A queridinha do Uruguai

A queridinha do Uruguai

De origem francesa, a uva Tannat se popularizou no Uruguai que se tornou um país mundialmente conhecido pela produção de vinhos desta variedade

“É um vinho com ótima persistência e intensidade de cor, aromas e final longo”, declara GleisonSe o Cabernet é Chileno e o Malbec é argentino, o Tannat virou marca registrada do Uruguai.  

Como o próprio nome sugere, a Tannat é uma uva com grande quantidade de taninos, sendo uma das castas com maior carga tânica de todo o mundo, ao lado da uva baga. Originária da região de Madiran, sudoeste da França, foi introduzida por um francês chamado Pascual Harriague no Uruguai onde se adaptou perfeitamente, tornando-se a uva emblemática do país. Hoje, essa variedade ocupa boa parte dos vinhedos do Uruguai — um volume duas vezes maior do que em sua terra natal. Por ficar localizada em uma zona temperada, paralelos 30 e 35º sul, uma área com ótimo potencial vitivinícola, a produção resulta em vinhos tintos duros que precisam de anos para amaciar. Além disso, são uvas muito coradas de casca grossa. “O resultado é um vinho, quando jovem, com pigmentação, muito tânicos, ácidos e rústicos”, revela Gleison Trevisol, sommelier da Mercovino. 

Em contrapartida com um bom tratamento na vinícola, estágio em barris de carvalho e com um tempo em garrafa, os vinhos ficam mais macios, gordos e muito aromáticos. Segundo o sommelier, trazem aromas e sabores de frutas vermelhas, toques de coco e baunilha dependendo do tempo e da espécie de carvalho utilizado. “É um vinho com ótima persistência e intensidade de cor, aromas e final longo”, acrescenta Gleison. Os vinhos Tannat harmonizam muito bem com pratos gordurosos, os taninos coagulam na saliva, deixando a sensação de secura e de aspereza na boca. A gordura ameniza essa sensação de aspereza e os taninos presentes no vinho “limpam” a gordura acumulada na boca quando se prova pratos gordurosos, casando perfeitamente. Opções gastronômicas como a parrilla uruguaia, carnes vermelhas e pratos com estrutura são ótimas alternativas para acompanhar. De acordo com o sommelier, ao comprar o vinho, muitos clientes ficam preocupados com o clima ribeirãopretano.  “Muitos consumidores gostam desse estilo, encorpado, tânico, denso e não se importam muito com o clima e se consumirão o vinho com algum prato específico. O clima de Ribeirão Preto é bem adverso a esse estilo de vinho. Porém, se harmonizar com o prato correto e um ar-condicionado fica muito melhor”, brinca o sommelier. 

Confraria

“A Tannat tem origem no Sul da França e hoje é conhecida, mundialmente, como uma típica uva Uruguaia. Recentemente, tornou-se o centro das atenções depois de estudos médicos constatarem que a Tannat é a uva com maior quantidade de resveratrol, um polifenol que tem características anticancerígena e antienvelhecimento. Seu nome não esconde sua principal característica: alto volume de taninos. A Tannat e a Baga (Portugal) estão entre as uvas com maior concentração de taninos no mundo. São vinhos fortes com boa estrutura e volume. Precisam ser bem trabalhados para não serem desagradáveis e duros. Pode formar vinhos com grande potencial de envelhecimento e que evoluem muito bem com o carvalho. Seus aromas comuns lembram frutas vermelhas maduras e contato com carvalho proporciona toques de baunilha, coco, chocolate, charuto, café entre outros. Na boca, geralmente apresenta grande volume, com boa estrutura e finais de boca prolongados. Sua melhor companhia são as carnes gordurosas como churrasco e grelhados”, Antônio Barquet, empresário. 

Vale a pena

Bouza, 2014: um vinho intenso com excelente aroma de frutas vermelhas maduras, além de notas de café e alcaçuz. É encorpado, com taninos firmes e ótimo frescor.

Viña Edén, 2015: um vinho encorpado com taninos maduros e doces.  Apresenta bastante intensidade de cor e sabor que se destacam.

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