Greve dos caminhoneiros começa com baixa adesão em todo país

Greve dos caminhoneiros começa com baixa adesão em todo país

Apesar das reivindicações ao governo federal, em São Paulo, um grupo protestou contra o governador João Doria (PSDB)

A greve dos caminhoneiros com início previsto para esta segunda-feira, 1º, em todo o país, apresentou baixa adesão em rodovias estaduais e federais. 

No Estado de São Paulo, motoristas bloquearam um trecho da Rodovia Castello Branco, próximo ao município de Barueri, tanto no sentido interior quanto Capital.

De acordo com nota divulgada pelo Ministério da Infraestrutura e a Polícia Rodoviária Federal (PRF), às 11h desta segunda-feira, há apenas um ponto de bloqueio parcial na BR-304, próximo à Mossoró no Rio Grande do Norte.

"Ação se desenvolve de forma pacífica. Todas as outras rodovias federais, concedidas ou sob gestão do DNIT, encontram-se com o livre fluxo de veículos, não havendo nenhum ponto de retenção total ou parcial", informou.

A PRF afirmou que já está no local em processo de desobstrução com a retirada de pneus deixados na rodovia. Nas rodovias federais no Estado de São Paulo o fluxo de veículos segue sem interrupções.

A greve 

A greve foi convocada pelo Conselho Nacional de Transportes Rodoviários de Cargas (CNTRC), Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte e Logística (CNTT) e pela Associação Nacional de Transporte do Brasil (ANTB), além da participação de sindicatos e motoristas autônomos.

Dentre as principais pautas da categoria está a política de reajuste do diesel efetuada pela Petrobrás, bem como, a Política de Preço de Paridade de Importação, que vincula o preço do combustível nas refinarias ao Dólar. No dia 27 de janeiro passou a valer o novo aumento de 4,4% no preço do diesel. Além disso, os caminhoneiros exigem uma aposentadoria especial e piso mínimo para o frete. 

Ainda no dia 27, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez um apelo aos caminhoneiros para que não façam greve. "Reconhecemos o valor dos caminhoneiros para a economia do Brasil. Apelamos para eles que não façam greve porque todos nós vamos perder, todos, sem exceção. Agora, a solução não é fácil, estamos buscando uma maneira de não ter mais este reajuste", disse, após reunião no Ministério da Economia.

De acordo com o presidente, está em estudo a diminuição do Programa de Integração Social (PIS ) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), impostos federais que incidem sobre os combustíveis. O impacto da renúncia aos cofres da União, segundo ele, é de R$ 800 milhões por cada centavo reduzido. Para Bolsonaro, é importante que os governadores também reduzam o ICMS, imposto estadual. Porém, sindicatos e associações entendem que a redução nos impostos pode ser superada, em breve, por uma eventual alta nos impostos.

Como não houve uma resposta do governo até o limite estipulado – no domingo, 31 – entidades convocaram a greve.  Contudo, apesar das pautas federais, o grupo que protestou na Rodovia Castello Branco, em Barueri, ergueu faixas contra o governador João Doria (PSDB).

Os manifestantes exigiam a flexibilização da Fase Vermelha do Plano São Paulo, a reabertura do comércio e uma redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

Racha

Apesar do anúncio de greve, algumas entidades e sindicatos não aderiram ao movimento. Entre elas, a Confederação Nacional do Transporte (CNT), a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) e a Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Autônomos (Abrava).

Em nota assinada pelo presidente da CNT, Vander Costa, a entidade declarou que não apoiará qualquer tipo de paralisação. "[A CNT] vem a público informar que não apoia nenhum tipo de paralisação de caminhoneiros e reafirma o compromisso do setor transportador com a sociedade. Se houver algum movimento dessa natureza, as transportadoras garantem o abastecimento do país, desde que seja garantida a segurança nas rodovias", declarou Costa.

Em nota, a CNTA também rechaçou cruzar os braços. "A CNTA entende que apesar das dificuldades dos caminhoneiros, este não é o momento ideal para uma paralisação, principalmente, em virtude da delicada realidade que o País está passando. A entidade acredita que o atual cenário é propício para o fortalecimento do trabalho do caminhoneiro e a sua contribuição para o enfrentamento da pandemia", pontuou. 

A CNTA também destacou que o momento da pandemia que o país enfrenta é delicado. Por fim, ressaltou o "relacionamento" positivo com o governo federal.

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Foto: Polícia Rodoviária Federal

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