Nove vereadores têm mandato suspenso

Nove vereadores têm mandato suspenso

Após condução coercitiva dos membros do Legislativo, Polícia Federal informou que eles estão proibidos de frequentar prédios públicos

Em Ribeirão Preto, nove vereadores tiveram mandato suspenso pela Polícia Federal na manhã de quinta-feira, 1º de setembro. Eles são investigados pela Operação Sevandija e prestaram esclarecimentos. A Polícia Federal (PF) informou que os parlamentares tiveram mandados de condução coercitiva, além da suspensão temporária dos cargos. Isso significa que eles não podem frequentar nenhum prédio público, como a Câmara Municipal, autarquias, secretarias municipais ou a Prefeitura.  

A PF ressaltou que isso não significa a perda do mandato e que não interferirá na campanha para as eleições municipais, portanto, eles ainda podem concorrer. Os nomes dos nove vereadores investigados pela PF são: o presidente da Câmara - Walter Gomes (PTB), Giló (PTB), Cícero Gomes (PMDB), Samuel Zanferdini (PSD), Bebé (PSD), Maurílio Romano (PP), Capela Novas (PPS), Genivaldo Gomes (PSD) e Saulo Rodrigues (PRB), todos encaminhados para o prédio da PF. O presidente da Câmara, Walter Gomes, foi um dos últimos entre os que depuseram a sair da sede da PF. Em sua chegada ao local, Walter Gomes informou que tinha um mandado, que a PF foi em sua casa e que eles só fizeram o trabalho de investigação. “Isso não é prisão, estou apenas depondo. A Câmara Municipal só tem uma licitação e é a que está no site disponível para todos”, declarou Walter. 

Na saída, sem falar com a imprensa, o presidente desceu pelas rampas do prédio da Polícia Federal e foi direto para o veículo. Gomes foi liberado pela PF por volta das 12h desta quinta-feira, 1º Ao ser questionado sobre a Operação Sevandija, voltada à apuração de crimes de fraude e licitação, peculato, corrupção ativa e passiva e tráfico de influência no âmbito da Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto, o vereador Cícero Gomes disse que desconhece todos os fatos que foram perguntados pelos policiais. Segundo o vereador, houve questionamento sobre funcionários fantasmas e se há vantagens indevidas. 

Questionado sobre a suspeita e o desvio de fraudes em licitações, contratos e pagamentos cujos valores alcançam cerca de R$ 203 milhões, o vereador Cícero Gomes disse que na Câmara Municipal ele tem certeza que não houve desvio de dinheiro e que a Polícia precisa realmente investigar o caso. “Achei até esquisito uma operação dessas na boca das eleições. As autoridades ficaram com meus documentos e meu celular. Não sei o que é isso, mas é esquisito ser tão perto das eleições”.

O vereador Evaldo Mendonça (Giló) também deu depoimento na Polícia Federal.  Na  chegada, declarou que não sabia o que acontecia naquele momento, nem o porquê de ter sido levado para prestar  depoimento. Na saída, Giló conversou com a imprensa. “Perguntaram sobre eventuais gastos públicos da administração e se eu poderia colaborar com as investigações. Falei que estou à disposição da Justiça e que meu trabalho é como vereador. Foi só isso”, afirmou.
Genivaldo Gomes, por sua vez, contou que foi perguntado sobre a Atmosphera, empresa terceirizada pela Coderp. “Eu não sei ao certo o que é isso. Perguntaram porque não votei as contas da prefeita e eu falei que não, pois ainda tem recurso, que está em 30 dias. Apreenderam meu celular e os computadores da minha filha e neta, além de um pen drive de músicas”, disse o vereador.

O vereador Bebé também afirmou que prestou os esclarecimentos necessários. “Eu vim aqui dar algumas declarações. Estamos em uma situação muito difícil. Fizeram várias perguntas. Os policiais estão no papel deles, mas não sei quem é o responsável pela ação”.

Por fim, entre os parlamentares que prestaram esclarecimentos à imprensa, o delegado licenciado da DISE - Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes, Samuel Zanferdini comentou que foi ouvido em declarações para explicar, se, como parte da base da prefeita na Câmara, havia indicado funcionários para trabalhar na empresa terceirizada. “Em relação a minha pessoa, os questionamentos foram apenas de cargos indicados e se nós compactuamos com alguma coisa ilegal. Não acharam nada na minha residência, mas apreenderam meu celular e um computador”, afirmou Zanferdini. O vereador disse que, por ser da base aliada, a preocupação seria de estarem encobrindo ilegalidades, pela indicação nas contratações. “Talvez eu pague o preço por ser da base aliada da prefeita municipal, o que faz parte da política. Minha consciência está tranquila, então agora é tocar a vida”. Questionado sobre quem seria o responsável pela acusação à Polícia Federal, o vereador acredita que possivelmente houve alguma representação de pessoas descontentes com o governo e que são do lado da oposição, que fazem de tudo para manchar a imagem de quem está na situação. “Há grampos telefônicos de conversas minhas, mas nada anormal foi encontrado. Uma operação como essa queima e atrapalha nosso desenvolvimento”.

Capela Novas declarou que nenhum documento foi apreendido de seu gabinete, mas essas foram suas únicas palavras. Os vereadores Maurílio Romano e Saulo Rodrigues não se pronunciaram até o fechamento da reportagem. A Câmara Municipal de Ribeirão Preto informa que colabora com a operação da Polícia Federal e o Ministério Público, mas que até o fechamento da reportagem não foi oficialmente notificada de quais vereadores foram afastados.   Os mandados foram expedidos pela 4ª Vara Criminal da Comarca de Ribeirão Preto. 

Texto: Pedro Gomes

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