à população. Somos todos responsáveis para criar a Ribeirão de Verdade. E de que forma faremos isso? Criando os conselhos populares, em seis regiões: norte, sul, leste, oeste, central e Bonfim Paulista. Eles estarão ligados a subprefeituras regionais. Todo cidadão poderá ter vez e voz nesses conselhos, tratando de críticas e de sugestões, porque não adianta a gente só reclamar. Precisamos de soluções para nossos problemas. Ribeirão Preto se cansou de, nos últimos anos, ter políticos só para apontar falhas. Ninguém trouxe solução. Será o nosso governo que trará um novo tempo para Ribeirão Preto a partir de janeiro de 2017. A população será fator decisivo para todo e qualquer encaminhamento de políticas públicas da cidade. Uma Ribeirão de Verdade tem mulheres, crianças e idosos protegidos e felizes, animais bem tratados e respeitados e os direitos de todos os seus moradores garantidos. Uma Ribeirão de Verdade se preocupa com todos os seus segmentos representativos, como os movimentos da comunidade LGBT, os grupos de defesa da cultura negra, os que lutam por moradia digna, entre tantos outros. Vamos juntos, com cada eleitor da cidade, planejar e, o melhor, construir nos próximos anos a Ribeirão Preto que tanto sonhamos. Transformaremos essa cidade na Ribeirão Preto que queremos. 

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