indicação controversa
O ministro de Relações Exteriores Ernesto Araújo ao lado do deputado Eduardo Bolsonaro

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Possível indicação do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL) ao cargo de embaixador nos EUA trouxe mais uma polêmica, além de críticas ao governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL)

A possibilidade de o presidente Jair Bolsonaro (PSL) indicar o próprio filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL), para o cargo de embaixador nos Estados Unidos desencadeou — mais uma — polêmica envolvendo o governo e a família do presidente. 
A Lei Federal nº 11.440 de 2006 define os critérios para a escolha dos embaixadores, que devem ser, preferencialmente, ministros de primeira ou segunda classe do Itamaraty. Contudo, o parágrafo único do artigo 41 abre uma exceção. Nele está disposto que, excepcionalmente, o cargo poderá ser designado para qualquer brasileiro nato, com mais de 35 anos e que tenha “reconhecido mérito e com relevantes serviços prestados ao país”. 
O professor do curso de Relações Internacionais Matheus Oliveira explica que o embaixador é a maior autoridade diplomática de um país no exterior. Ele é responsável por realizar contatos de alto nível, com atores públicos ou privados. “Pelas características da função, a indicação de Eduardo Bolsonaro é uma decisão, no mínimo, controversa”, declara o especialista. Ademais, o professor avalia que a proximidade com o governo de Donald Trump não é, necessariamente, um fato positivo. Um embaixador deve ser capaz de dialogar não somente com o governo, mas também com membros dos demais poderes e atores relevantes da sociedade civil. Além disso, explica Oliveira, a aparição de Eduardo com um boné apoiando a reeleição de Trump viola uma regra elementar das relações internacionais: a de não envolvimento em assuntos de política interna.
Apoio explícito do deputado ao presidente dos EUA é questionado por especialista

Repercussão

Em Ribeirão Preto, os vereadores ouvidos pela Revide acreditam que a escolha de Eduardo para o cargo, se concretizada, será um erro — inclusive, entre parlamentares assumidamente simpatizantes do atual governo. O vereador Renato Zucoloto (PR) avalia que a indicação, apesar de legal, é equivocada. “Não me parece que deputado reúne as condições necessárias para o desempenho da função”, comenta. Já Rodrigo Simões (PDT) classifica a atitude como “um tiro no pé”. Para ele, o cargo deve ser preenchido por uma diplomata de carreira. “Espero que o Senado tenha o juízo que faltou ao presidente, e delibere, exclusivamente, dentro de um quadro técnico”. O vereador Otoniel Lima (PRB) comenta que conheceu Eduardo Bolsonaro em Brasília e acredita que ele é uma pessoa competente, mas que não estaria apto para ocupar a embaixada. “Deve ser preenchido por um técnico e com especialização em assuntos de interesses internacionais”, disse. 

Texto: Paulo Apolinário

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