Baleia Rossi é citado em investigação de merenda escolar

Baleia Rossi é citado em investigação de merenda escolar

Vice-presidente da Coaf aponta do deputado federal como recebedor de propina; parlamentar nega envolvimento no esquema

O deputado federal e presidente estadual do PMDB Baleia Rossi, foi apontado por investigados na Operação Alba Branca como recebedor de propinas do esquema de merendas em contratos assinados pela Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf) nas prefeituras de Campinas e Ribeirão Preto.

A informação está no jornal O Estado de S. Paulo desta sexta-feira, 22. O esquema foi descoberto pela Polícia Civil e Ministério Público na terça-feira, 19, em Bebedouro. Seis pessoas chegaram a ser presas, mas foram liberadas após prestarem depoimentos e fazerem acordo com o Ministério Público. A operação investiga fraudes em 22 cidades.

De acordo com a reportagem do jornal, o vice-presidente da Coaf, Carlos Alberto Santana da Silva, o Cal, afirmou ter ouvido do presidente da entidade, Cássio Chebabi, e de vendedores da cooperativa "que em relação às vendas para as prefeituras de Campinas e Ribeirão Preto, valores eram repassados ao deputado Baleia Rossi". "Sendo que os valores eram pagos por Cássio Chebabi."

O vice-presidente da Coaf afirmou à Polícia Civil e ao Ministério Público que, em Ribeirão Preto, um assessor do deputado, cujo nome não se recorda, era o contato da cooperativa. Ligado ao PMDB de Bebedouro (SP), Cássio Chebabi era o responsável pelas visitas à cidade que é base política de Baleia Rossi.

Também um dos vendedores da Coaf teria uma suposta entrega, sem sucesso, de um pacote com R$ 200 mil para Baleia Rossi. Segundo Adriano Gilbertoni Mauro, em setembro de 2014 ele veio a Ribeirão Preto acompanhar o presidente da Coaf. A pedido de Baleia Rossi, o dinheiro, no entanto, deveria ser entregue a um candidato a deputado estadual, de Bebedouro, o que acabou não ocorrendo.

Medidas judiciais

Em nota, o deputado nega as acusações e promete medidas judiciais contra quem o denuncia. Veja a íntegra da nota.

"Em relação à notícia publicada no jornal O Estado de SP no dia de hoje, 22 de janeiro, o deputado federal Baleia Rossi, PMDB - SP, esclarece:
1) Repudio com veemência o conteúdo da notícia baseada em declaração de pessoa com quem não tenho qualquer relação.
2) As afirmações contidas são inteiramente falsas, absurdas e sem qualquer fundamento. Tão fantasiosas que até o denunciante afirma que não houve entrega de nenhum recurso.
3) Não interferi, recomendei, pedi ou gestionei em defesa de qualquer empresa fornecedora nas citadas prefeituras ou quaisquer outras.
4) Determinei que meus advogados verifiquem as medidas judiciais cabíveis contra quem tenha feito essas alegações mentirosas".

Brecha na lei

O secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, Alexandre de Moraes, em entrevista coletiva, disse que a fraude ocorria em função de brechas em uma legislação federal de incentivo à agricultura familiar, que permitiu para forjar contratações e superfaturar preços de alimentos.

Com base na lei federal 11.947/2009, que estabelece apenas chamada pública para concorrências, representantes da Coaf abriram outras duas firmas para simular a disputa e elevar os valores de verduras, legumes, frutas e sucos, disse o secretário.

De acordo com a Polícia Civil, a entidade foi beneficiada em licitações, com a ajuda de servidores municipais, que recebiam propina equivalente a até 25% do valor dos contratos. "Uma brecha legal pode ser utilizada de uma forma errônea e com isso gerar corrupção em merenda escolar", disse.

Foto: Arquivo Revide

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