A delicadeza da Pinot Noir

A delicadeza da Pinot Noir

Uma das uvas mais emblemáticas do universo dos vinhos, a Pinot Noir desafia produtores e consumidores a desvendarem seus mistérios

Mais elegância e acidez estão entre as principais características dos bons vinhos feitos com Pinot Noir. De Borgonha, na França, saem os exemplares mais prestigiados do mundo e, consequentemente, os mais caros. Produtores como Romanée-Conti, Domaine Leroy e Comte, entre outros tantos, correspondem à produção grand crus excepcionais, vinhos de longa guarda e que expressam o terroir local de forma inconfundível. 

Evidências mostram que a Pinot Noir é cultivada na Borgonha há mais de dois mil anos. Indícios do cultivo dessa casta datam do século IV,  oficialmente, o primeiro registro é de 1375. “É disso tudo que a Pinot Noir melhor se beneficia: cultivo biodinâmico e vinificação da forma mais natural possível. A casta se expressa em sua plenitude, mostrando toda sua elegância, acidez e mineralidade”, apresenta o enófilo João Carlos França Peres, analista judiciário federal.

O sommelier Gleison Trevisol, da Mercovino, explica que a maioria dos vinhos produzidos no Novo Mundo com Pinot Noir são para consumo imediato. No Chile, as bebidas que saem da região de San Antonio ou Casablanca são as melhores opções. “Fique atento à graduação alcoólica: quanto maior, mais frutado, corado e encorpado será o vinho”, avisa o especialista. Caso seja um vinho proveniente de um produtor exclusivo e de maior qualidade, é interessante que o vinho já tenha alguns anos de guarda, o que permitirá adquirir mais complexidade aromática.

Considerada a uva mais complicada de se cultivar e de difícil adaptação, a Pinot Noir é delicada, muito sensível a mudanças climáticas e a pragas, o que permite a produção de um dos vinhos mais elegantes e delicados do mundo. “Mesmo com uma assinatura própria, a Pinot Noir gera vinhos bastante distintos dependendo de onde é plantada”, pontua o sommelier, Marco Antônio Tegano, do Museu da Gula. A Pinot Noir tem, normalmente, menos taninos e pigmentos do que uvas como a Cabernet Sauvignon. “Por esse motivo, geralmente, os vinhos são mais claros. Raramente esta uva é utilizada para assemblages”, completa Tatiana Arruda, coordenadora da Grand Cru.

Para o sommelier Lucas Virgilio, da World Wine, a Pinot Noir possui aromas muito particulares, sendo os florais e os de frutas vermelhas os mais comuns. Os vinhos mais caros e complexos, por sua vez, exibem emblemáticos aromas terrosos e de cogumelos. “A chave para um bom Pinot é escolher um bom produtor, e não apenas um país. Esta uva é uma das mais melindrosas e ingratas para o vinicultor, semelhante à Nebbiolo, quando o assunto é a dificuldade de manejo. Porém, por ser mais difícil, o resultado é um néctar de aroma e paladar inconfundíveis”, esclarece Lucas. 
 

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