“Ganhei uma vida nova”

“Ganhei uma vida nova”

Sabemos que as filas para qualquer tipo de transplante são muito grandes. Por isso, precisamos de mais conscientização

Em primeiro lugar, eu gostaria de dizer que uma pessoa com problema de insuficiência renal não tem um bicho-papão como muita gente imagina. O meu tratamento foi muito tranquilo. Eu fiz hemodiálise por dez meses e, logo depois, já fiz o transplante, pois estava na fila e com meus exames em dia. Era só aparecer um rim compatível.

O processo de hemodiálise é dolorido. Esperei durante 15 anos para realizá-lo, pois foi quando descobri que tinha cistos renais, um problema hereditário herdado do meu pai. Eu sabia que uma hora esse momento chegaria. E chegou, mas foi tranquilo, ocorreu tudo bem, embora, como já disse, tenha sido um processo muito dolorido. Porém, tive a sorte de aparecer logo um rim compatível, fazer o transplante e ter dado tudo certo durante o procedimento.

Tive que descobrir um novo mundo, me adaptar à situação. Fazia hemodiálise durante quatro horas e três vezes por semana, porém continuei trabalhando e tentando levar minha vida normal, mas me sentia muito mal depois do tratamento. Eu dormia, acordava bem no outro dia, com o sangue limpo e ia trabalhar. Então, a maior dificuldade, talvez, tenha sido essa, de enfrentar a pós-diálise. Depois disso, enfrentar os problemas pelos quais eu passei pós-transplante, que são normais, também foram difíceis, mas superei tudo isso. Agora, já faz um ano e dois meses que eu ganhei uma vida nova.

Depois do transplante

Depois de ter conseguido o transplante, a maior sensação foi a de gratidão. Gratidão, em primeiro lugar, pela família da pessoa que doou, pela própria doadora, que deve ter deixado em vida que gostaria de doar os órgãos, e gratidão pela vida, de poder ter mais qualidade para poder viver mais, de forma tranquila, e para poder viajar, que é uma das coisas que eu mais gosto de fazer. Isso foi o principal. Além disso, a união da família foi fundamental. Um ajudando o outro. Tudo isso vem à tona. Os amigos, as pessoas que te dão força nesse momento. Foi muito gratificante. Tudo isso me ajudou muito.
 

Prevenção

A prevenção é muito importante e acho que é pouco divulgada. Em primeiro lugar, as pessoas deveriam ir ao nefrologista e pedir para fazer um exame sobre a situação de seu rim. Hoje em dia, com a alimentação, as condições climáticas, e tudo o que vivemos nessa vida moderna, há perigos que atingem nossa saúde.

É muito importante as pessoas fazerem exames periódicos. O meu caso foi hereditário, mas aconselho a todos a terem muita preocupação com o que se come, também, cultivando o hábito de uma alimentação mais natural.

Doação de órgãos 

Acho que as pessoas estão despertando um pouco mais para a importância de doar os rins, ou qualquer outro órgão, mas ainda é muito pouco. Sabemos que as filas para qualquer tipo de transplante são muito grandes, há quem fique anos esperando sem conseguir um rim compatível. Por isso, precisamos de mais conscientização.

Todo mundo vai virar pó, então, por que não deixar os órgãos para outra pessoa viver mais e ter mais qualidade de vida? É uma doação que precisa ser levada a sério por todas as pessoas, pelos órgãos competentes e pelo governo. Por enquanto, não há outra forma de salvar vidas. Enquanto isso, acho que as pessoas deveriam abrir mais a cabeça”.

A jornalista Mariangela Gumerato sofreu com o problema de insuficiência renal, passou pelo tratamento de hemodiálise, conseguiu um rim compatível e realizou o transplante. Em 14 de março foi celebrado o Dia Mundial do Rim.

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