Problema antigo

Problema antigo

Clima seco na região gera prejuízos para o meio ambiente e para a população

Texto: Laura Oliveira

A região de Ribeirão Preto tem enfrentado um trimestre particularmente difícil no quesito chuvas. No período de maio a julho, a média histórica de precipitações do município é de 98,8 mm. Este ano, entretanto, foi registrado somente 21,1 mm, representando um déficit de 78,8%. Diante do período prolongado de seca, a cidade enfrenta problemas no abastecimento de água, aumento de queimadas e umidade abaixo do nível ideal estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

A engenheira civil e professora da área de hidráulica e saneamento, Aline Branco de Miranda Lázari, explica que a queda no volume de chuva pode comprometer o fornecimento de água. “Nossa fonte, o Aquífero Guarani, depende da chuva para ser recarregado”, aponta. De acordo com a engenheira ambiental Flaviane Rodrigues da Cunha, o planejamento urbano é outro fator que impacta a qualidade e a distribuição da água do Aquífero. “As áreas de recarga do Aquífero devem ser adequadamente planejadas para que haja um volume de infiltração necessário em uma área livre de poluentes”, ressalta.

Por possuir qualidade suficiente para fazer o abastecimento público, desde que passe por um sistema de tratamento completo, o Rio Pardo pode ser uma nova fonte de fornecimento para a cidade, para que, assim, haja uma diminuição na exploração do Aquífero. O Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão Preto (Daerp) entrou com um pedido junto ao Ministério de Desenvolvimento Regional para que fosse elaborado um projeto executivo de uma possível captação da água do rio, no valor de R$ 3,2 milhões. Esse projeto, de acordo com a Prefeitura, poderá ocorrer a partir da próxima década.

Queimadas e qualidade do ar

Foram registrados, nos últimos dias, diversos incêndios na região. Somente na segunda-feira, 16 de agosto, ao menos cinco municípios da região foram atingidos, consumindo canaviais, áreas verdes e imóveis em Morro Agudo, Luís Antônio, Sertãozinho e Ribeirão Preto. Por conta dos focos de incêndio, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) apontou Ribeirão Preto como a cidade com a pior qualidade de ar do Estado. O índice chegou a marcar 96, enquanto o ideal é entre 0 e 46. O resultado negativo foi ocasionado, principalmente, pela presença de fuligem. Esta, que é gerada pela combustão parcial de compostos orgânicos (como metano ou acetileno), foi indicada em uma pesquisa da Advancing Earth and Space Science como o segundo agente que mais contribui para o aquecimento global.

Umidade do ar

A quantidade de água presente no ar tem grande influência na temperatura, no volume de chuvas, na sensação térmica e na saúde da população. Existem múltiplos fatores que influenciam no aumento ou na diminuição dessa umidade, dentre eles, a movimentação das massas de ar, a vegetação e a maritimidade, entre outros. De acordo com a OMS, a diminuição da umidade do ar está diretamente relacionada ao aumento de casos de doenças respiratórias. Na segunda semana de agosto, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um alerta referente a umidade do ar em Ribeirão Preto, a variação estava entra 12% e 20%, o que é considerado prejudicial à saúde, visto que, de acordo com a OMS, o índice deve permanecer em torno de 50 e 60%. Para evitar que o corpo sinta os efeitos do tempo seco, é necessário o consumo constante de água, a alimentação saudável, a umidificação artificial do ambiente, o combate ao ressecamento das vias aéreas, a diminuição da prática de atividades físicas e da exposição solar e a hidratação da pele.

LEGENDAS:

MEIO AMBIENTE 2: Aline destaca que o volume de chuva pode comprometer o fornecimento de água na cidade

MEIO AMBIENTE 3: “As áreas de recarga do Aquífero devem ser adequadamente planejadas”, comenta Flaviane

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