Funcionários públicos são presos

Funcionários públicos são presos

Na Operação desencadeada pela Polícia Federal, foram expedidos 11 mandados de prisão temporária, sendo para seis funcionários públicos

Entre os presos na Operação Sevandija, em Ribeirão Preto, estão seis pessoas envolvidas com a administração municipal. São dois secretários municipais, o da Educação, Ângelo Invernizzi Lopes, e o superintendente do Departamento de Água e Esgoto (Daerp), Marco Antonio dos Santos, além da secretária-adjunta da Casa Civil, Maria Zuely Alves Librandi. Os servidores que também tiveram prisão temporária decretada, foram o diretor técnico do Daerp, Luiz Alberto Mantilla Rodrigues, que teve a filha Julia Mantilla também detida, já que ela administra uma empresa de Luiz, em Santos, e Maria Lucia Pandolfo, diretora na Coderp.


O Ministério Público Estadual, responsável pela investigação, informa que a operação se iniciou em julho de 2015, após suspeitas levantadas na licitação na compra de catracas para escolas do município, orçadas em R$ 26 milhões. “Empresas do mesmo grupo ou que representavam a mesma pessoa participaram desta licitação. Chamou a atenção o último contrato de aquisição que teria um valor muito acima dos anteriores”, disse o promotor Flávio Neto, em entrevista coletiva no dia da operação.


O envolvimento da Secretaria da Educação do Município possui tanto destaque na investigação, que delegados da Polícia Federal disseram que a pasta “é uma fonte de dinheiro de propina”, e que em razão dessas fraudes têm ocorrido interrupção de serviços básicos, como a coleta de lixo do município, suspensa recentemente, por falta de pagamento, e atraso dos repasses da verba de hospitais do município. Quando foi prestar depoimento na Polícia Federal, o secretário da Educação, Ângelo Invernizzi, disse que foi ao local “para colaborar”, mas que não foi informado do que se tratava.
Os outros fatos são referentes a fraudes na Coderp e no Daerp. Na Coderp, a Polícia Federal concluiu que houve compra de apoio político pelo governo municipal junto aos vereadores, para que a Prefeitura tivesse apoio na votação de projetos de interesse na Câmara. A Polícia informou que empresas terceirizadas contratadas pela Coderp, admitiam pessoas indicadas por agentes públicos, especialmente por vereadores, que passaram a integrar o esquema para apoiar a Prefeitura na Câmara, votando matérias e projetos de lei de acordo com o poder executivo e afrouxando a fiscalização da gestão do município. Ao todo, seriam pelo menos 160 pessoas indicadas por vereadores trabalhando no local (leia mais no quadro). Na Coderp, foram detidos Maria Lucia Pandolfo e Vanilza da Silva Daniel. O advogado de Vanilza, Daniel Rondi, informou que, em razão de ser uma prisão temporária, só tomará providências depois de tomar conhecimento de toda denúncia.


A investigação no Daerp surgiu após uma denúncia anônima. Uma pessoa foi indicada para atuar no Daerp em cargo técnico, mas que seria para dar viabilidade a fraudes dentro da autarquia, e também para desviar dinheiro público. “Verificamos que houve uma licitação, no valor de R$ 86 milhões com indícios de superfaturamento muito fortes. Havia sinais de que o dinheiro estava voltando como propina, através do diretor, para agentes do governo e para contratação fictícia de empresas,  a fim de justificar supostos projetos que não foram encontrados pela PF. As notas não condiziam com os serviços realizados”, afirmou o promotor Marcel Zanin. A pessoa citada pela denúncia, que organizava este esquema, é Luiz Mantilla Rodrigues, diretor da autarquia. Questionados sobre o caso, Daerp, Coderp e Prefeitura de Ribeirão Preto limitaram-se a informar que estão colaborando com as investigações. 


Pelo menos 160

O número de funcionários terceirizados indicados por vereadores em Ribeirão Preto é de pelo menos 160. Segundo informações obtidas pela reportagem, em 2015, eram quase 500 pessoas contratadas por uma empresa para a prestação de serviços na cidade. Dessas, 160 indicadas por membros da Câmara Municipal. O contrato com a terceirizada era feito pela Coderp e, de acordo com as investigações do Ministério Público, continha as indicações dos vereadores.


Luchesi não é mais secretário

Layr Luchesi Júnior não é mais secretário municipal da Casa Civil e nem de Esportes. A prefeitura não confirmou a informação, mas a Revide apurou que um documento da Justiça foi protocolado na tarde desta quinta-feira, 1º, na Secretaria de Governo determinando sua destituição, o que foi cumprido pela Administração Municipal. Ele prestou depoimento na manhã da quinta-feira, 1º, na investigação que apura fraudes em licitações na prefeitura, na operação Sevandija da Polícia Federal. Por ser investigado ele já estava proibido de entrar no prédio da Prefeitura. Luchesi disse que não foi à PF de forma coercitiva, mas de livre e espontânea vontade. “Busquei esclarecer tudo que me foi perguntado e estou à disposição em relação a qualquer assunto que precisar de esclarecimento”, afirmou. Também assegurou que todos os documentos estão à disposição.

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