Em ação ligada à Lava Jato, PF cumpre mandados de prisão em dois estados

Em ação ligada à Lava Jato, PF cumpre mandados de prisão em dois estados

Ex-presidente da Eletronuclear, que cumpre prisão domiciliar, é um dos alvos do trabalho realizado no Rio de Janeiro e em Porto Alegre

A Polícia Federal (PF) cumpre na manhã desta quarta-feira, 6, dez mandados de prisão, busca e apreensão e condução coercitiva no Rio de Janeiro e em Porto Alegre. Nove mandados são cumpridos no Rio de janeiro. A ação da PF tem relação com a Operação Lava Jato e investiga irregularidades na Eletronuclear.

Os mandados foram expedidos pela Justiça do Rio após o caso ter sido desmembrado por decisão do STF (Supremo Tribunal Federal). Está prevista uma entrevista à imprensa, às 10h30, na Superintendência da Polícia Federal na capital Fluminense, para explicar os detalhes da operação.

O ex-presidente da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro é o alvo da ação. Ele cumpre prisão domiciliar e é réu em processo na 7ª Vara Federal Criminal, no Rio. Ele foi já foi detido em sua casa, na Barra da Tijuca, Zona Oeste, por agentes da PF.

Além dele, seis funcionários da empresa, que integravam o núcleo operacional das fraudes, tiveram a prisão preventiva decretada e o atual diretor foi afastado por ordem judicial.

A ação, baseada em material de delação premiada da Andrade Gutierrez, investiga desvios no setor elétrico e é um desdobramento da Operação Lava Jato. A Eletronuclear foi responsável pelas obras da usina de Angra 3. São investigados os crimes de corrupção, peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro.

A PF chamou de Operação Pripyat. O nome se refere à cidade ucraniana que se tornou uma espécie de "cidade fantasma" após o acidente nuclear em Chernobyl.

Delação

Em junho, o ex-presidente da Andrade Gutierrez Rogério Nora de Sá afirmou à Justiça Federal, no Rio, que Pinheiro, durante sua gestão à frente da presidência da Eletronuclear, pediu "contribuição política" para o PT e para o PMDB e "contribuição científica". Segundo Nora, que é um dos 11 delatores da empreiteira na Operação Lava Jato, Pinheiro pediu 1% para seus "projetos futuros".

O ex-presidente da Eletronuclear, subsidiária da Eletrobras, é acusado de ter recebido propina de ao menos R$ 4,5 milhões da Andrade Gutierrez e da Engevix sobre contratos de obras da Usina de Angra 3. Othon Luiz teria recebido os valores por meio de empresas intermediárias, segundo o Ministério Público Federal. O almirante é acusado de corrupção passiva, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, obstrução da justiça e organização criminosa.


Foto: Rovena Rosa/ABr

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