Avanços contra o câncer

Avanços contra o câncer

Substituição de biópsias por exames de sangue está entre as novidades apresentadas durante o 5º Simpósio Internacional do Grupo Oncoclínicas

“Tivemos a presença de 16 palestrantes internacionais”, aponta Aurélio JuliãoCom a participação de renomados especialistas brasileiros e internacionais, o 5º Simpósio Internacional do Grupo Oncoclínicas discutiu importantes avanços em seis áreas da Oncologia. O evento — que aconteceu nos dias 17 e 18 de novembro, no centro de convenções do Grand Hyatt Hotel, em São Paulo — contou com 16 palestrantes internacionais — entre eles, os principais pesquisadores do Dana Farber Cancer Institute, da Harvard Medical School (EUA) — e mais de 200 debatedores do país.

Em dois dias, quase mil especialistas — entre oncologistas, mastologistas, dermatologistas, cirurgiões oncológicos, urologistas, gastroenterologistas e coloproctologistas — tiveram acesso ao que há de mais avançado no tratamento do câncer. Com salas temáticas, o 5º Simpósio foi dividido em seis macrotemas: mama, trato gastrointestinal, geniturinários, tórax, melanoma e hematologia. “Esse formato permitiu dar enfoque a diferentes aspectos da doença, desde o diagnóstico até a terapêutica”, explica Aurélio Julião de Castro Monteiro (CRM: 23.877), diretor clínico do InORP/Grupo Oncoclínicas e presidente do Instituto de Pesquisa Oncoclínicas.

Novas tecnologias e pesquisas também estiveram entre os assuntos de destaque do encontro, que contou com inúmeros debates de casos clínicos. Foram abordados métodos diagnósticos e de tratamento cada vez mais específicos e menos invasivos, capazes de garantir uma melhora significativa na qualidade de vida dos pacientes. Entre eles, vale a pena mencionar a substituição de biópsias por exames de sangue. “Denominado biópsia líquida, o procedimento consegue identificar mutações no DNA de tumores malignos”, antecipa o diretor técnico do laboratório de diagnóstico molecular Idengene, Raphael Parmigiani.

“Biópsia líquida evita a necessidade de repetição do exame tradicional”, observa RaphaelA retirada de parte do tecido do órgão acometido para análise é, atualmente, a técnica padrão para diagnóstico do câncer. O procedimento, no entanto, precisa ser repetido em alguns casos, a fim de identificar alterações tumorais e redirecionar os tratamentos. “A biópsia líquida evita a repetição do exame tradicional. Por meio da análise do sangue, procuramos o DNA da célula tumoral circulando na corrente sanguínea. Isso é muito útil para a troca de medicamentos, que só pode ser feita quando as mutações são conhecidas”, ressalta Raphael, que acredita que, no futuro, o mesmo exame será capaz de analisar a eficácia de quimioterapias e radioterapias para reduzir ou eliminar as neoplasias malignas. 

Em relação aos testes de hereditariedade, o biólogo molecular especializado em Oncologia antecipa que os avanços na área seguem em duas direções: redução de custos e velocidade do diagnóstico. Em função dos avanços tecnológicos, os procedimentos tendem a ficar cada vez mais acessíveis no Brasil, com preços mais próximos aos já praticados no exterior. A tecnologia também já permite diagnósticos em até 15 dias. Segundo Raphael, cerca de 10% a 15% os cânceres estão relacionados a fatores genéticos. 

Prevenção

Pesquisa realizada nos Estados Unidos e no Canadá revela que os exercícios físicos podem ser importantes aliados no combate ao câncer de mama. O estudo provou que mulheres que não se exercitam e que estão com excesso de peso possuem 35% mais chances de reincidência da doença. Os resultados são observados em todas as faixas etárias, conforme apontou a coordenadora do trabalho e pesquisadora do Dana-Farber, Jennifer Ligibel. “Manter o corpo em movimento pode evitar que a doença volte ou pode fazer com que ela nem apareça. O estudo será concluído em 2020 e, até lá, 31 mil mulheres terão sido analisadas”, estima Jennifer. 

Herança genética

O oncologista, sócio da Oncoclínicas e presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), Sérgio Daniel Simon (CRM: 19.865), aponta que a investigação das características hereditárias dos cânceres vai ao encontro da proposta de tornar os tratamentos mais individualizados, conforme o perfil dos pacientes. Neste caminho, entram o desenvolvimento de terapias-alvo dirigidas e o estímulo ao sistema imunológico do paciente para que o próprio corpo lute contra a doença. “As drogas-alvo são mais específicas do que a quimioterapia e, por isso, são mais eficazes. Seu efeito é certeiro e normalmente destrói apenas as células malignas do tumor”, esclarece Sérgio.

Sérgio Daniel Simon

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