Cores para alertar

Cores para alertar

Em janeiro, o verde claro e o roxo marcam as campanhas de prevenção e combate ao câncer de colo do útero e à hanseníase, respectivamente

O primeiro mês do ano abre, também, o calendário de alertas para a saúde. Em janeiro, duas doenças silenciosas, que vitimam milhares de pessoas anualmente, recebem atenção especial: o câncer de colo de útero e a hanseníase. Para isso, o laço de fita que simboliza a prevenção e o controle dos males do corpo ganha novas cores. O verde claro lembra que é preciso manter os exames do colo de útero em dia, enquanto o roxo vem acompanhado de muita informação sobre a hanseníase. 

Também chamado de câncer cervical, o tumor que acomete o colo do útero não apresenta sintomas, dificultando sua detecção. Terceiro mais frequente entre as mulheres, é a quarta causa de morte por câncer entre elas no Brasil. Dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) revelam que a doença fica atrás apenas dos carcinomas de mama e colorretal. A cada ano, mais de 16 mil novos casos são detectados no país. “Em estágio avançado a paciente pode apresentar sangramento fora do período menstrual ou após a relação sexual, secreção anormal e dor abdominal associada a problemas urinários ou intestinais”, ressalta Mariana Batista, médica oncologista do Instituto Oncológico de Ribeirão Preto (InORP).

De acordo com a especialista, diversos aspectos estão relacionados ao aumento do risco de desenvolver a doença, como fatores genéticos, hereditários, comportamentais (consumo de álcool, cigarros e sobrepeso), além da infecção pelo Vírus do Papiloma Humano (HPV), considerado um dos principais causadores do tumor. “A realização periódica do exame Papanicolau, o uso de preservativos e a vacinação contra HPV são essenciais para prevenção e diagnóstico precoce da doença, aumentando as chances de cura”, alerta Mariana Batista. Entre os tratamentos utilizados para este tumor estão cirurgia, radioterapia e quimioterapia. “O tipo de procedimento adotado dependerá do estágio da doença no diagnóstico, além de fatores pessoais, como o desejo de ter filhos”, finaliza Mariana.


Sinais de alerta para o câncer do colo do útero:

• Dor pélvica ou pressão abaixo do umbigo
• Inchaço abdominal e flatulência
• Dores intensas e persistentes na parte inferior das costas
• Sangramento vaginal anormal
• Febre, com duração superior a sete dias
• Dores de estômago ou alterações intestinais
• Perda de peso equivalente a dez quilos ou mais, sem que esteja fazendo dieta
• Anormalidades na vulva e na vagina, como feridas, bolhas ou alteração de cor
• Alterações na mama, como dor, secreção, nódulos, vermelhidão ou inchaço
• Fadiga que pode ser mais frequente nos casos de câncer em estágio avançado



Hanseníase

Para alertar a população sobre a prevenção e os riscos da doença, o Grupo de Autocuidados em Hanseníase do Hospital das Clínicas (HC) realiza, de 23 a 29 de janeiro, o “Janeiro Roxo - Todos contra a hanseníase”. Além do Grupo, composto por profissionais de psicologia, enfermagem, fisioterapia, farmácia, terapia ocupacional, odontologia e serviço social, que prestam assistência a pacientes de hanseníase do Hospital, a ação contará com o apoio da Vigilância Epidemiológica do HC, da Liga de Hanseníase da Escola de Enfermagem da USP e da Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH). 

Nesse período, a divulgação de informações sobre a hanseníase será intensificada em vários pontos do HC e na Praça XV de Novembro. O Brasil ocupa o segundo lugar no ranking mundial da doença, ficando atrás apenas da Índia. Dos 213.899 casos diagnosticados no mundo em 2014, cerca de 30 mil estavam em território brasileiro. Em 2015, o país respondeu por aproximadamente 90% dos casos nas Américas.

Segundo o dermatologista Marco Andrey Cipriani Frade, presidente da SBH, a enfermidade aparece em praticamente todo o país, independentemente do nível de desenvolvimento econômico e de infraestrutura sanitária da região. “Basta promover ações de busca ativa de casos que cidades com altos índices de qualidade de vida passam a apresentar números elevados de prevalência da hanseníase”, alerta Marco.

Segundo ele, uma forma eficaz de combater a hanseníase é manter a população informada sobre sinais e sintomas da doença. “Trata-se de um mal que pode levar até dez anos para se manifestar e que deixa sequelas se não tratado a tempo. Quanto antes o doente procurar o serviço médico, mais chances terá de evitar sequelas”, explica o presidente. 

Também conhecida como lepra, a hanseníase é uma doença infecciosa causada pela bactéria Mycobacterium leprae, que forma manchas esbranquiçadas ou avermelhadas na pele, além de promover a perda ou a diminuição da sensibilidade ou da força para segurar objetos, por exemplo. É a doença infecciosa que mais cega, porém, tem cura e tratamento gratuito, podendo durar entre seis meses e um ano. 


Prevenindo a hanseníase

A Sociedade Brasileira de Hansenologia indica que a melhor forma de prevenir a doença é manter o sistema imunológico eficiente. Ter boa alimentação, praticar atividade física e manter condições aceitáveis de higiene também ajudam, pois, caso haja contato com a bactéria, o organismo irá combatê-la. Outra dica importante é convencer familiares e pessoas próximas a um doente a procurarem uma Unidade Básica de Saúde para uma avaliação.

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