Mês de cor amarela

Mês de cor amarela

Movimento que trabalha a prevenção ao suicídio, o Setembro Amarelo, ganha espaço, também, no ambiente corporativo

Setembro é o mês de cor amarela, de consciência sobre os cuidados com a saúde mental. Setembro é o mês de ter um olhar mais profundo e relembrar a importância de quem está próximo de nós, seja o amigo, o irmão, o filho, o pai ou a mãe, por exemplo. Apesar de ser temida por algumas pessoas, a palavra e o ato do “suicídio” é algo que precisa ser discutido, em especial, nesse período da pandemia da Covid-19. Essa preocupação tem sido uma constante, não só no círculo social próximo, mas também nos ambientes corporativos. 

Atentas ao cenário atual, algumas empresas de Ribeirão Preto criaram iniciativas para zelar pelo bem-estar dos colaboradores. Uma delas é a empresa tecnológica Smarapd. “Esse cuidado se tornou uma prioridade nas agendas de trabalho. No ano passado, começamos a compartilhar dicas sobre o cuidado com a saúde mental. Fizemos alguns bate-papos com psicólogas parceiras, que têm ajudado os colaboradores a buscarem recursos para seguir em frente, ressignificando os desafios, as adversidades e a dor”, comenta Sheila Lima, coordenadora dos Recursos Humanos (RH) da empresa.

No Brasil, em 2020, 53% dos brasileiros relataram uma piora no aspecto emocional desde o início da pandemia, segundo os dados da pesquisa feita pelo Instituto Ipsos. Esse número mostra o quanto o movimento Setembro Amarelo – criado em 2015 para colaborar com prevenção ao suicídio com debates e conscientização da população sobre o combate à depressão e aos transtornos mentais – se tornou ainda mais essencial.

Cuidar da saúde mental dos colaboradores, com espaços de descanso e apoio psicológico, tem sido um diferencial no ambiente corporativo

Isso porque a pandemia trouxe muitos medos, inseguranças e perdas: de liberdade, de bens materiais e de pessoas queridas. Para Luciano Lemes, especialista em carreiras executivas e negócios, as pessoas não conseguem separar o lado pessoal do profissional, e isso pode refletir na produtividade no local de trabalho. “É uma lenda dizer que quando você entra em uma empresa tem que deixar o pessoal de lado e focar no trabalho. Não somos robôs, somos feitos de sentimentos. Então, a empresa que se atenta a isso, e trabalha isso com os funcionários, consegue ter um funcionário que trabalha mais feliz e motivado, já que ele se sente compreendido, trazendo uma sensação de pertencimento. Essa é uma das necessidades básicas do ser humano”, explica.

Como o trabalhador passa a maior parte do dia dentro do ambiente de trabalho, a empresa que tem esse cuidado com a questão emocional está à frente de outras que não possuem esse modelo de gestão. “Elas conseguem fazer com que o funcionário esteja mais presente e não com a cabeça nos problemas. Dessa forma, ele consegue focar no que está fazendo. Existe um mito que funcionário bom é aquele que faz hora extra, que vai fim de semana na empresa, mas na verdade não. Funcionário bom, na minha opinião, é aquele funcionário que consegue ser produtivo e consegue entregar o que precisa entregar dentro do horário de trabalho dele”, conclui Lemes.

Sheila Lima / Luciano Lemes / Karoline Rodrigues Siqueira

Responsabilidade coletiva

De acordo com um relatório realizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), por ano, cerca de 13 mil pessoas tiram a própria vida no país. As iniciativas de combate ao suicídio são de responsabilidade coletiva. Ter a ciência de que podemos impactar o outro, seja de forma direta ou indireta, pode salvar uma vida. Nas empresas, esse alcance é potencializado. “Por se relacionarem com muitos grupos e se dedicarem a oferecer algo ao mundo – um serviço, um produto, um ensinamento – o impacto de qualquer ação realizada por empresas atinge e influencia muito mais pessoas. Automaticamente, elas passam a ter ainda mais responsabilidade de representar bons valores sociais e agir para buscar alguma mudança”, comenta a psicóloga, especialista em terapia familiar e de casal, Karoline Rodrigues Siqueira.

Uma outra pesquisa, desta vez feita pela Kenoby, empresa de recrutamento e seleção, mostrou que entre os meses de fevereiro e março deste ano, 93% dos 500 profissionais entrevistados acreditam que as organizações não dão a atenção necessária para os colaboradores da companhia. Também foi revelado que 67% das empresas relatam afastamento por problemas emocionais, mas que 62% delas não oferecem benefícios para manter a saúde emocional dos funcionários. “A pandemia tornou isso gritante: empresas que não investem em saúde mental estão perdendo seus colaboradores e passando a ser menos valorizadas. Ninguém quer permanecer em um trabalho que adoece, pois, a vida em si já traz inúmeras dificuldades. O trabalho não precisa ser mais um peso”, continua Karoline. 

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