Grata surpresa

Grata surpresa

Contrariando o mito de que bons vinhos custam caro, o chileno La Moneda Reserva Malbec, de aproximadamente R$ 23,00, surpreendeu os especialistas ao aparecer entre os melhores rótulos do mundo

Apesar do consumo de vinho estar se tornando mais comum entre os brasileiros e os ribeirãopretanos, ainda existe uma boa parcela de pessoas que acreditam que “vinho bom é vinho caro”. No entanto, há cada vez mais motivos para acreditar que a afirmação é apenas um mito. O chileno La Moneda Reserva Malbec, encontrado no mercado brasileiro por cerca de R$ 23,00, é um bom exemplo de que é possível consumir a bebida sem gastar muito. Um concurso promovido no final de 2016 pela revista especializada Decanter colocou o rótulo entre os melhores vinhos do mundo. A colocação do La Moneda surpreendeu, inclusive os mais experientes especialistas e enófilos. 

Para o estabelecimento do ranking, mais de 200 vinhos foram degustados às cegas por um seleto júri, que assim descreveu a bebida chilena: “de roxo profundo com matizes violeta, taninos com textura aveludada e aromas de ameixa, figo e morango”. Desde então, o vinho vem ganhando cada vez mais respeito e admiração dos consumidores, dentro e fora do seu país de origem. Por sua importância para o Chile, o La Moneda ganhou até uma data comemorativa: 4 de setembro, Dia do Vinho Chileno.

Para a coordenadora da Grand Cru, Tatiana Arruda, pelo paladar agradável e pelo custo-benefício, os vinhos chilenos têm caído nas graças dos brasileiros. “Sua popularidade é o principal incentivo para que, cada vez mais, exportadores do país invistam no mercado brasileiro”, pontua. 

O Chile possui, reconhecidamente, alguns dos melhores vinhedos do mundo e compõe um ranking ao lado de países como Itália, França, Espanha e Estados Unidos. O país sul-americano é estreito, tem cerca de 180 km de largura e 4.300 km de comprimento. Está situado entre a Cordilheira dos Andes e o Oceano Pacífico. Topografia e clima mediterrâneo, que caracterizam o Chile, formam uma excelente combinação para o cultivo das uvas. Com mais de cem vinícolas no trecho central do país, o Chile conta com 117.000 hectares dedicados à produção vinícola —  dos quais 75% são dedicados à produção de uvas tintas, especialmente a Cabernet Sauvignon, que ocupa mais da metade da área cultivada. 

De acordo com Tatiana, a Cabernet Sauvignon e a Carménère são as uvas emblemáticas do Chile, cujos vinhos sempre figuram no topo das listas de grandeza internacional. “Bem adaptadas a quase todas as sub-regiões chilenas, a Syrah e a Pinot Noir também geram bons vinhos — a segunda, quando proveniente das regiões mais frias do país, resulta nos melhores tintos da variedade”, ensina.  

Dica da especialista 

“Além do La Moneda, outros vinhos chilenos conquistam o paladar dos especialistas e enófilos.” 
Tatiana Arruda, coordenadora da Grand Cru.

Seña, 2014: este chileno usa apenas variedades bordalesas, incluindo a Carménère e a Malbec. O cerne do vinho é seu frescor e sua excelente acidez, exibindo notas de cerejas e eucalipto. 

Don Maximiano, 2014: seus aromas vão de frutas maduras e passas a especiarias, tabaco, cogumelo e café. É extremamente elegante ao paladar, com sabores complexos e intensos. 

Altaïr, 2010: framboesas maduras, mirtilos, ameixa seca, geleia de amora, cassis, alcaçuz, flores, minerais e chocolate amargo. Todas essas nuances se misturam na mais perfeita harmonia. 



Confraria


“O Chile, maior exportador de vinhos para o Brasil, tem excelentes opções. Gosto muito do Clos Apalta, único rótulo sul-americano considerado o Vinho do Ano pela Wine Spectator. Seu irmão, o BoRoBo (inspirado nos estilos Bordeuax, Rhone e Borgonha) vem ganhando reconhecimento no mercado. Ambos são produzidos em vinícola própria, perto de Santa Cruz, numa instalação das mais bonitas que conheço. Representando um ninho de condor, a vinícola Clos Apalta fica dentro de uma grande montanha de granito, onde, pela gravidade, as uvas e seus sucos vão descendo os quatro andares da instalação até a grande sala de barricas, onde o vinho, já pronto, descansa ouvindo música clássica. A vinícola é propriedade da Casa Lapostole, que, em instalações mais antigas, produz a linha Cuvée Alexandre. Para hospedagem, sugiro o Clos Apalta Residence, um Relais & Chateaux com magnífico restaurante estrelado. No entorno está a Viña Montes, com seus vários rótulos: Montes Alpha, Purple Angel (grande Carménère). Vale a visita à vinícola, com sua estrutura moderna. Outro rótulo fantástico é o Altair, um dos melhores que já tomei, bem como alguns vinhos da Casa Silva. A Concha y Toro, maior produtora de vinho do país, tem um mix variado de produtos, dos mais simples ao excelente Dom Melchior, de nível internacional. Completam a lista o Medalla Real, da Santa Rita, o Carménère da Arboleda, o Viñedo Chadwich e o imbatível Almaviva. Aliás, é preciso relembrar a uva Carménère, que encontrou no Chile o lugar ideal para produzir um vinho que não pode faltar na adega. O vinho chileno faz bonito frente a qualquer outro produto de primeira linha do mercado mundial.” Rui Flávio Chúfalo Guião, diretor do Grupo Santa Emília.



Vale a pena

1- Cuvée Alexandre - Possui cor rubi intensa, com aroma de frutas típicas e toque de herbácea.
2- Borobo - Inspirado nos melhores vinhos Bordeaux, Rhône e Borgonha.
3- Clos Apalta - Único vinho sul americano escolhido como Vinho do Ano pela Wine Spectator.
4- Purple Angel - Este vinho é uma das maiores expressões da Carménère.

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