Ribeirãopretana faz apresentações na França
A convite do jornalista francês Remy Kolpa Kopoul, Daniela Rezende interpreta clássicos da música brasileira dos anos 1920 no espetáculo K-RIO-K
O Novo Teatro de Montreuil, em Paris, foi palco do musical K-RIO-K. O espetáculo estreou no dia 10 de abril e permaneceu em cartaz por seis noites.
A peça foi idealizada há aproximadamente 30 anos, em 1986, com o intuito de ser uma Revista Musical para contar a história da música brasileira dos anos de 1920, pelo jornalista, radialista e DJ Remy Kolpa Kopoul – referência de muitos artistas e músicos brasileiros em Paris. No entanto, através do financiamento da produtora francesa MC93 Bobigny, o K-RIO-K virou realidade somente neste ano.
Brasileiros no elenco
O Espetáculo, que conta ainda acontecimentos históricos envolvendo o intercâmbio Brasil-França, teve os diálogos escritos pelo francês David Lescot e foi dirigido pelo alemão Lukas Hemleb. No roteiro, atores e cantores interpretavam canções clássicas brasileiras que transitavam entre o Choro, o Samba e a Gafieira.
Muitos artistas brasileiros foram selecionados para comporem o elenco do espetáculo, dentre eles a cantora ribeirãopretana Daniela Rezende.
“Cantei 'Tico-tico no Fubá', com a letra de Aloísio de Oliveira, 'Sarambá', que na realidade é um samba bilingue de J. Thomas e Duque, fruto da experiência dos Oito Batutas, o grupo de Pixinguinha que se apresentou em Paris por seis meses em 1922”, conta Daniela.
A cantora interpretou ainda outra música de Pixinguinha chamada Yaô, Maracangalha de Dorival Caymmi e, ao lado de todo o elenco, cantou Carinhoso de Pixinguinha.
O convite para a participação de Daniela no espetáculo, contudo, aconteceu de maneira inusitada.
Carreira acadêmica
Cantora, compositora e pesquisadora em Musicologia, Daniela Rezende está há pouco mais de quatro anos em Paris para desenvolver a sua tese de doutorado "A Improvisação no Choro: estudo analítico da obra de Pixinguinha de 1917 aos dias atuais" na Université Paris-Sorbonne.
Graduada em música popular pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) em 2002 e mestre pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRIO), em 2010, ano em que defendeu a tese "A voz e o choro: aspectos técnicos vocais e o repertório de choro cantado como ferramenta de estudo no canto popular", em julho e agosto do ano passado retornou ao Brasil para realizar uma pesquisa de campo sobre a improvisação no Choro. Neste período entrevistou dez músicos representantes do gênero e também Halina Grynberg, produtora cultural, psicanalista, escritora e biógrafa.
“A Halina é viúva do clarinetista Paulo Moura. Foi ela quem me contou sobre o trabalho do Remy e fez uma indicação. Nos reunimos em outubro para que ele pudesse me apresentar o projeto musical que ele havia idealizado”, explica a cantora.
No mês seguinte, em novembro do ano passado, a ribeirãopretana conheceu o restante do elenco com quem trabalharia no espetáculo e, após onze dias de ensaio, que começaram em março deste ano, a estreia aconteceu com a casa cheia.
“O Teatro de Montreuil tem 400 lugares e todas as apresentações ficaram lotadas. O ator e cantor David Bursztein, que participou do espetáculo, me contou que é uma raridade lotar o teatro em Paris. Fomos muito bem recebidos”, comemora a cantora.
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O espetáculo
K-RIO-K teve a direção musical assinada pelo gaitista brasiliense Gabriel Grossi. A banda que tocou as músicas durante as apresentações é formada por seis músicos brasileiros e um italiano: Gabriel Grossi (gaita); Gabriele Mirabassi (clarinete); Garbiel Geszti (piano); Gabriel Rosário (bandolim); Dudu Oliveira (flauta); Marcelo Rosário (violão de 7 cordas); Zé Luiz Nascimento (percussão).
Os atores são: Aurelia Arto e David Burztein
Cantoras: Daniela Rezende e Mariana de Moraes (que participa do espetáculo cantando 2 músicas)
Bailarinos: Juliana Sanches (coreógrafa e bailarina), Leticia Pontes Pinto, Liz Janysis, David Bosco, Alex Lima e Thiago Kamacho.
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Fotos: Divulgação
