Vinhos que aquecem

Vinhos que aquecem

A queda das temperaturas é um bom motivo para escolher um belo vinho; o clima sugere bebidas mais encorpadas, capazes de espantar o frio

“Os vinhos tintos são ótima pedida para o inverno”, sugere GleisonA proximidade do inverno faz com que a procura por vinhos tintos cresça bastante. Isso porque a bebida é comumente associada à lareira, ao cobertor e a um cardápio mais pesado. O sommelier Gleison Trevisol, da Mercovino, explica que os tintos, de fato, acabam por esquentar mais o corpo ao ser consumido. Essa sensação acontece graças à combinação de extrato de fruta, taninos e teor alcoólico. “Os vinhos de maior teor alcoólico, mais extrato de fruta e maior concentração de taninos ficam mais macios e agradáveis nessa época do ano, já que seu estilo potente não nos incomoda nessa temperatura”, pontua. 

O vinho tinto deve ser servido a temperaturas mais altas, geralmente entre 16 a 18 graus. De acordo com o especialista, a temperatura de serviço é diretamente relacionada ao teor alcoólico do vinho — o clima mais ameno comporta melhor vinhos mais alcoólicos. “A sugestão é servir, nessas temperaturas, um vinho com boa concentração de fruta e teor alcoólico de 14% ou mais. Geralmente, quem não está tão familiarizado com esse universo assimila a sensação de corpo e estrutura com qualidade, o que também pode contribuir na hora da escolha do rótulo”, apresenta Gleison. 

Outro fato importante sobre o consumo de vinhos no inverno é que, nessa estação, as pessoas tendem a consumir mais calorias para manter a temperatura do corpo. Por isso, receitas com carnes, massas e risotos aparecem com mais frequência no cardápio, acompanhadas de uma taça de vinho tinto. De acordo com o sommelier, os vinhos perfeitos para os dias frios são aqueles com acidez mediana e teor alcoólico mais elevado, que trazem mais corpo e a sensação de aquecimento desejada. “Para uma boa degustação, recomendo um generoso risoto de Parma harmonizado com um vinho da uva Primitivo, como o Cantolio Urceus”, destaca. 

Confraria

“Há 15 anos faço parte da confraria e já degustei inúmeros vinhos. Um dos que mais me chamou atenção nesse período foi o Amarone, produzido no Vêneto, região de Valpolicella, a noroeste da cidade de Verona, na Itália. A bebida é feita apenas com Corvina, Rondinella e Molinara: a primeira dá cor, caráter e maciez; a segunda contribui com a estrutura, e a terceira, com a acidez e um delicado toque amargo. Em estilo, o Amarone é um vinho bem estruturado, complexo, elegante e aveludado com intensa cor de rubi. Tem um bouquet quente, de especiarias, com aromas de uvas e possui alto teor alcóolico, em geral, entre 15% e 16%. Vale ressaltar que a cada reunião da confraria degustamos rótulos e vivenciamos experiências únicas. A cada taça aprendemos mais.” Sérgio Borges Ferreira, médico. 

Vale a pena

Montezovo Amarone, 2012: equilibrado, elegante e cheio de nuances, esse clássico apresenta corpo intenso e personalidade refinada, forte e harmoniosa. Combina muito bem com carnes vermelhas e queijos curados. 

Soprasasso, 2012: aromas frescos, repletos de notas herbáceas e picantes, mas sem perder a presença da doçura que lembra frutas secas. Esse vinho traduz o verdadeiro Amarone, um vinho estruturado e com taninos marcantes. 

Região produtora

A região do Vêneto, localizada ao norte da Itália, é uma das maiores exportadoras de vinhos do país, tendo como ícone a Amarone.

Dica do sommelier

Cantolio Urceus
O tinto da uva Primitivo da região de Manduria (Itália) geralmente tem, no mínimo, 14% de teor alcoólico e muita concentração de fruta, combinando perfeitamente com pratos mais gordurosos. 

Cantolio Urceus
Um tinto da uva Malbec de Mendoza (Argentina), tende a ter mais corpo e mais fruta. É  a indicação ideal para consumidores leigos, pois é mais fácil agradar.

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