Luz, Câmera, Ribeirão!

Luz, Câmera, Ribeirão!

Lançamento do filme “Divórcio”, dirigido por Pedro Amorim e produzido pelo ribeirãopretano Tubaldini Jr e por André Skaf, consolida a cidade como polo cinematográfico para superproduções

A luminosidade,  as paisagens, a cor da terra e as belezas de Ribeirão Preto trouxeram o produtor LG Tubaldini Jr. de volta às origens. Há 15 anos, o ribeirãopretano deixou a cidade para atuar em  produções nas capitais. O retorno aconteceu porque a cidade foi escolhda para rodar o longa “Divórcio”, comédia romântica que conta a história do casal Júlio e Noeli, protagonizados por Murilo Benício e Camila Morgado.

Com lançamento marcado para 21 de setembro em cerca de 600 salas de cinema do país, o longa dirigido por Pedro Amorim e produzido por Tubaldini Jr. e André Skaf consolida Ribeirão Preto como polo cinematográfico para superproduções, destacando as belezas e talentos da cidade, que, atualmente, exporta atores, produtores e técnicos da área para o cinema nacional. 
O Divórcio é o quarto longa rodado na cidade
As filmagens do longa foram realizadas tanto em locações da parte urbana — como os Estúdios Kaiser de Cinema, a Chess Pub e o Escritório Brasil Salomão e Matthes Advocacia —, quanto em uma plantação de tomates. A produção contou também com ribeirãopretanos na equipe técnica, elenco e figuração. 

O diretor Pedro Amorim afirma que se surpreendeu com o que encontrou por aquiDe acordo com Tubaldini Jr., o filme levará para as telonas uma nova perspectiva sobre Ribeirão Preto, que ficou marcada ou até diminuída. “Ribeirão Preto é uma personagem do filme, mas é muito claro também que ela faz parte de um novo interior. Tivemos a oportunidade de mostrar que o interior não é mais como antigamente. São cidades poderosas, grandes, com uma população bem informada, educada, rica e influente. Então, de certa maneira, é uma forma de mostrarmos esse novo interior, o do agronegócio", destaca o produtor.

Já o diretor do longa,  Pedro Amorim, revela que se surpreendeu com a cidade, que é totalmente diferente do que imaginava, quebrando vários estereótipos que tinha em mente. “Dirigir o filme em Ribeirão Preto foi muito bom. Como sou do Rio de Janeiro, quando falamos do interior, pensamos em pessoas andando de chapéu e cantando música sertaneja. No entanto, quando cheguei a Ribeirão Preto, quebrei vários estereótipos e vi que era tudo diferente do que eu imaginava. É uma cidade enorme, uma grande metrópole de interior, onde vemos vários núcleos culturais, além das pessoas serem muito receptivas e amigáveis”, comenta o diretor. 

A escolha da cidade como cenário, segundo Amorim, aconteceu pela origem de Tubaldini Jr. e também pela diversidade na escolha dos locais. “Quando Tubaldini Jr., que foi criado na cidade, fez o convite para dirigir o filme, um dos itens que ele tinha em mente era que a produção se passasse em sua cidade natal. O segundo motivo foi por que eu queria sair um pouco do eixo Rio de Janeiro-São Paulo, sempre escolhidas para rodar superproduções. Ribeirão Preto é rica em cenários e tem um ‘quê’ de Faroeste. Além disso, a luz natural é excelente. Não é à toa que a cidade é chamada de Califórnia Brasileira”, conta Amorim. 

Já Tubaldini Jr. destaca que a cidade foi um respiro para as comédias românticas do país. “Temos ainda as paisagens, a Tubaldini Jr. retornou a Ribeirão Preto depois de 15 anoscor dessa terra, da vegetação e não podemos deixar de dizer: as belezas da própria cidade. Ribeirão Preto foi um sopro para a produção das comédias românticas, em grande parte, rodadas no Rio de Janeiro e na cidade de São Paulo”, diz.
Para o diretor, a cidade tem tudo para virar uma Hollywood Brasileira e está 100% preparada para receber outras produções cinematográficas. “Foi uma delícia gravar na cidade. Os cenários, as paisagens e a luz são propícios para produções audiovisuais, além de ter um grande elenco de atores e de pessoas talentosas. Na equipe do filme, a cada dez pessoas, pelo menos uma era ribeirãopretana. Por conta disso, e de todos os núcleos culturais da cidade, como os Estúdios Kaiser de Cinema, Samuel Galli e os meninos da produtora Kauzare Filmes, que acabaram de ganhar o prêmio de melhor filme de terror da América Latina com o 'Mal Nosso', tenho certeza de que Ribeirão Preto tem tudo para virar uma Hollywood Brasileira”, brinca Amorim.
 
Com grandes expectativas para estreia do filme — cujos trailers divulgados têm mais de 5 milhões visualizações pelas redes sociais — Amorim afirma que quer voltar à cidade para outras produções. “Pretendo voltar a Ribeirão Preto e também para outras cidades do interior, mas, para isso, preciso criar uma boa história. O importante é que certamente vou voltar, adorei gravar na cidade”, finaliza Amorim. 

