Para se amarrar

Para se amarrar

Revisitando o movimento hippie, o tie-dye volta à cena fashion

Herança direta do movimento hippie, o tie-dye surgiu nos Estados Unidos, na década de 60. Carregando a ideologia de paz, amor e liberdade, o movimento pregava contra o consumismo e alguns de seus seguidores usavam roupas velhas, naturalmente rasgadas, além das peças em tie-dye, que eram feitas de forma livre, geralmente com formas e cores muito vibrantes e psicodélicas. Esse era um jeito de cada um ter sua identidade: fazendo sua própria roupa. Portanto, foi a partir dos hippies, de Janis Joplin, de Woodstock e dos ideais de paz e amor que a arte se proliferou e se configurou da forma que conhecemos hoje.

Porém, a técnica do tie-dye é bem mais antiga e foi tradicionalmente usada por várias culturas no mundo. Sua origem certa não é comprovada, mas sabe-se que ele foi bem desenvolvido na China durante a Dinastia Tang, entre 618 e 906 a.C., e no Japão durante a Dinastia Nara, entre 552 e 794 a.C..  Algumas tribos primitivas da China Ocidental, Sudeste Asiático e América Central faziam o tie-dye antes mesmo de tecer o fio das roupas. Isso resultava em desenhos, fazendo o contraste da linha branca do amarrado com a parte tingida. Esse método ficou conhecido como ikat. No Japão, onde a técnica é conhecida como shibori, os corantes para o tingimento eram extraídos de flores, de frutos, de raízes e de folhas. Os nativos peruanos também usavam da técnica para tingir os tecidos de lã que fabricavam, e a tradição é usada até hoje por tribos africanas.

Hoje, a cor é obtida através de corantes artificiais e as técnicas de produção podem variar. Geralmente, os desenhos são produzidos através de tingimento do tecido, com partes protegidas do contato com o corante. Antes do tingimento, é feito um preparo do tecido para se conseguir os efeitos em degradê, com a ajuda de barbantes, que são enrolados e amarrados fortemente nas partes que não devem ser tingidas. A própria técnica dá nome ao conceito, já que tie-dye significa amarrar e tingir.

É com essa história que atravessou o tempo que o tie-dye ressurge como tendência nesta primavera-verão em diversas modelagens, tanto para o dia quanto para a noite. O efeito de estampas graduais e degradês de poucas ou várias cores já dominou as lojas e as ruas e conquistou muitas adeptas. Ele está presente desde as versões mais simples, em tom sobre tom, principalmente em peças jeans, até criações multicoloridas que têm tudo a ver com a temporada mais quente do ano. As modelagens são as mais variadas possíveis: dos curtíssimos shorts com barras desfiadas até longos vestidos de festa, com menos variações de cores.


Fotos: Julio Sian.
Produção de Moda: Marcela Versiani e Mel Cândido.
Modelo: Nayara Donegá — R. Office Models  — tel.: (16) 3621.7848.
Make up/hair: Cristiano Rozzini e Matheus Eufrázio — L’uminus Cabelo e Estética — tel.: (16) 2102.7457.

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