Carta de vinho sem erro

Carta de vinho sem erro

Com as dicas a seguir, será mais fácil escolher um bom vinho durante um jantar em um restaurante

Mesmo para os enófilos, optar por um vinho em um restaurante pode ser um grande desafio. Entre as dificuldades na hora da escolha está a vontade de agradar a todos os paladares reunidos à mesa e ter, para isso, uma extensa lista de possibilidades, que levaria um bom tempo para ser avaliada. Para a coordenadora da Grand Cru, Tatiana Arruda, essa escolha é uma consequência do conhecimento e do desejo do momento. “A seleção de um vinho deve ser baseada na ocasião. Aqueles rótulos apropriados para um dia de muito calor, por exemplo, não serão necessariamente os mais recomendados para um jantar de negócios”, avalia Tatiana. 

A coordenadora explica, ainda, que os vinhos brancos, rosés e espumantes são muito associados ao verão e a celebrações. Os tintos, bastante consumidos em dias mais frescos, acompanham diversas refeições. Já os doces e licorosos são, geralmente, combinados a sobremesas. “O prato escolhido ficará muito mais saboroso se for corretamente harmonizado com o vinho”, ensina. 

Segundo a especialista, o medo de errar é outro fator que dificulta a escolha do vinho em um restaurante. “Basta seguir uma lógica, ler e interpretar as informações do rótulo. Verificar a vinícola, o produtor, a safra, as pontuações, a denominação de origem e o processo envelhecimento são boas dicas”, completa Tatiana. 

Você sabia?

“Ao abrir um vinho, algumas pessoas questionam as características da rolha. Não há necessidade de examinar ou fazer algum comentário, mas, caso o cliente queira, poderá examinar e cheirar. Coloração esverdeada indica bolor e talvez o vinho esteja estragado. Rolha sem cor  em um vinho escuro significa que a garrafa estava de pé. A rolha longa apresenta um vinho de guarda, por exemplo. Alguns enófilos costumam colecionar rolhas — se este for seu caso, leve a rolha para casa. Ela é sua”, ensina Tatiana. 

“Acredito que a escolha de um vinho em um restaurante deve ser baseada na ocasião”, salienta Tatiana

Informações importantes

Tatiana Arruda lista as informações mais importantes para se investigar antes de escolher um vinho. 

Com que prato irá harmonizar: Algumas dicas gerais podem funcionar, como combinar carnes vermelhas a bebidas tintas e servir receitas à base de frango, peixes ou frutos do mar com vinhos brancos. Os tintos também harmonizam com massas.

Consultar o sommelier: peça ajuda, afinal, ele é especialista em vinhos e terá boas indicações, levando em consideração as necessidades e as preferências do cliente. Não se esqueça de apresentar o prato e a faixa de preço determinado. 

Ocasião: é importante combinar o momento com o vinho escolhido. Aliás, para arriscar e provar algo muito diferente, é melhor estar sozinho ou se certificar que a companhia aprova a ideia. 

Custo-benefício: estabelecer uma faixa de preço é fundamental e irá auxiliar na escolha. Porém, se possível, tente não optar pelo vinho mais barato. Vinhos intermediários costumam ter um excelente custo-benefício.

Na hora de servir

Primeiro, o sommelier servirá uma pequena quantidade do vinho para que o cliente experimente e aprove. Vale salientar que a negativa só deve ser dada caso a bebida esteja estragada, e não se sabor não for exatamente o esperado. 

Depois dessa primeira avaliação, o especialista servirá os outros convidados, sempre começando pelas mulheres, para, ao final, completar a taça daquele que fez o pedido. 

Não é necessário tirar a taça da mesa, uma vez que, o próprio sommelier irá até o local e servirá o vinho de forma cuidadosa.

Ao final da refeição, se sobrar vinho na garrafa, o cliente pode levá-la para a casa.

Confraria

“No início, tomava vinho tinto acompanhando os almoços na casa de um tio, grande apreciador da bebida que me influenciou a perceber as diferenças de paladar de um vinho para outro, considerando a uva ou a região do mundo onde foram produzidos. Com o passar do tempo, comecei a apreciar outros tipos de vinho, bem como a prová-los acompanhados de aperitivos (quase sempre queijos e castanhas). Moramos em uma cidade especialmente quente, porém, a minha preferência ainda é o vinho tinto seco. Para mim, a experiência do paladar é muito mais intensa do que a dos demais. Apesar de minha iniciação ter sido com vinhos do Velho Mundo (Chateauneuf du Pape foi um deles), aprendi a apreciar os vinhos feitos no Novo Mundo (Chile, Argentina, Estados Unidos, etc), pois, além de ótimos vinhos, são mais acessíveis do que os europeus e não devem nada em relação à qualidade. Gosto muito dos vinhos produzidos na África do Sul por serem extremamente sofisticados e de notas mais frutadas. Uma dica de vinho desta região é o Avondale Pinotage, feito com a principal uva produzida por lá. Uma dica seria começar como eu: acompanhando um prato de sua predileção, dessa forma, o impacto do tanino fica mais suave e agradável para quem não está acostumado.” Marcelo Elias Valente, advogado.



Região produtora

A África do Sul é um dos principais e mais antigos polos vitivinicultores quando o assunto é a produção de vinhos em países fora da Europa. Seus vinhos e vinícolas desfrutam de grande prestígio perante o público amante da bebida dos deuses.



Vale a pena

1- WS 90 - Télégramme, 2011: trata da segunda linha dos vinhos Châteauneuf du Pape, feito com uvas de videiras mais novas com aroma intenso e taninos delicados. 

2- Avondale Pinotage: a Pinotage é uma casta característica da África do Sul, sendo criada a partir de um cruzamento entre a Pinot Noir e a Cinsault ou, como é conhecida, Hermitage.

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