Parceria

Para realizar a produção no município, a equipe contou com a parceria da Ribeirão Preto Film Commission. Edgard de Edgard de Castro: mais de 30 anos trabalhando pelo crescimento do cinema em Ribeirão PretoCastro, diretor da Film Commission, destaca a importância do intercâmbio entre produtores e diretores nacionais para o desenvolvimento cultural e econômico da cidade. “As produções audiovisuais dão visibilidade e movimentam a economia do local. Quando superproduções chegam à cidade, consomem alimentação, figurino, produção, entre outros itens, o que leva o nome de economia criativa. Como no cinema todo pagamento é feito à vista, acaba movimentando a economia da cidade. Além disso, ajuda a divulgar alguns pontos turísticos, tanto para esses trabalhadores quanto para quem assiste aos filmes. Um bom exemplo é o da Nova Zelândia, um país que estava esquecido, no fim do mundo e que, com a gravação da trilogia do 'Senhor dos Anéis', transformou-se graças ao turismo”, elenca Edgard. 

O diretor destaca, ainda, que a vinda da produção para o município foi possível graças à parceria de Tubaldini Jr., que, segundo Edgard, começou sua trajetória no cinema junto à equipe do projeto. “Ele nos prestigiou com a produção do filme, que foi todo adaptado para acontecer em Ribeirão Preto. Na verdade, os atores se travestem de moradores da cidade, transformando os personagens em pessoas locais”, conta.

Foto: Lucas Chaibub

Ribeirão Preto Film Commission

A Ribeirão Preto Film Commission, antiga São Paulo Film Commission — nome cedido pelos idealizadores ribeirãopretanos, após a criação da mesma na capital — foi a primeira de todo o Estado. Castro, que também é produtor de cinema e tenta fazer do município um polo de produção visual há mais de 30 anos, explica que o projeto, no início, fazia o intermédio entre as produções de cinema e a cidade, facilitando as transações comerciais e burocráticas necessárias. Após um tempo desenvolvendo este trabalho, foi constatado que ela também poderia servir como uma alavanca desse processo, atraindo a realização de produções audiovisuais para a cidade.

Segundo Castro, a criação da Film Commission no município veio por meio do Núcleo de Cinema de Ribeirão Preto, projeto criado em 2000 com o apoio da Prefeitura, da Câmara Municipal e da Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (ACIRP), que sentiu a necessidade de idealização dos Estúdios Kaiser de Cinema e de uma comissão, para que a cidade se tornasse um polo cinematográfico.

Em razão dos esforços, hoje, o projeto desenvolvido por Castro está consolidado, anda sozinho e traz várias produções no currículo, como documentários, curtas e quatro longas: "Onde Andará Dulce Veiga?" (Guilherme Almeida Prado), "Tempo de Resistência" (André Ristum), "Mal Nosso" (Samuel Galli) e, por último, “Divórcio” (Pedro Amorim). “Todas essas produções que têm sido realizadas na cidade mostram que conseguimos viabilizar um projeto tão sonhado que, depois de alguns anos, caminha sozinho e tem a possibilidade de crescer mais”, afirma Edgard.

Ao todo, o Estado de São Paulo possui cinco Film Commissions —São Paulo, Ribeirão Preto, Paulínia, Vale do Paraíba e Santos —com foco no fomento da produção audiovisual. 

Talentos da terra

Tubaldini Jr.
é um dos mais promissores produtores cinematográficos do Brasil. O ribeirãopretano já foi roteirista e produtor em vários longas brasileiros, como “O Vendedor de Sonhos” (produtor), de Augusto Cury, que também vive na cidade, “O concurso” (roteirista e produtor), “Divórcio” (roteirista e produtor) e Motorrad (roteirista e produtor), que ainda não tem data de lançamento. 


Os gêmeos André e Marcos de Castro, cinéfilos e diretores de cinema na cidade, estiveram no Festival de Cannes, aceito na plataforma digital, com o curta “Mortos Vivos, Vivos Mortos”, em 2015. 

O ribeirãopretano Lourenço Sant’Anna foi o primeiro brasileiro a faturar um prêmio de cinema mundial com o longa “A Bruxa”. O cineasta faturou dois prêmios no Independent Spirit Awards — melhor roteiro de estreia e melhor filme de estreia, em 2017. 

Fernando Coimbra é diretor, roteirista e ator. O ribeirãopretano já ganhou destaque internacional com seus trabalhos. Entre as tramas de mais destaque dirigidas por ele está “O Lobo Atrás da Porta” (diretor e roteirista), episódios 7 e 8 da primeira temporada de Narcos, da Netflix, e Castelo de Areia, também da Netflix. 

Divórcio 

Com roteiro de Paulo Cursino, a trama acompanha a história de Noeli (Camila Morgado), que é roubada do altar por Júlio (Murilo Benício). O casal leva uma vida humilde, mas enriquece quando o molho de tomate Juno, criado por eles, torna-se um sucesso. Com o passar dos anos, os dois abrem uma grande empresa e enriquecem, mas o dinheiro e a rotina os distanciam. Um mal entendido é a gota d’água para a separação. Para defender o patrimônio, cada um tenta achar o melhor advogado para si, o que gera um processo de divórcio cheio de confusões e com cenas hilárias. O elenco conta também com Thelmo Fernandes, Luciana Paes, André Mattos, Ângela Dippe, Cynthia Falabella, Bruna Tornarelli, Gustavo Vaz, Robson Nunes, Antônio Petrin, Lu Grimaldi, Jonathan Well, Carol Severian, Flávia Martins e as participações especiais de Sabrina Sato e Paulinho Serra. O filme é uma produção Filmland Internacional e será distribuído pela Warner Bros. 

Texto: Gabriela Maulim 

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