Rede de Influências

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Namorada e sócio do empresário Marcelo Plastino selaram acordo de delação premiada na Operação Sevandija e apresentaram documentos para comprovação de depoimentos

A namorada e um dos sócios do empresário Marcelo Plastino, morto em novembro de 2016, selaram um acordo de delação premiada com o Ministério Público. Nos depoimentos, a influência do empresário junto a políticos em Ribeirão Preto para obtenção de vantagens em contratos foi revelada. Alexandra Ferreira Martins, que foi funcionária da Atmosphera, e o ex-diretor da empresa, Paulo Roberto de Abreu Jr, também são investigados na Operação Sevandija.
 
Como contrapartida, Alexandra e Paulo Roberto negociaram um limite de pena a ser fixada pelo juiz em caso de condenação, com direito regime diferenciado para cumprimento e desbloqueio de parte dos bens. A previsão de condenação e o cumprimento de pena foram mantidos, parte em regime de prisão domiciliar e parte com prestação de serviços comunitários. Além disso, os delatores perderão todos os valores bloqueados em contas bancárias e terão os Em audiência no Fórum de Ribeirão Preto, Cury afirmou que foi contrário à revogação da anulação do contrato entre a Atmosphera e a Coderpveículos apreendidos em favor da Justiça para ressarcimento do município alienados imediatamente.

No depoimento aos promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), na semana passada, a namorada de Plastino disse que o empresário teria ficado “bastante contrariado” com a anulação de um contrato da Atmosphera com a Coderp para a contratação de funcionários terceirizados, em outubro de 2014. Isso porque ele alegava ter indicado o então superintendente da companhia, Davi Cury, para “ser um facilitador lá dentro”.

O contrato da Coderp com a Atmosphera só foi retomado, enquanto Cury estava de férias, quando Plastino teria se reunido com o superintendente interino, Ricardo Ribeiro, e com vereadores, na sede da Atmosphera. Segundo Paulo Roberto, que também era diretor da prestadora de serviço, o empresário teria forçado a retomada do contrato. Alexandra ainda confirmou que, no acordo com a companhia, a empresa de Plastino tinha um lucro líquido mensal entre R$ 700 mil e R$ 900 mil.

Em audiência, no Fórum de Ribeirão Preto, em julho deste ano, a defesa do ex-superintendente da Coderp alegou que Cury saiu da companhia por não concordar com a revogação da anulação do contrato, que havia sido solicitada pelo Tribunal de Contas do Estado, que acreditava ter havido pressão por parte da Prefeitura para que o contrato fosse reformado. Entretanto, o ex-deputado e superintendente interino da Coderp, Ricardo Ribeiro, havia afirmado na mesma audiência, que os termos entre a Companhia e a Atmosphera só foram revistos por conta de um pedido do então superintendente, Davi Cury, na própria sede da autarquia, no início de 2015.

Anexo de provasEm depoimento, Alexandra diz que sede da Atmosphera foi local de reunião com vereadores

Em nota, o Gaeco informou que os delatores, além de confessarem a participação nos fatos, indicaram as engrenagens e a dinâmica das contratações ilícitas, a realização de frequentes e vultosos saques em dinheiro das contas da empresa e os contatos entre o empresário morto e diversos agentes públicos de Ribeirão Preto.

A promotoria aponta que os depoimentos vieram acompanhados de provas documentais, como ofícios e e-mails com assinaturas de autoridades chancelando a contratação de indicados políticos. Também foram entregues listas de indicações feitas por agentes públicos para contratações, manuscritos elaborados pelo empresário sobre os fatos e sobre os contatos que tinha na administração municipal, registros de ligações pessoais e partidárias entre contratados pela Atmosphera e agentes públicos. Diversos documentos disponibilizados demonstram o desvio de função de contratados pela empresa em razão das indicações políticas. 

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