Agrishow: oportunidade para pequenos produtores
Em visita ao estande da Faesp, o governador Tarcísio de Freitas reiterou a importância da feira, entre Tirso e Eduardo Ferraro

Agrishow: oportunidade para pequenos produtores

Por Tirso Meirelles, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do estado de São Paulo (Faesp)

A maior feira do setor agropecuário das Américas, a Agrishow, é um espaço perfeito para apresentar, em especial aos pequenos e médios produtores, as mais recentes inovações tecnológicas que irão fazer parte do dia a dia do campo. Segundo relatório da PriceWaterhouseCoopers Brasil (PwC), divulgado há poucos dias, 78% das lideranças do agro planejam investir na integração de Inteligência Artificial (IA) com plataformas tecnológicas nos próximos 12 meses. Essa, lamentavelmente, é uma realidade que não está acessível a todos, mas é importante mostrar as novidades e fomentar startups para a construção de alternativas.


A Inteligência Artificial, quando aplicada de forma acessível e adequada, pode auxiliar os pequenos produtores na tomada de decisões com base em dados precisos, reduzindo incertezas históricas relacionadas ao clima, mercado e gestão. Por meio de sensores, drones, softwares de análise preditiva e plataformas integradas, é possível interpretar informações em tempo real sobre o solo, o clima e o estado das culturas. Isso permite que o agricultor planeje com mais eficiência suas atividades, economizando recursos e maximizando os resultados, mesmo em áreas com infraestrutura limitada.


A adoção dessas tecnologias, no entanto, esbarra em diversos desafios. A maioria dos pequenos produtores não possui capacitação técnica para operar ferramentas digitais mais avançadas. Além disso, muitos estão em regiões com acesso precário à internet e a dispositivos modernos, o que limita a conectividade e, consequentemente, o uso pleno da IA. Em São Paulo temos conversado com o governador Tarcísio de Freitas para que haja conectividade em todo o estado, não apenas nas sedes das propriedades. Outro obstáculo relevante é o custo inicial de aquisição e manutenção dessas tecnologias, que pode ser elevado para quem trabalha com margens de lucro reduzidas.


Capacitar o homem do campo tem sido uma tarefa permanente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-SP), seja por meio de seus cursos de formação profissional, nas escolas técnicas ou mesmo na construção de centros de excelência. No caso das novas tecnologias, o Centro de Formação Profissional Dr Celso Charuri, em São Roque, já em construção, servirá como ponto de convergência na busca por tornar acessível o que há de mais moderno em técnicas de plantio e manejo das culturas, com Big Data e o estímulo a construção de startups que tenham foco nessa aproximação.


O desenvolvimento de soluções tecnológicas adaptadas à realidade do pequeno agricultor é essencial. Não se trata apenas de levar ao campo as mesmas tecnologias utilizadas em grandes propriedades, mas de criar ferramentas sob medida, com interfaces simples, linguagem acessível e funcionalidades relevantes para sistemas produtivos diversificados e de menor escala. Startups do agronegócio, conhecidas como agtechs, têm papel central nesse processo de personalização da inovação.

 

Levar novas tecnologias como a Inteligência Artificial aos pequenos produtores rurais não é apenas uma questão de inovação, mas de justiça social, econômica e ambiental. É necessário superar as barreiras estruturais e culturais que ainda limitam o acesso dos agricultores a essas ferramentas, construindo um modelo de desenvolvimento rural baseado na equidade digital. O futuro do agro brasileiro passa, inevitavelmente, pela inclusão tecnológica no campo.

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