Sobre trilhos

Sobre trilhos

A FerrLéo Park, se comparada a uma ferrovia real, tem o seu tamanho reduzido em dez vezes

Mineiro de Itamogi, metalúrgico aposentado e ferreomodelista, José Leonel Damasceno Filho, conhecido como “Léo”, construiu a primeira - e ainda única - mini ferrovia brasileira na Praça da Paz, na Lagoinha, em Ribeirão Preto. “O que pretendo é apresentar ao público o funcionamento de uma ferrovia”, explica Léo Damasceno, que há 10 anos realiza o trabalho de resgate cultural da história do transporte ferroviário brasileiro.

A FerrLéo Park, se comparada a uma ferrovia real, tem o seu tamanho reduzido em dez vezes e, embora esteja em funcionamento há uma década e conte com réplicas de um galpão de oficina de manutenção de locomotivas em pleno funcionamento, duas estações ferroviárias (Estação Mogiana e Estação Lagoinha), três pontes (Ponte David Brito, Ponte José Leonel Damasceno, Ponte Antonio Zanotti), cinco pontilhões e dois terminais, seu idealizador conta que somente nos últimos dois anos o trabalho vem sendo reconhecido. “Isso resulta do trabalho realizado durante todos os anos anteriores”, comemora Damasceno.

O terreno onde está instalada a mini ferrovia foi cedido pela prefeitura em 2002 e, ao todo, possui uma dimensão de 800 m por 50 m. Os veículos percorrem toda a extensão da praça.

Origem
José Leonel Damasceno Filho conta que a paixão pelos trens surgiu aos nove anos, época em que andou de trem pela primeira vez. Aos dez anos, Léo começou a construir maquetes com trilhos e locomotivas em casa.

Mais tarde, sempre em busca de novidades sobre o assunto, Damasceno leu uma matéria sobre “Live Steam”, termo também conhecido como “ferrovia de jardim”, muito comum nos Estados Unidos. “Conheci esse tipo de trabalho através de uma revista norte-americana especializada no assunto. Depois disso passei a fazer os meus modelos de solo”, lembra Leonel.

Léo recorda que a revista trazia fotos de pessoas montadas e passeando nas mini locomotivas. “O que, pra eles, era um hobby, tornou-se a minha profissão”, ressalta.

Resgate histórico
Como sempre atuou no ramo da metalurgia, Leonel se dedicava à mini ferrovia durante as noites, depois do horário de trabalho. Em 2011, ao se aposentar, passou a se dedicar em tempo integral à sua paixão e, hoje, fala em profissionalizar suas atividades e manter uma equipe de apoio. “Encaro tudo isso como uma ferrovia operante. Preciso verificar se as pontes estão bem e se a locomotiva está operacional aqui na oficina. Se isso for um brinquedo, então trata-se de um brinquedo muito sério”, afirma Léo.

Conteúdo cultural
A ideia de fazer uma mini ferrovia para contar a história e a cultura ferroviária brasileira, segundo Léo, fez-se necessária devido à falta de conhecimento do público, verificada durante as visitas ao FerrLéo Park. “Quando comecei a construir a ferrovia, muita gente se mostrava leiga no assunto, Por isso, passei a focar nos temas educativos, como a história da ferrovia, ensinando nomes técnicos e tudo mais. Poucos conhecem, por exemplo a origem do nome Trem: Transporte Rápido em Massa”, explica.
Léo Damasceno também é responsável pelo Museu Ferroviário, localizado ao lado da mini ferrovia, na Praça da Paz. “No museu, as pessoas podem conhecer ainda mais sobre ferrovias”, aponta.

Breve história
A história da ferrovia brasileira é dividida em três fases:
- de 1857 a 1971:  fundação;
- de 1971 a 2000: unificação;
- do ano 2000 até a presente data: privatização.

Atualmente, o Brasil possui quatro empresas ferroviárias operantes: Vale, ALL (América Latina Logística), VLI (Valor da Logística Integrada), e MRS Logística. “Ao todo, são mais de 9 mil veículos ferroviários, mais de 800 locomotivas novas e seminovas, uma ferrovia informatizada que cumpre um papel importante na logística do país. Muita gente quer conhecer um trem e dar uma volta, mas não sabe a importância de uma ferrovia para o país, que passa despercebida. Embora muita gente pense que o transporte ferroviário seja um assunto do passado, acredito que é o transporte do futuro”, diz.

Visite a FerrLéo Park
A mini ferrovia está aberta aos domingos, das 8h às 13h, na rua Wlamir de Lima Pupo, Praça da Paz, Lagoinha.
“Operamos com três trens, dois de carga e um de passageiro, que pode curtir uma viagem numa mini locomotiva e colaborar com um valor de cinco reais”, conclui.

Para maiores informações acesse: www.ferrleo.com/index.php

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Texto: Bruno Silva
Fotos: Carolina Alves

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