Transições pacíficas geram desenvolvimento
Maurílio Biagi Filho comenta sobre mudanças de mandato em associações de Ribeirão Preto
A palavra transição vem do termo latino “trânsitio”, que significa transferência. Tem como um dos sinônimos mais utilizados a palavra passagem. Não sou estudioso de etimologia, mas recorro a ela quando preciso explicar didaticamente uma ideia que quero transmitir, me inspirando em um orador que sempre admirei, que é o professor Antonio Vicente Golfeto. Digo isso porque, nos meses de março e abril, participei de duas posses de novas diretorias de entidades de classe tradicionais de Ribeirão Preto: a Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto (Aeaarp), que tem 75 anos de fundação, e a Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp), fundada há 118 anos, que me fizeram observar a importância de uma transição pacífica para o desenvolvimento da sociedade.
No caso da Acirp, participei mais ativamente de todo o processo. Em seus seis excelentes anos de mandato à frente da entidade, Dorival Balbino, hoje ex-presidente, ficou marcado por uma gestão democrática, descentralizada, compartilhada com toda a diretoria, principalmente com a vice-presidente, Sandra Brandani Picinato, sempre ouvindo a todos. Nesse período, formou uma equipe extremamente competente, desenvolveu projetos relevantes e se mostrou totalmente desapegado ao cargo, pensando sempre no coletivo. Sandra, que foi aclamada no dia 3 de abril e empossada no último dia 18, será a primeira mulher a assumir essa função depois de uma transição harmoniosa e séria.
Na Aeaarp, a mudança de diretoria também ocorreu da mesma forma na transferência dos cargos da presidência, que saiu das mãos de Giulio Roberto Azevedo Prado, após seis anos de mandato, para Fernando Paolinelli Junqueira, que vai dar sequências aos projetos iniciados, além de propor outros. Quando a maturidade e os interesses coletivos falam mais alto, esses fechamentos de ciclos são naturais, para abrir espaço para o início de outro que terá novos desafios e conquistas pela frente. É como em uma corrida de bastão, em que um corredor faz uma parte do percurso e, depois, entrega para o próximo atleta, torcendo para ele se sair ainda melhor. Quanto melhor for o desempenho do próximo, melhor o resultado para todos. E foi esse clima que percebi nessas duas oportunidades. Sei de outras associações e sindicatos ribeirãopretanos que também seguiram essa linha, o que me deixa extremamente satisfeito e esperançoso.
Isso me fez lembrar de uma parte de um discurso que fiz por ocasião do lançamento do livro em homenagem ao senhor Amin Antônio Calil, feito com tanto carinho pelo escritor José Manoel Lourenço e que marcou, no dia 4 de abril, a inauguração da revitalização do auditório do Salão Nobre da Acirp, construído por ele e que leva seu nome. Disse, na ocasião, que este grande líder empresarial, que tanto fez por Ribeirão Preto, se estivesse vivo, com certeza, estaria muito feliz. Não só em receber a homenagem e o reconheci mento por seu trabalho, mas em saber que, assim como ele, que deixou a Acirp em ótimas mãos, já que seu sucessor foi o querido Geraldo Meira Silva, a associação seguiu seu exemplo e seu ex- -presidente, Dorival, também passou o bastão de forma tranquila para sua competente sucessora. “Quando a maturidade e os interesses coletivos falam mais alto, esses fechamentos de ciclos são naturais”, ressalta o empresário.
Maurilio Biagi Filho em seu discurso em homenagem a Amin Antônio Calil
Pessoas como Amin Calil honram a nossa história, nos enchem de orgulho, principalmente em um período que, com raras exceções, estamos tão carentes de bons líderes em todas as esferas. E temos a honra de ter essas várias exceções à frente de nossas entidades e da nossa cidade nesse momento. Aliás, finalizo esse artigo fazendo uma referência a nosso prefeito Antonio Duarte Nogueira Jr., que, depois de assumir a cidade em seu primeiro mandato, em situação calamitosa, conseguiu colocar ordem na casa, com seu trabalho sério e de excelência. Foi reconhecido por isso e a população o reconduziu ao comando do município por mais quatro anos. Mesmo sendo uma passagem dele para ele mesmo, os desafios foram outros e Nogueira também soube conduzir essa transição de maneira inteligente e serena. Pena que a legislação não permita que ele fique mais. Que Deus consinta que seus sucessores assim continuem, amém!
Foto: Fábrica de Retratos