Na medida do possível

Na medida do possível

Natal de 2020 no varejo tem resultado inferior a 2019, mas com movimentação considerada positiva em ano de crise econômica e pandemia

Texto: Raissa Scheffer


Em um ano de crise econômica mundial, isolamento social e incertezas relacionadas aos riscos da pandemia do novo coronavírus, o Natal do varejo registrou o já esperado desempenho inferior ao de 2019. Por outro lado, a movimentação de consumidores foi avaliada como positiva, tendo vista o cenário desfavorável no acumulado de 2020.

O Centro de Pesquisas do Varejo, do Sindicato do Comércio Varejista de Ribeirão Preto (Sincovarp) e da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), fez uma pesquisa que apurou a expectativa dos lojistas de Ribeirão e região para o fechamento das vendas de fim de ano. “Numa escala em que 1 é totalmente pessimista e 10 totalmente otimista, o índice ficou em 6,8, projetando uma recuperação ‘moderada’ para dezembro”, destaca o presidente do Sincovarp, Paulo César Garcia Lopes. 

A moderação esperada pelos comerciantes para o mês mais movimentado do ano se traduziu, segundo o Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA), da Cielo, em uma queda de 1,8% nas vendas do varejo nacional, físico e virtual. 

Para o economista Edgard Monforte Merlo, professor da Faculdade de Economia e Administração da USP Ribeirão Preto (FEA-RP/USP), os indicadores mostram que o varejo conseguiu, em 2020, resultados na medida do possível para o cenário econômico. “Em geral, o comércio vendeu menos em relação a 2019, mas não foi tão ruim quanto o esperado, tendo em vista o que se apresentou desde o início da pandemia”, ressalta. 

Segundo Edgard, três fatores contribuíram para que o comércio conseguisse algum fôlego nesse final de ano: o auxílio emergencial do governo federal, a demanda reprimida e o próprio comportamento do consumidor. “Após um choque inicial com a pandemia, isolamento social e até fechamento de lojas, os consumidores mostraram essa tendência de voltarem às compras, ao ‘novo normal’, com a retomada do comportamento de consumo. E isso aconteceu em uma época tradicional de aumento nas vendas, que é o Natal”, explica. 

Shoppings

Nos shoppings, as vendas no Natal de 2020 ano caíram 12% em comparação com a mesma data comemorativa do ano anterior, segundo pesquisa da Associação Brasileira de Shoppings Centers (Abrasce), apurada pela Cielo para compor o ICVA.
Segundo a Abrasce, que tem 400 associados em todo o Brasil, entre eles os quatro centros de compras de Ribeirão Preto, mesmo sendo negativo, o resultado mostra a resiliência dos shoppings e das lojas, que chegaram a acumular uma perda de 90% nos primeiros meses de quarentena, mas recuperaram as vendas gradualmente nos meses seguintes.

Melhores resultados

Após um ano complicado para as vendas, o índice de confiança para o primeiro semestre de 2021 está maior, segundo o Sincovarp. “Muito por causa da chegada da vacina contra a Covid-19 e a perspectiva de início da imunização”, afirma Paulo César Garcia Lopes. 

Na projeção do Centro de Pesquisas do Varejo do sindicato, com a mesma escala em que 1 é totalmente pessimista e 10 totalmente otimista, esse índice de confiança ficou em 8,5 para o início deste ano, projetando uma expectativa mais positiva e indicando, inclusive, uma retomada de contratações no varejo, que tiveram uma redução média de 13% ao longo de 2020. “Desde que Ribeirão Preto e região se firmaram na fase amarela do Plano SP, a tendência é positiva para que o varejo consiga se recuperar o mais rápido possível. Com a vacina, a sinalização é de um cenário favorável. Desastre seria um retorno à fase vermelha, a mais restritiva de todas. No que depender de nós, vamos lutar muito para que isso não aconteça e, caso ocorra, vamos dar todo suporte para que os lojistas possam superar as dificuldades. Não podemos nos dispersar”, diz Paulo. 

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