Emissões de CNH caem pela metade e bicicleta é opção

Emissões de CNH caem pela metade e bicicleta é opção

Diminuição no uso de automóveis pode gerar R$ 30 bilhões ao ano para o Brasil

A advogada Paula Sousa vai todos os dias ao trabalho de bicicleta. Ela abandonou o carro por considerar cruel o tráfego de veículos em Ribeirão Preto, principalmente na volta para casa, no período da tarde.

Paula faz parte do representativo grupo de brasileiros que têm procurado formas alternativas ao automóvel para se locomover. De acordo com a Associação Nacional dos Detrans (AND), entre 2013 e 2015 caiu em 53% a quantidade de emissões de novas habilitações no País.



“É um método que eu me sinto bem, é um método que acho mais econômico e acho se houvesse mais bicicletas no mundo, o mundo seria melhor com menos carros”, explica a advogada, que tenta escapar dos mais de 500 mil veículos que compõem a frota ribeirãopretana, segundo do Departamento Nacional de Trânsito, em uma média de 1,3 veículo por habitante.

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A arquiteta e urbanista Letícia Musembani, que é especialista em gestão de cidades e planejamento urbano, acredita que esse movimento representa uma nova maneira de se pensar a mobilidade pela população, embora ela ainda considere que a perspectiva esteja engatinhando.

“Por mais que a mobilidade esteja ligada a nós desde os primórdios por meio do deslocamento a pé, apenas nos últimos 10 anos é que o assunto passou a ser discutido com certa constância. Precisamos entender que o problema de falta de mobilidade vai além de algo físico que afeta nosso dia a dia, se trata de algo sociocultural”, comenta Letícia.

Educação e transporte coletivo

A arquiteta aponta que as pessoas começam a optar por modos de transporte coletivos a partir do momento em que outro meio de se locomover passa a ser mais atrativo. “É por isso que se fala tanto em eficiência do transporte público coletivo", pois se não for eficiente, não será atrativo e assim cada vez mais as pessoas passarão a utilizar automóveis e motocicletas como meio de transporte, o que agrava os problemas de mobilidade.

Por isso que ela defende que o poder público deva oferecer alternativas, tanto com relação ao transporte coletivo, quanto outras opções de deslocamento, como as ciclovias e ciclofaixas. “É importante entender que os jovens de hoje são os adultos de amanhã e a educação é o único caminho possível de reverter este processo”, conclui.

De acordo com um estudo da empresa de consultoria do Reino Unido Cambridge Econometrics, a projeção é que o Brasil possa diminuir a demanda de combustíveis de origem fóssil, como veículos movidos a eletricidade, biocombustíveis e implemento do transporte coletivo meios alternativos, como a bicicleta, e permitir uma economia de R$ 30,4 bilhões por ano até 2030.
 

Foto: Leonardo Santos e Arquivo Revide

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