Bom e barato

Bom e barato

Não é preciso gastar muito para tomar um bom vinho: rótulos a partir de R$ 30,00 vêm conquistando enófilos e desafiando o paladar de especialistas

Estar diante de uma grande diversidade de vinhos, de diferentes origens e preços, é sempre um desafio para quem “Provar rótulos brasileiros é uma boa estratégia para encontrar bons vinhos a um preços acessíveis”, esclarece Tatianaquer comprar e acertar na escolha, no quesito custo-benefício. Segundo especialistas, um vinho pode ser, sim, bom e barato. No entanto, é fundamental que o vitivinicultor invista na qualidade da matéria-prima. Se a uva for de qualidade, fica mais fácil obter um vinho surpreendente. Também é possível obter um produto bom e barato quando a produção é limitada, sem que seja necessário investir em insumos que acabem encarecendo o vinho, como, por exemplo, rolhas e cápsulas diferenciadas. Muitos investimentos em tecnologia, somados aos altos impostos, acabam elevando o preço do vinho. 

Empenhados em desmitificar a crença de que “vinho bom é vinho caro”, especialistas dão bons exemplos de rótulos mais baratos e de boa qualidade. “Provar rótulos brasileiros é a primeira estratégia para quem deseja consumir vinhos sem gastar muito. Existem ótimas opções por até 60 reais”, apresenta a coordenadora da Grand Cru, Tatiana Arruda. Entre os vinhos que cabem no bolso e se destacam em aromas e taninos, é possível incluir o espanhol Borsao Garnacha, o português Catedral Reserva Tinto, o brasileiro Dom Pedrito Merlo, o argentino, Argento Pinot Grigio e o famoso espumante brasileiro, Casa Venturini Vivere Brut.

Segundo Tatiana, pesquisar em sites, garimpar nas lojas especializadas e contar com a ajuda de consultores na hora da escolha pode ser bastante útil. Também vale a pena trocar opiniões com familiares e amigos sobre os vinhos que tenham degustado nos últimos tempos e anotar os que parecem adequados ao gosto e ao bolso. “Isso não quer dizer que devemos deixar os rótulos mais caros de lado, pelo contrário, podemos combiná-los aos vinhos mais em conta para equilibrar o orçamento”, sugere a coordenadora. 

Como escolher um bom vinho

Por Marco Antônio Tegano, sommelier do Museu da Gula.

Ocasião/Refeição: a escolha de um vinho deve considerar sua finalidade. Brancos, rosés e espumantes para o verão e as celebrações; tintos para os dias mais frescos; vinhos doces e licorosos para o momento da sobremesa.

Visual: avalie a qualidade da embalagem e a aparência do produto, o estado de conservação da cápsula e da rolha, a quantidade de líquido na garrafa e a cor da bebida.

Variedades das uvas: a melhor opção é escolher o vinho de acordo com as uvas que representam seu país de origem, como, por exemplo, a Cabernet Sauvignon chilena, a Malbec argentina e a Merlot brasileira.

Denominações de origem: é uma informação que pode ser encontrada nos rótulos de vinhos. Uma espécie de selo de qualidade concedido por instituições governamentais de diversos países.

Lista de vinhos: mantenha uma lista dos vinhos que você mais apreciou. Com uma seleção pessoal e atualizada dos rótulos aprovados, as próximas compras serão bem mais fáceis.

Confraria

André Maculan, empresário“Para um enófilo, falar de uma única região como sua predileta é difícil. Por isso, prefiro destacar a região de onde mais tenho apreciado os vinhos nos últimos anos: a Toscana. Não apenas pelos vinhos e pela gastronomia, esse encantamento também se deve ao contexto de relevância mundial que envolve a região, como em suas manifestações culturais e artísticas na música, na arquitetura e na pintura. 

Em termos enológicos, podemos afirmar que a Toscana é o centro pulsante da Itália, dada a riqueza geológica que encontramos na região, seu formato triangular e sua topografia em que se desenham vales e colinas com diferentes altitudes. Sua classificação é composta por 33 DOCs (denominação de origem controlada), 7 DOCGs (denominação de origem controlada e garantida) e 5 IGTs (indicação geográfica típica), sendo as principais e mais conhecidas Chianti, Brunello di Montalcino, Nobile de Montepulciano, Bolgheri e Vernaccia de San Gimignano. Na região, são produzidos, principalmente, vinhos tintos com a uva Sangiovese, presente em todos os lugares da Toscana. Pode ser usada só ou em conjunto com outras uvas internacionais, como a Cabernet Sauvignon e a Merlot, no caso dos vinhos “super Toscanos”. Entre as brancas, a mais comum da Toscana é a Trebbiano, seguida pela Malvasia Bianca e pela internacional Chardonnay.”

Vale a pena

Chianti Riserva Castellani, 2013: seu bouguet intenso e característico remete a frutas negras, com um leve toque floral de violetas e especiarias. Em boca é harmonioso, com notas de chocolate, alcaçuz e cerejas pretas. Passa 24 meses em barrica de carvalho: Sangiovese, Canaiolo e Cabernet Sauvignon.

Brunello di Montalcino Castiglion del Bosco, 2012: com taninos macios e aromas de frutas negras frescas, cogumelos selvagens e leve toque de ervas balsâmicas, tem final longo e delicado. Estagiou por 24 meses em barricas de carvalho. Recebeu, nesta safra, 96 pontos do crítico James Suckling.

Prima Pietra Castiglion del Bosco Super Tuscany, 2012: corte bordalês com as uvas Merlot, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Petit Verdot e 18 meses de estágio em barricas francesas. No aroma, apresenta delicadas notas de especiarias e groselhas selvagens, taninos sedosos e complexos.

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