Neusa Bighetti

Neusa Bighetti

Filhas do Coração

Nos primeiros meses de 1986, fui procurada por duas jovens que estavam terminando a faculdade de Jornalismo e pretendiam lançar uma revista no mercado de Ribeirão Preto. Eram sócias, Isabel de Farias e Mônica Marques.

Tinham uns vinte anos ou mais. Mônica falava um pouco menos, já Isabel, natural de Carolina, no Maranhão, nordeste Brasileiro, estava sempre agitada.
Gostei da ideia e, na semana seguinte, fui à primeira de uma série de reuniões para definirmos como seria o formato, o conteúdo, o público, as editorias e o nome. Na república das meninas na avenida Arnaldo Vitaliano, conheci fotógrafos, repórteres, diagramadores e outros profissionais. O nome da revista variava entre dois: Révera ou Revide. Ganhou o segundo. 
Depois de um desses encontros, tive uma conversa com Isabel e perguntei como seria a revista. “Popular, classe A, tipo folhetim publicitário, com conteúdo sério”, ela explicou. Pois bem, partimos para o projeto. 

Vivo na área rural da região e, como moradora da “roça”, convivo com alguns ditados que traduzem a forma como tentei colaborar com o desenvolvimento da Revide. “Boi preto cheira boi preto”, eu disse à Isabel. Teríamos de partir em busca de parcerias que se interessassem pelo projeto — e, que, também, fossem interessantes para a revista.
Buscamos companheiros de jornada, como o cabeleireiro Bruno de Lacerda, que também era proprietário do restaurante Brulhiart, muito frequentado à época. Conversamos sobre o coquetel de lançamento e o Bruno topou na hora! A festa foi um sucesso.

A partir daquele momento, pensamos nos melhores formatos para a Revide prosperar: personalidades, coluna social, notícias importantes. A revista, que começou mensal e em formato de tabloide, passou por diversas transformações: mudou periodicidade teve vários investidores, abriu e conquistou espaço, sempre com grandes equipes e o sócio, Murilo Pinheiro, que adentrou no projeto, enquanto Mônica optou por sair. Também fizemos vários eventos, com destaque para “Os empreendedores de sucesso”, por três anos consecutivos.

As filhas que adotei em 86, Bel e a Revide, ganharam idade, assim como eu, e, há dez anos, não tenho mais contato diário como antes. Cuido dos meus projetos, meu programa de televisão, minha fazenda. Elas também estão alçando voos mais altos. Mas nunca deixaram de ser minhas filhas de coração, que ganhei em 1986. 

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