Igualmente importantes
Saiba a diferença entre os imunizantes autorizados no Brasil: todos são eficazes contra o novo coronavírus

Igualmente importantes

Apesar de produzidos por diferentes laboratórios, imunizantes contra a Covid-19 autorizados no Brasil apresentam segurança e são fundamentais para combater a pandemia

Texto: Marissa Mendonça

 

Desde o início da vacinação contra a Covid-19 no Brasil, em 18 de janeiro deste ano, circulam notícias e boatos acerca das reações adversas causadas por diferentes imunizantes. A atriz Fernanda Torres, por exemplo, virou alvo de críticas após ter se recusado a tomar a vacina AstraZeneca, procurando pela Pfizer. Dias depois, com a má repercussão da notícia, a atriz voltou ao posto de vacinação e recebeu o imunizante disponível. Pelas redes sociais, Fernanda Torres afirmou que já contraiu o novo coronavírus, possui histórico de trombose na família e não queria correr riscos, uma vez que foram relatadas raras reações dessa natureza com o imunizante AstraZeneca. “Hoje, em respeito à Fio Cruz, com toda a segurança, tomei a primeira dose da vacina AstraZeneca”, escreveu na postagem, em 14 de junho.

Casos como o da atriz não são raros. Há relatos de brasileiros que se questionam quanto à eficácia e às reações de imunizantes — no Brasil, atualmente estão autorizadas as vacinas CoronaVac (Instituto Butantan), Pfizer, AstraZeneca (Oxford/Fiocruz), Janssen (Johnson & Johnson) e Sputnik V. Cada uma delas possui índices de eficácia aceitáveis, contudo, são produzidas em laboratórios diferentes e a partir de princípios também distintos.

 

Sistema imunológico

A CoronaVac, por exemplo, é composta pelo vírus em sua forma completa, sendo atenuado ou inativado. Quando em contato com o organismo humano, ele gera uma resposta imunológica. Já a Pfizer não utiliza o vírus, mas uma molécula conhecida como RNA mensageiro, responsável por levar a “mensagem” para as outras células do corpo, fazendo o papel de um “manual de instruções” e contendo todas as informações genéticas do vírus. AstraZeneca, Janssen e Sputnik V possuem o vírus vivo, chamado de adenovírus e presente em chimpanzés. Inofensivo, o vírus não pode se replicar e o organismo, ao identificar esse corpo estranho, projeta a carga máxima contra o intruso, o que explica o alto índice de reações adversas, como febre, calafrios e dores no corpo após o recebimento da vacina.

Segundo a infectologista Karen Morejón, a vacina AstraZeneca, que tem sido alvo de críticas pelos efeitos colaterais, possui boas taxas de eficácia após a segunda dose e é normal que haja reações adversas, como acontece com qualquer outro imunizante. “Todas as vacinas têm potencial para ocasionar algum evento adverso. Quando ocorrem, são efeitos leves e de curta duração, melhorando em horas ou dentro de poucos dias. No entanto, eles não devem ser impeditivos, pois o benefício suplanta esses possíveis desconfortos”, pontua.

Mesmo sabendo que os eventos adversos podem acontecer, a Fiocruz, produtora nacional da AstraZeneca, reforça constantemente a farmacovigilância, acompanhando e gerenciando os riscos a fim de agregar dados sobre a maior segurança da vacina. Ao mesmo tempo, mais de 200 milhões de pessoas já receberam o adenovírus, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), comprovando a eficácia que possui em neutralizar a variante P.1 do novo coronavírus, mesmo diante as reações.

 

Eficácia

Por mais que vacinas sejam o meio mais eficaz de prevenir doenças infectocontagiosas, os imunizantes não são 100% eficazes — seja contra a Covid-19 ou qualquer doença de transmissível — o que significa que ainda é possível ser infectado.

O resultado positivo da imunização é que, o paciente devidamente vacinado em contato com o vírus reage com menos gravidade, facilitando a cura e reduzindo a necessidade de internação ou propagação. “Dessa forma, é importante que as pessoas, mesmo vacinadas, mantenham os cuidados básicos de higiene, como o uso de máscaras, álcool em gel e o distanciamento social. Quanto mais pessoas vacinadas, maiores as chances de atingirmos proteção coletiva, também conhecida como imunidade de rebanho”, conclui Karen.

 

Atualização

Até o fechamento desta reportagem, no Estado de São Paulo foram aplicadas 22.697.083 doses dos imunizantes contra a Covid-19. São 16.654.703 pessoas que receberam a primeira dose e 6.042.380, a segunda. As cinco primeiras cidades no ranking de vacinação paulista são: Botucatu (80,89%), Serrana (74,89%), Turmalina (66,98%), Flora Rica (63,92%) e Uru (63,14%). No mesmo ranking, Ribeirão Preto ocupa o 422º lugar, com 236.676 doses aplicadas em uma população de 771.825 pessoas, sendo uma porcentagem de 33,25%.

 

DIFERENÇAS ENTRE AS VACINAS APLICADAS ATUALMENTE NO BRASIL

CORONAVAC

(Instituto Butantan)

• vírus inativado

• duas doses

• eficácia global: até 62,3% se o intervalo entre as doses for igual ou superior a 21 dias

• 14 a 28 dias de intervalo após a primeira dose

• 12,5 mil voluntários no ensaio clínico brasileiro

PFIZER

• RNA mensageiro

• duas doses

• eficácia: 95% após a segunda dose

• até 12 semanas de intervalo após a primeira dose

• 2 mil voluntários no ensaio clínico brasileiro

OXFORD/ASTRAZENECA

(Fundação Oswaldo Cruz)

• vetor viral

• duas doses

• eficácia: 76% após a primeira dose e 81% após a segunda

• 12 semanas de intervalo após a primeira dose

• 10 mil voluntários no ensaio clínico brasileiro

JANSSEN

• vetor viral

• dose única

• eficácia: 66,9% para casos leves e moderados e 76,7% contra casos graves 14 dias após aplicação

• 7,5 mil voluntários no estudo brasileiro

 

 

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