O bom efeito colateral

O bom efeito colateral

Vacinação contra a Covid-19 começa a apresentar resultados positivos e média de mortes pela doença cai no país; preocupação em Ribeirão Preto, contudo, é falta de adesão à segunda dose

O avanço da vacinação tem explicado significativas reduções nas mortes e nas internações por Covid-19 em todo o país. Ainda assim, os cuidados para evitar a circulação do novo coronavírus — como uso de máscara e distanciamento — não devem ser esquecidos. Além disso, para melhores e constantes resultados, a vacinação deve atingir a maior parcela da população.

Depois de seis meses consecutivos registrando média de mais de 1.000 vítimas diárias de Covid-19, o Brasil contabilizou, na segunda-feira, 2 de agosto, o terceiro dia seguido com a média móvel de sete dias abaixo desse patamar, segundo o painel de dados Monitora Covid-19, mantido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).  Em Ribeirão Preto, na terça-feira, 3, foram registrados mais 12 óbitos e 327 novos casos de Covid-19 em 24 horas. Segundo o boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria Municipal da Saúde, desde o início da pandemia, Ribeirão Preto acumula 101.362 casos da doença e 2.712 mortes. 

Apesar da queda das últimas semanas, o patamar da média móvel de mortes ainda supera a maior parte do ano passado. Enquanto em 2021, houve mais de seis meses consecutivos com mais de mil vítimas diárias, em 2020, o indicador ficou acima desse nível entre 4 e 10 de junho, entre 19 e 29 de junho e entre 3 de julho e 7 de agosto. Também foram registradas mais de mil vítimas em 10, 11 e 22 de agosto, segundo o painel de dados da Fiocruz.

A média móvel de mortes é calculada somando as mortes confirmadas em 24 horas com as que foram registradas nos seis dias anteriores. O resultado é dividido por sete. Esse dado é observado pelos pesquisadores para avaliar a tendência de evolução da pandemia.

Em queda desde a segunda quinzena de junho, a média móvel de mortes no Brasil chegou a menos de 1.000 (988,86) em 31 de julho e manteve esse patamar em 1° de agosto (987,14) e 2 de agosto (960,14). Essa foi a primeira vez que a média ficou abaixo de 1.000 desde 23 de janeiro deste ano, quando atingiu 1.021,29 vítimas. Daquela data até o fim de julho, o país viveu o período mais letal da pandemia, com picos em que a média móvel superou 3 mil mortes diárias.
Vacinação

Pesquisadores da Fiocruz apontam o avanço da vacinação como a explicação para a redução nas mortes e internações por Covid-19. “A diferença entre a curva de novos casos e a curva de óbitos é mais um indício da nova fase da pandemia no Brasil, em que há intensa circulação do vírus, mas com menor impacto sobre as demandas de internação e sobre o número de mortes”, ressaltam os cientistas.

Até o fechamento desta edição, Ribeirão Preto havia aplicado 565.704 doses da vacina contra Covid-19, sendo que 166.582 pessoas concluíram o processo de imunização recebendo a segunda dose ou única do imunizante, segundo a plataforma do Vacinômetro, disponibilizada pelo Governo do Estado de São Paulo.    
A ocupação de leitos de UTI exclusivos para Covid-19 em Ribeirão, na quarta-feira, 4, era de 73,55%, levando em conta todos os hospitais da cidade. Já a ocupação de leitos de enfermaria chegava a 57,74%. Na rede pública, 75,56% dos leitos de UTI estavam ocupados. 

“A eficácia da vacina se torna maior, melhor e mais duradoura com a segunda dose", ressalta Sandro Scarpelini

Baixa adesão
Há, contudo, preocupação para a saúde do município: a baixa adesão para a segunda dose do imunizante. Em nota, a Secretaria Municipal da Saúde de Ribeirão Preto anunciou baixo índice de agendamento para a segunda dose da Astrazeneca, principalmente nos grupos prioritários que se vacinaram entre 13 e 18 de maio. 

Foram disponibilizadas 14.439 doses para serem aplicadas em pessoas com comorbidades de 55 a 59 anos, deficientes com BPC de 55 a 59 anos, pessoas com Síndrome de Down e transplantados com 18 anos ou mais. Contudo, até o momento, foram realizados pouco mais de 5 mil agendamentos. “A primeira dose vai provocar um estímulo da resposta do nosso sistema imune. Quando você toma a primeira dose, ela já provoca que o nosso sistema de defesa comece a produzir os anticorpos. Mas uma dose não é suficiente e precisa de um reforço, que fará com que a produção de anticorpos seja melhor ainda e nos deixe imunes por mais tempo. A eficácia da vacina se torna maior, melhor e mais duradoura com a segunda dose”, ressalta o secretário da Saúde, Sandro Scarpelini. 

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