Saúde na sociedade

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Estudos da Faculdade de Medicina da USP avaliam as condições de nascimento e de saúde na vida adulta

Marco Antonio é um dos idealizadores e coordenadores da pesquisaQuinta etapa dos estudos que observam pessoas nascidas entre 1978 e 1979 e terceira fase da pesquisa dedicada aos nascidos em 1994 buscam indivíduos naturais de Ribeirão Preto, com ênfase nos participantes de fases anteriores das pesquisas. As coortes — nome desse tipo de trabalho, que observa grupos de pessoas nascidas na mesma época e compõem a mesma população — foram idealizadas e colocadas em prática pela equipe do Departamento de Puericultura e Pediatria da Faculdade de Medicina da USP (FMRP), coordenado pelos médicos professores da Faculdade, Marco Antonio Barbieri, Heloisa Bettiol, Viviane Cunha Cardoso e Ricardo Cavalli.

 Com o tema “Determinantes ao longo do ciclo vital da obesidade, precursores de doenças crônicas, capital humano e saúde mental - Uma contribuição das coortes de nascimento brasileiras para o SUS”, o trabalho envolve, além de ribeirãopretanos, pessoas nascidas em São Luís (MA) e em Pelotas (RS). O estudo atual avalia questões relacionadas à saúde das pessoas avaliadas ao nascer agora, na vida adulta, levando em conta que muitos dos problemas que afetam a fase atual têm origem nos primeiros anos de vida e também durante a gestação. A coleta de dados, que começou em 2015, terminará em agosto de 2017. 

Na pesquisa, estão envolvidos 12 profissionais, entre médicos e professores das áreas de Pediatria, Clínica Médica, Psiquiatria e Ginecologia e Obstetrícia, que coordenam a equipe de campo com cerca de 30 estudiosos, entre “Esperamos chegar a 3.500 participantes”, estima Ricardopsicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas, médicos, educador físico, terapeuta ocupacional, técnicos de laboratório, técnicos de radiologia, recrutadores, recepcionistas, secretárias e especialistas em informática. Mesmo aqueles que só foram avaliados ao nascer estão sendo convidados a participar desta etapa. 

Os indivíduos da coorte mais velha têm entre 36 e 38 anos e os da coorte mais nova, de 22 a 24 anos. “Esperamos chegar a 2.500 participantes da coorte mais velha e 1.000 da coorte mais nova”, estimam os pesquisadores. As chamadas doenças crônicas não transmissíveis do adulto, como as cardiovasculares (que inclui a pressão alta), asma, alguns tipos de cânceres, obesidade, diabetes tipo 2, dislipidemias, depressão e outros transtornos mentais podem ter início em fases bem precoces da vida.

Na fase atual do estudo, a equipe pretende avaliar como a exposição a condições precoces — do nascimento — e de outras fases da vida — escolar, final da adolescência para os meninos, idade adulta jovem — pode afetar a saúde de adultos na terceira e na quarta décadas de vida. “Por exemplo, pretendemos verificar se o tamanho ao nascer, o tipo de parto, alguns hábitos e condições de saúde da mãe durante a gestação e do próprio indivíduo no momento atual se associam, com maior ou menor chance, ao excesso de peso, à quantidade de gordura corporal aumentada, à pressão alta alterada, entre outros problemas que podem sugerir maior risco de doença cardiovascular, depressão e outros transtornos mentais menores”, elenca Cavalli.

Nos testes, quantidade de ar que entra e sai dos pulmões e força muscular foram averiguadosPor meio de questionário, o estudo atualiza dados socioeconômicos e demográficos dos participantes, investiga aspectos relacionados à saúde e a transtornos mentais menores, analisa a alimentação atual, entre outros fatores. Os voluntários passam, ainda, por uma bateria de exames que inclui avaliação de pressão arterial, coleta de sangue, uso de equipamentos que medem massas gorda e magra e total de água corporal, densitometria óssea, avaliação das funções dos vasos sanguíneos e dos pulmões. No período dos exames, é fornecido um lanche ao participante, que não precisa estar em jejum.

Entre os dados preliminares, foi possível perceber que, no caso dos indivíduos avaliados aos 22-24 anos e agora, houve aumento de peso, em média. As análises anteriores dessas coortes mostraram associações do tamanho ao nascer e do tipo de parto com algumas doenças crônicas; também já há indícios de que crianças que nascem com peso baixo para a idade gestacional, quando adultas, tendem a ser mais pesadas do que aquelas que nascem com peso adequado. Foi observado, também, que os nascidos por meio de cesariana apresentaram mais excesso de peso, tanto na idade escolar quanto na idade adulta jovem. Os interessados em participar da pesquisa podem entrar em contato pelos tels.: (16) 3315.3306 e 99339.6487, pelo www.facebook.com/coortesrp/ ou pelo site.

Exames realizados

O BodPod - Pletismografia mede a porcentagem de massas magra e gorda no corpo.
Uma espécie de scanner, o Dexa avalia a composição óssea do corpo do indivíduo.
A Espirometria verifica a quantidade de ar que entra e sai do pulmão.
Dinamômetro verifica a força muscular no braço.

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