CUIDANDO DA SAÚDE
Os primeiros atendimentos da Santa Casa ocorreram em um simples casarão onde os pacientes eram acomodados

CUIDANDO DA SAÚDE

O hospital filantrópico centenário é o primeiro fundado em Ribeirão Preto e carrega um pedaço da história da saúde no município; os primeiros atendimentos da Sociedade Beneficente, como era chamado, o

A Santa Casa de Misericórdia de Ribeirão Preto foi o primeiro hospital fundado no município. A sua história começou a ser escrita por volta de 1896, quando uma ideia trazida de Portugal criou a até então chamada Sociedade Beneficente, instaurada para atender a população carente da cidade e região. Os primeiros atendimentos do hospital – filantrópico e sem fins lucrativos – se iniciaram em um simples casarão, onde os pacientes recebiam acomodações. Mas, em pouco tempo, o local se tornou pequeno. Com o crescimento do município e os pacientes que vinham da região, foi preciso pensar em uma ampliação. A Prefeitura de Ribeirão Preto, então, doou um amplo terreno para a sociedade. Entretanto, o projeto, que contava com diversos aparelhos da medicina moderna e preenchia os requisitos de uma instituição hospitalar, foi construído apenas parcialmente e logo ficou defasado.  

Foi em 1902, com a chegada do Padre Euclides Gomes Carneiro na Provedoria da Sociedade Beneficente, que as soluções começaram a surgir. No período, Carneiro procurou ajuda e conseguiu 30 contos, que foram doados pelo dono da famosa fazenda Monte Alegre, o Rei do Café. Em seguida, o padre trouxe as Irmãs Salesianas – que ficaram até 1938 – para dirigir o local. Em 1910, a entidade foi denominada de Santa Casa de Misericórdia e, logo após, tornou-se um Hospital Escola. O convênio com o Centro Universitário Barão de Mauá, que já existia para Biomedicina, Enfermagem e Fisioterapia, foi estendido para a Medicina. Já no século XXI, a Santa Casa solicitou o Credenciamento de Residência Médica e, hoje, está credenciada em 15 programas, além de especializações. Mensalmente, recebe mais de 600 alunos. 

Em 2019, o hospital recebeu o selo de Acreditado pela ONA (Organização Nacional de Acreditação) por cumprir os requisitos de qualidade e segurança do paciente. Além disso, possui selo de Hospital Amigo da Criança (IHAC) e do Cuidado Amigo da Mulher (CAM), ApiceOn e Rede Cegonha. Atualmente, a Santa Casa, que completa 125 anos de atendimento ininterrupto em 2021, é um hospital que atente média e alta complexidade, possui Centro de Transplante Renal e destina mais de 70% dos atendimentos para os pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). O hospital conta com 254 leitos, 250 médicos credenciados, 200 médicos residentes e especializandos e 1,1 mil funcionários. Possui centro cirúrgico com 11 salas, centro de marcapasso, centro Obstétrico e um Plano de Saúde próprio – a Santa Casa Saúde – com mais de 35 mil beneficiários. 

Tendências da área da saúde  
A área da saúde é um mercado que está constantemente passando por mudanças. Segundo o superintendente da Santa Casa, Dr. Marcelo Di Bonifacio, muitas delas estão relacionadas às necessidades de atender às inovações e aos aportes de tecnologia. “Havia um tempo muito distante onde o paciente precisava enfrentar uma fila para conseguir agendar uma consulta para muito tempo depois. Nossos filhos nem acreditam que isso existiu um dia. Lógico que exagerei, mas, foi proposital, no sentido de destacar a realidade, para evidenciar que hoje uma consulta é agendada por aplicativo no celular e sem sair de casa, ou do trabalho, ou da viagem de lazer. Se quiser, o paciente pode até fazer uma teleconsulta”, comenta.  

Para ele, as tendências estão ligadas às tecnologias nas áreas de diagnóstico e de terapia que, consequentemente, são o futuro da saúde. “Equipamentos modernos, com resultados mais eficientes, mais seguros e mais rápidos são uma tendência que se incorpora ao setor de saúde, uma realidade que as instituições precisam investir e que o usuário cobra como opção para si e para os seus próximos”, explica.  

Além da tecnologia, o superintendente destaca, também, o relacionamento médico\paciente. De acordo com Di Bonifacio, apesar de não fazer parte da prioridade da maioria dos usuários e prestadores, o bom relacionamento e o respeito precisam ser tendência na área da saúde. “Não generalizo, mas, infelizmente não faz parte das prioridades da maioria dos usuários e prestadores. Se a tendência atual é incorporação tecnológica, o bom relacionamento e o respeito entre as pessoas deveriam ser priorizados como fatores de sucesso para o momento”, dialoga. 

O parque de equipamentos do hospital é moderno e tem sido atualizado constantemente por meio de investimentos próprios, públicos e de parceiros conveniados. “Novas reformas e ampliações fazem parte de projetos da Instituição, sempre pensando no conforto, na segurança, na qualidade dos serviços prestados e na dignidade de todos os envolvidos. Sempre destacamos aos nossos colaboradores e prestadores de serviço sobre a importância do ser humano como o principal motivo do nosso trabalho”, finaliza.  

Lições da pandemia 
Como um dos principais pilares da luta contra a Covid-19, a Santa Casa traz muitas lições com a pandemia. Dentre elas, Marcelo Di Bonifacio destaca a impotência diante a uma doença tão grave, a necessidade de trabalho em grupo como forma de potencializar o tratamento, a importância do investimento no profissional da linha de frente, a arte de gerenciar problemas diante uma crise pandêmica e que uma boa gestão depende de muito trabalho e de esforços mútuos de toda engrenagem administrativa. Além disso, o superintende diz que aprendeu, também, que todo profissional precisa de conforto psicológico para sua atuação e da necessidade de capacitação constante como fonte de segurança para tratamento de pacientes graves. “Aprendemos que o SUS é capaz de suportar problemas maiores que os existentes e que, independente de qualquer coisa, a vida é o maior patrimônio de uma pessoa. Vimos a solidariedade de centenas de pessoas, órgãos e empresas, capazes de ajudarem um hospital a superar as dificuldades por meio de doações e ações coletivas”, pontua. 

Para a Santa Casa, o que mais marcou durante essa luta foram os profissionais que trabalham no hospital. “Pessoas que vestiram a camisa da Instituição, que trabalham dia e noite sem parar para poder tratar pessoas graves, cuidar de pessoas que não podiam nem ver seus familiares. São profissionais que não faltaram com seus compromissos, que arriscaram suas vidas para salvar as dos outros. Enfim, nenhuma tecnologia foi mais importante que o calor humano daqueles que estiveram e estão na linha de frente do combate à Covid19”, conclui. 

Compartilhar: